odiar

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— Acho que precisamos de férias — ele disse depois de um tempo.

Estavam ainda do mesmo jeito: Emma o abraçava por trás enquanto o acariciava, sonolenta.

— É... Seria bom. Mas... Você quer passar suas férias comigo?

Mason. O sinônimo de independência. Férias com ela? Duvidava muito.

— Na verdade, não.

Sabia! Mas mesmo sabendo ainda tinha esperança de estar enganada. E por isso sua garganta apertou um pouco com a sinceridade dele.

Não é maluco? Na maior parte do tempo queremos estar certos, mas, em situações assim, tudo o que mais queremos é estar completamente errados.

— Essas férias vão ser diferentes.

Ela semicerrou os olhos. Se perguntou o que aconteceria de tão diferente. Ele deu a resposta logo em seguida, ficando frente a frente com ela.

— Vou pra Minnesota.

Emma não se conteve. Seu olhar era pura surpresa.

— Sério? Eu... Bom, acho que fico feliz por você. Isso é bom, né?

— É... Vai ser extremamente difícil porque... — suspirou, ele nunca falava sobre isso — É a primeira vez que... É a primeira vez, desde que parti, que vou voltar pra lá.

Contou tudo o que era cabível de ser contado para ela. Não contou do sonho, mas contou que sentiu que já era hora de resolver algumas coisas.

Falou um pouco mais sobre a tia. E como telefonava de três em três meses, só para que ela soubesse que ele estava vivo. Pediu isso a ele quando decidiu se mudar. E ele cumpria. Às vezes.

Terminaram essa conversa no quarto, ele na cama, sem sono. Ela no colo dele, se esforçando para não pregar os olhos.

— Mas, Mason...

Ele estremeceu. Sem saber direito o porquê. Só sabia que tinha a ver com o nome dele na boca dela... Naquela voz de sono. Com aquela boca. Ah...

"Okay. Concentre-se."

— Você disse, lá na cozinha, que precisávamos de férias. Nós dois. O que quis dizer?

Sorriu. A deitou ao seu lado. A cobriu. Beijou sua testa. Ela sorriu. O puxou para perto. Ficaram cobertos dos pés a cabeça debaixo dos lençóis.

Então só aí ele respondeu:

— Eu vou estar viajando. Você vai ficar sozinha e, não que não estivesse sozinha nessas últimas semanas, mas, sabe, eu me sentiria mais seguro sabendo que, enquanto eu estou na terra do gelo, você está segura, com alguém te distraindo.

— Eu sei me cuidar sozinha. Já enfrentei coisas piores que isso e sobrevivi.

— Eu acho isso muito louco, Alihür, mas me importo com você. Então não trate a si mesma como se fosse nada.

"Por que você faz isso, Mason?"

Diz (e mostra) que se importa. Faz com que ela se sinta especial. E importante. Diz coisas que fazem com que seu corpo inteiro trema. Fode com ela como se ela fosse amada. Sorri enquanto entra dentro dela. E beija sua boca quando termina de um jeito que dá a entender que quer juntar sua alma à dela. Segura em sua mão quando andam juntos. Fica. Fica. Ele fica. Diria que ele volta, mas ele nunca foi embora. E ele nunca ficou pra ninguém, mas ficou pra ela. Diz que pensa nela. E liga só pra falar isso. A apresenta para os amigos. E a leva para lugares incríveis. Olha pra ela como se pudesse ver através dos olhos, como se soubesse ler sua alma.

Por que você faz isso se nunca vai se apaixonar por ela? Por que você a fez gostar tanto de você se nunca vai conseguir dizer "eu também"?

— Você é tudo, Emma.

Fechou os olhos. Uma lágrima escorreu. E, deus! Ainda bem que ele não podia ver isso.

— Vou pensar nisso das férias.

Ignorou o que ele disse, como se fosse nada, com frieza. E ele se sentiu estranho. Esperava que ela dissesse algo sobre ele se importar. Mas tudo bem, ela não estava em seus melhores dias. Talvez não tivesse cabeça suficiente para absorver algumas coisas. Mas ainda assim...

— Eu senti sua falta — tentou mais um pouco.

Emma suspirou, como se se estivesse cansada e com raiva. Isso o deixou ainda mais confuso.

— Eu te odeio.

Ele riu.

— Odeio sua risada.

Falava com raiva, mas não estava brava. 

— E a forma como você me faz rir.

— É? — sorriu, levando sua boca para perto da dela — Eu não acredito em você.

— Odeio quando você sussurra.

Assim?

O sussurro dele arrepiou cada centímetro de pele dela.

— Mason...

Ele fechou os olhos. A vontade dela espalhada em tudo que era dele. Ela tinha que falar seu nome...

Colocou a mão em seu rosto. Seu toque não foi delicado. Demonstrava a inquietude que ela lhe provocava.

— Eu odeio você.

— Emma, querida... Você pode sentir muitas coisas por mim, mas você definitivamente não me odeia.

Odiava quando ele estava certo.

— Você não sabe de nada.

Não sabia mesmo.

— Nem você.

Ela também não.

Se soubessem, talvez explodissem como supernovas. 

Uma História Sobre RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora