27 - A ARMADILHA DO PALHAÇO

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     Me virei para olhar e vi o Miguel correndo todo desengonçado. Ele estava chegando ao portão do prédio, ele o abriu com uma chave, a deixou cair no chão e foi em direção da rua, a neblina densa não me deixou ver mais nada. Quando virei novamente para olhar o açougueiro, ele já não estava mais lá. Eu não podia deixar aquele portão aberto, apesar de que o gordão havia aberto um buraco enorme na grade de ferro, pensei por alguns segundos, fui até a recepção e havia alguns pôsteres do Severino lá, a maioria de mulher nua, tipo aqueles calendários que mecânicos adoram colecionar, sabe quais não é? Então.

     ─ Severino seu pervertido! Onde você está cara? ─ falei ao radio, mas não obtive resposta durante alguns segundos, peguei os quatro maiores pôsteres e uma fita crepe, que estava encima do balcão da recepção.

     Sai rápido do prédio e tampei o buraco do lado de fora da grade com dois pôsteres, fiz o mesmo do lado de dentro. Depois me abaixei, peguei a chave e tranquei o portão.

     ─ Ao menos a coisa que está lá fora ainda não sabe dessa passagem. ─ pensei enquanto ia caminhando pelo corredor.

     ─ Julha na escuta? ─ chamei no radio.

     ─ Estamos dentro do corredor ainda, aquela coisa ligou o frigorifico, porque ela faria isso?! ─ A Julha falou baixinho no radio, tentando abafar o máximo a voz. ─ Você sabia que o açougueiro troca de cabeças?!

     ─ Sim, eu o vi trocando a cabeça de porco pela do João, foi muito sinistro! Droga, lembrei! O Severino deve estar escondido dentro do frigorifico.

     ─ O quê? Mas por que diabos ele entraria lá dentro?! ─ Almir.

     ─ Eu estou indo, esperem eu chegar para sair daí. Esse açougueiro já matou o João, não vamos querer que ele mate mais ninguém. Nós juntos seremos três contra ele, e ele está sem a sua arma no momento.

     ─ Cara, ele está com o facão de cortar carne da cozinha. A faca para você ter uma ideia, é tão grande que parece a espada do Conan! ─ Almir fala desesperado.

     ─ Caralho! Quando a gente pensa que não pode piorar! ─ após falar isso enquanto, eu passava perto do elevador, senti uma presença, meus pelos estavam todos arrepiados e apontavam para lá.

     Era o maldito palhaço, eu sabia, mas sabe quando você tem medo de algo, mas você precisa comprovar que tem algo realmente lá?! Então, era mesmo o maldito palhaço tentando me pegar de surpresa, e quando cheguei perto o bastante ele saltou de dentro do elevador, que já estava com a porta aberta e quase me acertou seu facão. A sorte é que sentir a presença deles, me mantem em alerta máximo, e eu abaixei na hora, ele bateu na parede, nesse momento agarrei seu braço direito e mandei ver com o cutelo afiadíssimo bem no seu pescoço.

     ─ AHHHHHHHHHHH! ─ tive que dar vários golpes, mas dessa vez separei a cabeça dele do seu corpo.

     Ver aquela cabeça no chão me olhando e ainda esboçando o seu sorriso, foi aterrorizante! Então eu dei-lhe uma bicuda e a joguei dentro do elevador, ele me deu um chute também na altura da barriga que me jogou no chão e ficou tentando me esfaquear, mas estava ceguinho sem a sua cabeça. Com muito cuidado eu consegui apertar o numero 4 do elevador, ele subiu.

     Não sei explicar o porque, mas vencer o palhaço e ainda meio que o deixa-lo por algum tempo fora de combate, me deu uma porção de coragem extra! Que venha o açougueiro!  

Terror nas Montanhas do Itatiaia - COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora