Capítulo Oito

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Na agência, no dia seguinte ao de seu encontro com Alfonso, Maite foi direto para a sala de Anahí que ficava no segundo andar do grande sobrado de arquitetura espanhola, após chegar. Quando chegou lá, a amiga estava com a cabeça sobre a mesa e um grande copo de café expresso ao seu lado. Assim que ouviu a porta bater com força e anunciar a chegada de alguém, Anahí levantou a cabeça e fez o sinal de silêncio com o dedo indicador. Ela estava horrível.

— Ressaca? – Maite perguntou. — Te pegou de jeito dessa vez, né?

— Fala baixo, porra! – ela jogou uma revista na amiga, que desviou a tempo. — Eu devo ter tomado algumas tequilas além do que devia no meio da semana! Mas a carne é fraca e isso aqui... – ela apontou com o queixo para o copo enorme de café ao seu lado. — É o milagre que eu preciso! Pode começar.

Maite franziu o cenho.

— Começar o quê?

— O discurso!

— Como sabe que vim aqui pra isso?

— Mai, você só sai do salão quando quer gritar comigo por alguma coisa. Só te poupei de fazer uma entrada triunfal. Desembucha de uma vez!

— Ok. – Maite respirou fundo. — Vou te dar uma única chance de explicar que loucura foi aquela de aparecer no meu encontro junto com o Miguel. Que tipo de sabotagem foi essa, Annie?

Anahí colocou as pernas por cima da mesa, em uma clara postura de desinteresse e inclinou-se na cadeira giratória, espreguiçando-se e se ajeitando novamente.

— Eu só estava me certificando de que aquele desclassificado ia andar na linha e também tomando uns drinks com meu melhor amigo! O Joe's é um barzinho bem legal, amiga... devia ir lá mais vezes!

— Você estava enganada sobre Poncho! – Maite rebateu, encarando a amiga. — Ele é um cara sensível, franco e genuinamente... legal. Ele não é o canalha que você pintou!

— Como quiser, Mai Mai! – Anahí disse antes de colocar os óculos de grau que usava para a leitura e ligar o monitor do computador.

Maite continou parada na frente da mesa da amiga e sócia. Ela esperava que Anahí tentasse convencê-la mais um pouco, mas a amiga só demonstrava desinteresse ou aquela cena era apenas fruto da ressaca homérica que ela estava exibindo.

— Sabe o problema com você?

— Não! – Anahí respondeu prontamente, massageando as têmporas com as pontas dos dedo, respirando fundo. — Mas eu sinto que você vai me contar mesmo assim.

— O problema é que você projeta! – Maite disse.

— Perdão?

— É isso mesmo! Você projeta, projeta e projeta! Anahí, você é a rainha da projeção! – a cara de Anahí foi cômica diante da acusação da amiga. — Nem todos os caras são como Derrick! O que ele fez foi errado, mas isso é porque ele não tem caráter! Isso não quer dizer que Alfonso seja igual!

— Homens como Alfonso e... como Derrick, vem em moldes. São farinha do mesmo saco! – Anahí explicou calmamente, como se estivesse falando com uma criança birrenta. — Então, me perdoe se eu quis tomar conta da minha melhor amiga. Eu entendi o recado. Não vai se repetir.

Dito aquilo, Anahí levantou-se de sua mesa, carregando uma grande pasta com informações dos fornecedores. Ela passou reto por Maite que a encarava boquiaberta.

— Annie... – ela chamou e a Anahí girou nos calcanhares para encara-la. — Annie.. não foi isso que eu quis dizer.

— Mas disse. – ela deu de ombros. — Passe o orçamento do baile de inverno para que Miguel analise e diga a ele que nao apareça na minha frente sem os desenhos pra nova coleção de noivas Outono/Inverno da #BFF, precisamos renovar nosso mostruário e vitrines.

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