─ Então, é aqui que pego minhas coisas? ─ ao entrar na sala de materiais.
─ Sim, tudo que pegar de materiais consumíveis, deve ser anotado neste livro grande aqui. ─ ele pega o livro e o sacode para eu ver.
─ Ok.
─ Você sempre anda com o seu carrinho para transportar o lixo, vassoura, pá, e os sacos plásticos. Você só varre e cata o lixo, mas se ver o chão sujo e precisar lavar, você desce aqui e pega o material para efetuar a limpeza, anota tudo não esquece, inclusive de anotar diariamente os pacotes de sacos, sempre que pegar novos. Se não usar todo o produto, deixe o resto no seu carrinho, precisou use-o até acabar.
─ Pode deixar Severino. ─ peguei o meu carrinho, que estava escrito Felipe e sai da sala em direção ao corredor.
─ Oi meu jovem. ─ disse um senhor de idade bem avançada, de macacão cinza e boné, que vinha descendo as escadas. Ele tem um cinto cheio de ferramentas e a sua roupa estava cheia de graxa.
─ Oi, o senhor que é o João? ─ parei o carrinho e estiquei a mão direita.
─ Sim, mas não posso apertar a sua mão, estou todo cheio de graxa. ─ ele mostra as duas mãos sujas. ─ Olha o elevador dá para usar normalmente agora, mas se tiver medo pode colocar o carrinho para subir nele e você pode ir de escadas.
─ É isso que vou fazer, boa ideia! ─ coloquei o carrinho, e acionei o botão do quarto andar.
─ Não tenha tanta pressa, caso ele desça, é só pedir o elevador lá no andar que ele sobe de novo. ─ ele disse ao me ver correndo para subir as escadas.
─ Tem razão. ─ parei com o meu velho sorriso no rosto e fiz o sinal de joia para ele. Depois ele virou-se e seguiu andando.
─ Seu João, o senhor tem que dar um jeito nesse elevador homem! ─ o Severino gesticula muito com as mãos e depois segura no macacão dele.
─ Severino, eu já fiz o orçamento e deixei com a chefe, mas ela disse que sem dinheiro não pode fazer nada agora. Acabamos de entrar no inverno, só vamos ter hospedes circulando por aqui no verão você sabe. ─ ele disse balançando o dedo indicador na direção dele.
─ Pois é, eu adoro o verão daqui, fica lotado de mulher gostosa! ─ com um sorriso sacana, ele vem vindo com outro carrinho de limpeza em direção ao elevador.
─ Severino só mais uma coisa, ao subir agora para descer o elevador eu vi uma falha no cabo de aço. ─ nesse momento o cearense fez uma careta horrível. ─ isso deve reduzir o limite de peso para no máximo pouco menos de 300 kilos por vez, acima disso haverá um risco muito grande do cabo se partir. Então eu vou aconselhar a dona Julha a fazer alguns papéis, informando que por segurança só podem utilizar o elevador duas pessoas no máximo por vez. ─ João vai seguindo para a sala da chefe.
─ Faça isso sim, depois a gente conversa.
Fomos direto para o quarto andar e iniciamos a varredura, enquanto varríamos eu de um lado e o Severino do outro, ele me contava sobre as curiosidades do andar. Este andar possui alguns quartos passando por reparos e há material de construção guardado no quarto 401, sacos de cimento, azulejos, areia e etc... este quarto fica sempre aberto.
Havia nesse andar apenas quatro quartos com moradores permanentes, sendo todos eles de pessoas com mais de quarenta anos, ou seja, o cearense me disse que eles eram muito chatos e reclamavam de tudo, cada um com suas manias e esquisitices particulares, inclusive dois destes moradores o Severino disse morrer de medo, a do quarto 403 que é uma bruxa e a do quarto 404 que é macumbeira.
─ Bruxa? Bruxa de verdade?! ─ perguntei eufórico, enquanto íamos colocando os dois carrinhos no elevador, fiquei bem curioso.
─ Bom dia Severino. ─ a senhora do 403, sai com dois sacos de lixo nas mãos.
─ Está vendo o porque eu tenho medo, foi só falar do diabo que apareceu o rabo! ─ cochichou comigo enquanto foi buscar os sacos dela. ─ Bom dia dona Sonia. ─ pegou os sacos e foi colocar no carrinho.
─ Hei rapaz, você é o novo funcionário não é? ─ perguntou para mim.
─ Sim, meu nome é Marcos, prazer em conhecê-la. ─ fui até ela e apertei a sua mão.
─ Hó meu Deus! ─ de repente enquanto apertávamos as mãos ela parece que entrou em uma espécie de transe, começou a suar frio, isso durou uns vinte segundos e foi muito estranho, ficava olhando fixamente para mim, mas era como se olha-se através do meu corpo, com aqueles olhos bem arregalados como se estivesse sonhando acordada, virando a cabeça de um lado para o outro lentamente, com caretas horríveis e não soltava a minha mão, ao contrário, a segurava bem firme.
─ O que houve dona Sonia?! Você não parece bem! ─ o Severino veio e me ajudou a leva-la para dentro de casa, sentamos ela na cama.
─ Obrigado meus filhos, mas não foi nada é que meu remédio para a pressão acabou, meu marido saiu cedo para comprar. Ele já deve estar chegando inclusive. ─ ela já estava recuperada, apenas permaneceu com a mão direita massageando o peito.
─ A senhora tem certeza de que está bem? ─ perguntei preocupado.
─Sim, estou bem. ─ ela me puxou pelo braço e cochichou no meu ouvido. ─ Você tem um coração muito grande, a vida aqui na Terra não lhe sorriu em momento algum, mas lembre-se disso meu filho, grandes guerreiros aqui na Terra precisam ser testados, só as grandes dificuldades despertam a sua força interior, fazendo deles maiores do que todos os outros e você está prestes a ter a maior de todas as provações de sua vida... prepare-se! ─ enquanto eu me afastava, ela ficou me olhando fixamente dentro dos meus olhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Terror nas Montanhas do Itatiaia - COMPLETO
HorrorUm homem aceita uma vaga para trabalhar como auxiliar de limpeza em um hotel de turismo no interior do Rio de Janeiro. Tudo corre bem, até que uma neblina misteriosa cobre toda a montanha e coisas sinistras começam a acontecer...