Todos correram com exceção de Sonia e Lucas, os dois bruxos do grupo, que ficaram para lutar utilizando magia.
Depois de algum tempo correndo, já estávamos cansados e resolvemos ir caminhando, quando finalmente chegamos na área de camping do Abrigo Rebolças.
─ Minha nossa! Foi aqui que aquela criatura matou pela ultima vez! ─ Luzia fala, ao se abaixar e esfregar a ponta dos dedos em uma poça de sangue, o corpo da vitima estava bem ao lado, todo preto, cheio daquela gosma e com a cabeça decepada. Ela constatou que o sangue ainda estava fresco.
─ Mas o palhaço também passou por aqui, estes braços e pernas decepados são a cara dele! ─ Dricka mal consegue olhar direito, já que alguns corpos estão com todos os membros decepados. Ela abaixa o rosto enquanto caminha, assim eles vão passando pelas barracas destruídas e os corpos espalhados, a maioria deles sem as cabeças, mas todos estão com o corpo completamente pretos e com a gosma nojenta escorrendo deles.
─ Se fosse só o palhaço e o açougueiro, muitos teriam conseguido fugir, mas não daquela coisa... ela afeta as mentes das pessoas com aquele seu zumbido infernal! ─ eu viajei na interpretação, e fazia caretas horríveis ao lembrar da criatura. ─ Depois penetra nos corpos das pessoas com os seus tentáculos, como se fosse uma espécie de fantasma... eles não perfuram o seu corpo mas estão em contato com ele, e através disso, ela suga a energia vital das pessoas, matando-as em poucos segundos!
Eu fiquei parado alguns segundos imaginando como foi a morte daquelas pessoas... todos alegres conversando, esperando próximo a fogueira enorme que acenderam no meio das barracas, quando aquela coisa chega e afeta as suas mentes, em seguida ela crava seus tentáculos em todos e os matam um a um, se aproveitando que os pegou de surpresa. Provavelmente ela fez a mesma coisa lá dentro e só depois o palhaço ou o açougueiro, resolveu brincar com o que sobrou dos corpos, arrancando as suas cabeças, talvez os dois, quem sabe?!
─ Será que vamos conseguir? ─ Bruno cabisbaixo, totalmente sem animo.
─ Claro cara, nós vamos! ─ Almir puxando a Julha, ele sai andando na frente, como se tivesse pressa em sair de lá.
─ Se conseguimos pedir ajuda, tudo acaba. ─ eu disse.
Ao passarmos diante do Abrigo Rebolças, notamos que ele estava todo apagado e com a porta aberta, havia uma pilha de mortos, com as mesmas caracterizas dos outros, eram 16 cadáveres. Todos eles decepados, mas suas cabeças estavam postas em pé, formando um circulo envolta da pilha. Uma visão que parecia realmente saída direto dos infernos!
─ Será que os bruxos sobreviverão? ─ Severino pergunta para Maria.
─ Todos aqui estão condenados! Me siga e talvez você se salve, só eu sei a verdade e a verdade está na palavra do senhor! ─ Maria com um olhar penetrante.
─ Eu também quero ser salvo! ─ Bruno, ainda muito abalado com a morte de sua esposa e a pilha de corpos que acabou de ver. Ele se aproxima dela.
─ Me deem as mãos, vocês serão meus seguidores, assim como eu sigo o senhor! Ele perdoará vocês e os livrará da danação eterna, eu sei, eu sinto isso! ─ Maria agarra firme as mãos deles, e vai puxando-os, andando bem rápido.
─ Você ouviu isso?! ─ Dricka cochichou comigo.
─ Sim, ela está piorando! E isso me assusta, ainda mais que já é a segunda pessoa que a segue. ─ eu apertei o passo, após olhar para trás e ver que eles quatro estavam nos alcançando. Almir e Julha praticamente estão correndo a frente.
─ Eu sei que você ainda tem receio, por medo ou vergonha! Mas cedo ou tarde, você me seguirá também! ─ Maria diz olhando nos olhos da Luzia.
─ Eu tenho meus próprios deuses, eles me protegem. ─ Luzia a ignora, mas lembra-se do que ela fez ao palhaço.
Mais a frente eu perguntei ao ver uma espécie de barragem transbordando, por cima de uma espécie de muro, que também serve de caminho para atravessar o pequeno rio, aparentemente construído para reter a água dele.
─ Este rio, porque construíram este muro nele? ─ perguntei enquanto via Almir e Julha chegando do outro lado do rio, eles ficaram nos esperando.
─ Esta é a pequena represa do rio Campo Belo, antigamente funcionava como uma pequena hidrelétrica para o Abrigo Rebolças, mas por não conseguir fornecer energia suficiente para o local, foi desativada. Hoje a energia do abrigo vem por cabos no subsolo.
─ Hum, legal! Ficou bem bonito isso aqui! ─ falei enquanto terminávamos de atravessar o local.
─ Há, há, há, há, há! ─ o palhaço aparece bem a frente de nós, parado diante de uma placa, que aponta para a esquerda a cachoeira Aiuruoca e Pedra do Altar, para cima o Pico da Agulha Negra.
Depois ele foi pulando e sorrindo em direção ao caminho da esquerda, cantarolando enquanto balançava a cabeça da Suzy. Como se provocasse o Bruno a ir atrás dele. Isso me irritou de tal maneira, eu nem sei explicar, me senti hoje observando o gordão brutamontes que me fazia bullying na infância, na escola. E depois ele ainda tomava o meu sorvete, o filha da puta! Eu não vou deixar esse palhaço fugir dessa vez, eu vou acabar com ele, corta-lo em mil pedaços e enterrar separado cada parte dele!
─ Sigam para o Pico da Agulha Negra, peçam ajuda, depois nos encontramos aqui no Abrigo Rebolças. Vai com eles Dri, eu vou com tudo para cima dele! ─ larguei a mão dela, mas ela tornou a pegar novamente em minha mão.
─ Não vou deixar você se matar, sozinho. Eu vou com você!
─ Se algo der errado Dri, fuja correndo o mais rápido que puder! Prometa-me!
─ Eu prometo!
─ Deixem eles irem, venham comigo! ─ Maria retorna pelo caminho, puxando as mãos do Severino e do Bruno.
─ Droga, eu não vou nesse pico nem fudendo, sinto que há algo esperando por nós lá! ─ Luzia entra no matagal e fica observando Maria seguindo em direção ao Abrigo Rebolças, Marcos e Dricka seguindo o palhaço, Almir e Julha seguindo para o Pico das Agulhas Negras. Ela parece confusa em que direção seguir.
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Terror nas Montanhas do Itatiaia - COMPLETO
HorrorUm homem aceita uma vaga para trabalhar como auxiliar de limpeza em um hotel de turismo no interior do Rio de Janeiro. Tudo corre bem, até que uma neblina misteriosa cobre toda a montanha e coisas sinistras começam a acontecer...