florir

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Emma desceu do táxi em uma rua qualquer. Poucas casas. Algumas crianças brincando, umas no jardim de suas casas, outras na calçada. Velhinhos sentados no banco da praça. O céu cheio de nuvens. Iria chover.

Caminhou com leveza por entre aquela pequena realidade. Olhou tudo com amor. É fácil de amar o mundo quando se está bem consigo mesma.

Seus cachos estavam escondidos num coque bem feito. E as mãos, dentro dos bolsos do macacão.

Quem via Emma, via uma mulher radiante. Forte. Espiritualizada. Exatamente como Mason a via.

Naquele momento, ela estava alegre. E a alegria era uma roupa que lhe caía bem. A tornava mais bonita. E como consequência, o mundo todo ficava mais bonito também.

O que a fazia tão alegre?

Alegria não é como felicidade. Alegria é ligeira. Alegria surge nos bons momentos.

Ela já sabia quais eram os bons momentos. Mason. Mason seria um momento que ela gostaria de viver outra vez.

Iria vê-lo de novo?

Se não o visse, tudo bem pra ela. Tinha sido apenas um final de semana mágico.

Se o visse, até quando? Não importava. Sabia que queria, sim, vê-lo outra vez.

Lembrou-se do momento em que o louro adormeceu. Depois de gozar dentro dela e terminar o trabalho que tinha começado. Puxou-a para perto. Selou seus lábios. Fechou os olhos. Dormiu. Em paz.

Foi a primeira vez que ele pareceu um garoto inocente. Parecia ter sonhos lindos e amar a vida.

Enquanto observava o garoto dormir, foi a primeira vez que aquele apartamento pareceu um lar.

E por incrível que pareça, não tinha nada a ver com Mason. Talvez ele fosse apenas uma peça importante.

Emma não sabia na hora. Não sabia enquanto caminhava por aquela rua também.

Mas estava começando um ciclo novo. Estava dando a si mesma uma chance novamente. Estava se permitindo. Permitindo recomeçar. Não com Mason, mas com ela mesma.

Porque haverão vezes na vida em que você vai se entregar pra alguém e quando fizer isso vai ser como voltar pra você.

Emma estava fora dela. Enquanto andava por aquela rua bonita e via gente bonita e feliz, ela ainda estava fora dela mesma. Mas estava voltando. Voltando de uma viagem longa.

Viu uma casa vermelha com cerca marrom. Na varanda da casa, tinha uma garota de aparência jovem, uma adolescente. Ela tinha cabelos muito lisos e muito longos. Olhos castanhos. Usava um top e calças folgadas. Estava rindo olhando a tela de seu celular.

Emma olhou o jardim da casa vermelha. Petúnias. Sorriu. Encontrou as flores que queria.

— Boa tarde — Emma disse para a garota, ainda sorrindo.

— Boa — ela respondeu, tirando os olhos do celular.

— Você que cuida do jardim?

— Não — riu de leve como se fosse óbvio.

Tinha alguma coisa óbvia ali. Um óbvio que Emma não conhecia porque não sabia nada da história daquela casa, daquele jardim ou daquela garota.

— Quem cuida é minha irmã, Lessey.

— Lessey se incomodaria se eu pegasse algumas Petúnias?

— Não, não. Magina. Pode pegar. Ela estava pensando em tirar tudo. Quer plantar novas.

Uma História Sobre RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora