Capítulo Quarenta e Quatro

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O médico havia passado pela manhã no quarto de Maria Chávez, que se recuperava de sua operação. Para ele, ela estava finalmente pronta para ir pra casa e ainda naquele dia, assinaria sua alta, depois de realizar alguns exames padrão. Christian que se revezava com uma tia para cuidar da avó, ficou radiante ao saber da notícia. Ele tinha passado a noite no hospital e se preparava para sair para almoçar, quando sua vó acordou após um cochilo breve e disse:

— Fique mais um pouco... eu gostaria de conversar com você. – ela tocou o braço dele, que estava de pé ao lado do leito hospitalar. — O doutor Ford me disse que você foi meu doador.

— É. Eu era compatível.

Maria olhou de um lado para o outro, sem saber por onde começar.

— Estou envergonhada, não sei o que dizer.

— Não precisa dizer nada. Eu não realizei a doação pra receber algo em troca.

Christian sabia que sua avó era uma mulher orgulhosa, que havia trabalhado duro sua vida inteira para garantir o sustento e a dignidade de sua família. De alguma forma, a história de vida dela se misturava a de muitas outras mulheres. Não era fácil pra ela admitir um erro.

— Eu quero falar mesmo assim. – disse Maria, sentindo um nó se formar em sua garganta. — Eu não sei se um dia vou conseguir entender porque você é como é, mi hijo.

— Não é uma escolha, vó! – explodiu Christian. — E "gay" não é um palavrão! Pode falar das coisas como elas são!

Um momento de silêncio pesado passou, antes de Maria respirar fundo e dizer:

— Eu não prometo que vai ser fácil, filho. Ou que vai ser do dia pra noite... mas eu vou ser melhor com você. Você pode não dar os bisnetos que sua abuela sonhou, mas você é e sempre vai ser meu menino de ouro.

— Abuela, eu...

Lágrimas turvavam a visão de Christian. Mal podia acreditar nas palavras de sua avó.

— Shhhh. Dê um abraço na sua abuela que nasceu de novo com a força do seu amor.

Os dois ficaram abraçados por um bom tempo, emocionados demais pra falar qual coisa. Christian não sabia dizer quem chorava mais, ele ou sua abuela.

— Você sabe que eu posso adotar uma criança, né? – ele falou quando finalmente se separaram.

Ela assentiu.

— Vamos falar sobre isso hoje, assim que receber alta e puder preparar um jantar pra você e o seu... o seu...

— Namorado, abuelita. – ele respondeu rindo.

— Seu namorado! Pode convida-lo pra jantar, certo?

Emocionado, Christian voltou a abraçar a avó. Era um sonho finalmente ter aceitação da pessoa que mais amava. Agora ele se sentia pronto para finalmente dar um passo além em seu relacionamento com Miguel e pedi-lo em casamento. Ele sabia exatamente quando e como faria isso.

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