Capítulo Quarenta e Cinco

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Alfonso encarou o chão por um momento, respirando fundo, tentando conter as batidas de seu coração. Ele a via diante de si, mas era como se houvesse um oceano de distância entre eles.

Um filho.

O filho que Anahí esperava era dele.

— Por quanto tempo pretendia esconder isso de mim? Quando ía me contar? – ele explodiu. — Quando estivesse casada e meu filho tivesse o sobrenome de outro homem?

A empresária desviou o olhar. Tudo estava errado. Não era pra ele saber assim, não era pra ele ter ido atrás dela em Las Vegas. Balançando a cabeça, ela disse:

— Sei que cometi um erro, ok? Eu sei. Eu estava tomando coragem pra te contar... não foi fácil, não está sendo fácil...

— Não é fácil por culpa do seu egoísmo! – rebateu Alfonso, apontando com o indicador, sua indignação brilhando em seus olhos. — Nesse tempo todo, você não pensou em como seria pra mim!

— Tem razão. – Anahí engoliu em seco. — Eu te devo um pedido de desculpas e vou entender se quiser se eximir da responsabilidade. Paul já concordou em assumir essa criança.

Ele não estava ouvindo aquilo. Com as mãos no bolso, Alfonso andou de um lado para o outro, o olhar perdido nas paredes frias do beco.

— Eu não tô acreditando nisso! Você acha mesmo que eu vou deixar outro homem assumir o meu papel? – disse irado. — Por mais que eu esteja extremamente puto com você nesse momento, eu não vou fugir da minha responsabilidade. Annie, ter um filho é meu maior sonho... ninguém vai tirar isso de mim!

Ela deu dois passos na direção dele, tentando aproxima-los com aquele gesto, mas seu esforço foi em vão, pois Alfonso se afastou de seu alcance. Negando com a cabeça, ela rebateu:

— Eu não pretendia fazer isso...

— Vamos esclarecer uma coisa, eu vou parar de ficar atrás de você. De hoje em diante, não vou mais te perseguir. Eu quero que nosso filho ou filha cresça sabendo que os pais tem uma boa relação. – pausou, tragando uma profunda respiração. — Devemos, no mínimo, isso a essa criança, está de acordo?

Ela sabia que ele tinha razão. A criança que crescia cada vez mais em seu ventre devia ser sua maior prioridade. Ainda assim, doía saber que aquele seria seu único vínculo com Alfonso. Ele seria o pai de seu filho e nada mais.

— Sim...

Os dois se encararam por um momento que durou anos, antes que ele quebrasse o encanto, dizendo:

— Não tenho mais o que fazer aqui... boa sorte no casamento.

— Você estará lá? – Anahí questionou, sem saber exatamente o que dizer, percebendo assim que as palavras deixaram sua boca que tinha cometido um erro.

Soltando uma risada baixa e grave, Alfonso a e encarou com frieza. Estava cansado e olhar pra ela machucava mais do que ele podia imaginar.  Quem dizia que quanto maior a escalada, maior a queda, tinha razão.

— Aceitar o que você está fazendo com a sua vida em respeito a você ser a mãe do meu filho é uma coisa, aplaudir os erros da mulher que eu amo, é outra.

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