28 - CADA CABEÇA, PENSA DE UM JEITO

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     ─ Onde ele está Julha? Estou chegando no refeitório, mas não o vejo. ─ perguntei falando baixo no radio.

     ─ A ultima vez que o vimos, ele entrou na cozinha. ─ diz ela, enquanto Almir empurra a passagem sozinho.

     Nos juntamos novamente.

     ─ O palhaço quase me matou a pouco, por sorte... eu não sei explicar, mas sinto a presença dessas coisas e isso os impedem de se aproximar de mim sem serem notados!

     ─ Como ele quase te matou? Por que não fugiu? ─ Almir, fechando a passagem secreta.

     ─ Ele fez uma armadilha cara, ficou dentro do elevador esperando um de nós passar. Se eu não tivesse a capacidade de sentir a presença dele, provavelmente estaria morto! Nós lutamos e eu consegui arrancar a cabeça dele, a chutei dentro do elevador e a mandei para o quarto andar.

     ─ Assim que salvarmos o Severino vamos atrás dele, é a nossa chance de agarrar esse maldito e prende-lo, onde nunca mais possa sair! ─ Almir gostou muito de saber que o palhaço está vulnerável agora, só não sabemos por quanto tempo.

     ─ Existem dois corredores para a cozinha,este da esquerda e o da direita. ─ diz a Julha, enquanto caminhávamos lentamente para não sermos surpreendidos.

     ─ Eu já entendi, eu vou pelo da direita e vocês dois pelo da esquerda, mantenham o radio próximo a boca e me informem assim que o encontrarem.

     Passamos pela enorme bancada cheia de bandejas, eles dois pela esquerda e eu pela direita. Só tinha um problema, o meu corredor estava escuro, pronto o meu cu ficou nas mãos! Tive que pegar o celular, o qual já está ficando sem bateria e usando-o como lanterna, a bateria vai embora mais rápido ainda. Eu iluminava com a mão esquerda, enquanto a direita estava ao alto segurando o cutelo voador, pronto para decepar qualquer coisa que se movesse, mas toda a minha coragem estava depositada na minha capacidade de sentir a presença destes monstros, então isso me fez cometer um grave erro! Cheguei na porta da cozinha, e atrás o corredor continuava, pois passava por trás dela, talvez lá esteja o frigorifico. Abri a porta, e estava tudo escuro...

     ─ Marcos, chegamos no frigorifico. Mas as coisas não estão nada boas! ─ Julha e Almir notam que alem da porta está trancada, o açougueiro envergou uma barra de ferro na maçaneta da porta.

     Ele envergou de tal maneira que deu algumas voltas. Almir tentou retira-la, mas muito mal a moveu um pouco.

     ─ Como assim?! Não me diga que o Severino... ─ estava observando o interior da cozinha, aparentemente tudo limpo lá.

     ─ Não, pelo ao menos ainda não! Ele trancou a porta e envergou uma barra de ferro na maçaneta! Nem o Almir consegue retira-la!

     ─ Viram algum sinal dele? Ouviram alguma... ─ quando me virei para a porta e já ia saindo, o maldito açougueiro estava parado me olhando, nossa! Quase me mijei nas calças! ─ Gente, ele me cercou na cozinha, ele vai me matar! ─ falei no radio, e fui recuando lentamente, sem fazer movimentos bruscos.

     ─ Eu con-ser-to! ─ o modo dele falar, se não fosse tão medonho, seria cômico. Ele disse isso batendo o dedo indicador de sua mão direita no peito, por varias vezes.

     ─ Ele disse que ele conserta! O que ele pode estar querendo dizer?! ─ tentei sair pela porta do outro corredor, mas estava fechada.

     ─ Eu acho que ele adquiri os hábitos ou habilidades do dono da cabeça que usa. O porco gosta de lixo, não é? Ele fuçava lixo com a cabeça de porco. Agora está usando a cabeça do senhor João, ele consertava coisas, quase qualquer coisa! ─ diz a Julha, enquanto observa o Almir pegando uma outra barra de ferro bem grossa.

     ─ Marcos, infelizmente terei de avariar a porta do frigorifico, não há outra maneira de salvar o Severino! Mantenha o açougueiro ocupado, mas fica em segurança, se ele sumir daí nos avise.

     ─ QUEM ESTÁ AÍ?! ─ Severino fala lá de dentro, ele está batendo os dentes, a temperatura caiu assustadoramente rápido, ele está se abraçando, para tentar enganar o frio.

     ─ Nossa essas paredes são grossas mesmo, mau dá para ouvi-lo gritar! ─ Almir diz enquanto enverga a barra de ferro, torcendo a maçaneta que começa a soltar os parafusos, um por um.

     ─ Manter ele ocupado?! Você está brincando não é?! Vê se anda rápido aí, se eu tiver uma oportunidade de fugir daqui eu vou correr e muito, isso sim!

     Ele de repente entrou e trancou a porta, vindo na minha direção. A cozinha não era muito grande, e comecei a jogar as panelas nele, havia uma construção de cimento bem no meio, como uma mesa de preparos, havia uma pia nela. Eu fiquei correndo envolta a usando para mantê-lo afastado, e fui jogando tudo que via pela frente, até que peguei na tabua de cortar carne, mas que madeira era aquela?! Pesava uma tonelada, digo... devia pesar uns vinte quilos, ou mais!

     ─ Eu con-ser-to, você! ─ ele fez uma cara sinistra arregalando os olhos, enquanto disse. Depois olhou para o seu facão na mão direita e olhou bem para mim.    

Terror nas Montanhas do Itatiaia - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora