15 - O PALHAÇO É OU NÃO É O LOUCO DO 207?

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     ─ Caralho, essa foi por muito pouco! ─ retirando o dedo do gatilho bem devagar e abaixando a arma.

     ─ Dricka, ele tentou te pegar? ─ perguntei.

     ─ Não, mas eu vi aquele maldito palhaço! Ele estava entrando no quarto 207 caminhando de ré... ─ ela balançou a cabeça se lembrando da cena horrível que teve. Ao descer pelas escadas, ela havia ouvido os passos do palhaço e quando foi olhar, viu a cena bizarra dele caminhando de costas e entrando no quarto, que estava com a porta aberta, em seguida a porta bateu. ─ Ele entrou no quarto e bateu a porta. ─ ela se coloca de costas para a porta da escadaria, e escorrega até sentar-se no chão.

     ─ Pela primeira vez temos a chance de pegar ele Dricka, e é o que vamos fazer, agora. ─ Almir estende a sua mão direita para ela.

     ─ Eu quero ver isso com os meus olhos, vou me sentir vingada pelo que ele fez com o meu namorado! ─ ela pega a mão dele e levanta-se.

     ─ Ah não! Isso não! ─ Severino fica desesperado ao ver a luz do prédio inteiro começar a piscar por três segundos, antes de apagar de vez.

     ─ Isso foi muita coincidência! ─ eu disse, mas logo fui repreendido.

     ─ Marcos, você pode não acreditar em espíritos, demônios, no sobrenatural, mas eles existem cara! ─ ele ficou batendo com a ponta do seu dedo indicador, bem no meio dos meus peitos. ─ Nós somos testemunhas oculares de muita coisa sinistra que aconteceu aqui, nesse período de pouco menos de um ano. Muita coisa, coisa que você nem ousa a sonhar que poderia acontecer cara, mas aconteceu e vimos com os nossos próprios olhos, ninguém nos contou, nós vivemos as experiências, sentimos o medo na própria pele, vimos pessoas morrerem... de formas tão cruéis! Você realmente não sabe de nada!

     Agora, abra essa porta, vamos resolver logo isso! ─ os olhos de Almir se encheram de lagrimas, isso me fez ficar na minha, pois não gostei nada do tom que ele usou, mas respeitei aquele momento, era como se ele quisesse falar de alguém que morreu nas mãos daquele palhaço, mas não teve coragem.

     ─ E hoje está acontecendo pela primeira vez fora do horário padrão, e isso pode significar alguma coisa. ─ Dricka, com a mão no queixo, pensando em algo.

     ─ Fiquem atentos, vou abrir. Severino você ilumina, é o único que tem lanterna. Olha, primeiro ilumina a escada a esquerda e depois o nosso lado direito, só aí avançaremos no corredor, não vamos querer ser surpreendidos por este maluco assassino! ─ na minha cabeça, ele é só um louco mesmo, que por algum motivo usa essa fantasia de palhaço e quer nos matar vestido com ela. Eu sou do tipo que tem que viver a experiência para poder comprova-la, isso mesmo, sou um cabeça dura, mas não acredito em tudo que tentam me empurrar como verdade.

     Contei apenas com os dedos de um até três, e abri a porta. O Severino iluminou a escadaria a nossa esquerda e depois o lado direito, onde havia uma pequena área, tudo limpo. Avançamos naquele clima tenso, de não saber o que iria acontecer a qualquer momento, sensação muito ruim, que para um ansioso como eu, a sua força era em dobro, talvez em triplo.

     ─ Repararam como está escuro, parece de noite. ─ Dricka.

     ─ É essa neblina, ela é muito mais densa do que qualquer neblina que eu já tenha visto, ou ouvido falar. Literalmente você não vê nada a mais de um metro dentro dela. ─ Almir, enquanto chegávamos enfrente ao 207.

     ─ Você arromba a porta, já que você é o mais forte. Nós entramos primeiro e você já entra preparado para atirar. ─ cochichei, enquanto posicionava o cearense no lado esquerdo da porta, e eu fiquei no direito.

     ─ Esperem... ─ Severino, faz sinal de pare com as mãos e depois enfia a mão esquerda no seu bolso, puxando um molho de chaves.

     ─ Seu paraíba desgraçado, você possui copia das nossas chaves?! ─ Almir ficou furioso ao saber.

     ─ Sim, para emergências. No passado ouve muitos casos de perdas de chaves pelos hospedes, e o dono resolveu sempre deixar uma copia extra comigo a partir daí. ─ ele seleciona a chave e destranca a fechadura.

     ─ De todas as vezes que eu planejei pegar o maluco do 207, você nunca me disse que havia uma copia da chave! ─ Almir com um tom raivoso, mas se controlando para não gritar, olhando bem dentro dos olhos do cearense.

     Contei com os dedos novamente até três e abri a porta. Entramos, estávamos tão nervosos e preparados para matar aquele palhaço, que demoramos para perceber que ele não estava lá, havia apenas um homem nu, amarrado ao lado da cama, com a boca tapada e uma corda de varal no pescoço (a cena era muito similar a que o Severino contou sobre a morte do Felipe). Naquele momento, eu me senti um idiota por culpar aquele homem! Em seus olhos eu pude ver e sentir todo o seu medo, o seu desespero e no fim, o alívio de estar vivo por muito pouco. A Dricka fechou a porta e pelo que eu vi, se demorássemos só mais um minuto, talvez ele não estivesse vivo, já que a ponta da corda estava em suas mãos, e o seu pescoço cheio de marcas vermelhas, assim como os seus olhos estavam vermelhos e as lágrimas jorravam. De alguma forma aquele palhaço o fazia se enforcar, ao menos é isso que me parece ao ver a cena, talvez ele seja mesmo um espírito, um demônio ou uma entidade maléfica, mas enquanto eu não descobrir a verdade não poderei ficar em paz, eu me conheço!     

Terror nas Montanhas do Itatiaia - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora