libertar

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Mason pegou um cigarro e acendeu. Ela pegou o celular e tirou uma foto da cena que via.

— O que foi isso? — ele perguntou mais relaxado, graças à nicotina.

— Você. Numa foto. Fazia isso quando gostava do momento, mas parei com o tempo.

Ele assentiu. Pegou seu celular e tirou uma foto dela, fazendo o mesmo. 

— Você é um momento bonito também.

Ela sorriu. Simplesmente.

E enquanto o silêncio confortável que existia entre eles iniciava, Mason viajou nos pensamentos.

Emma era um momento bonito, mas era rodeada de momentos não tão bonitos assim. Como ela se sentia naquele momento? Pensava na dor ou no amor de ser quem era? Naquele momento, ela estava em paz com seus demônios interiores?

E quais são eles, afinal? Todo mundo tem. Mas não importa o todo do mundo. Naquele momento, importava Emma. E o que ela sentia quando olhava pro passado.

Quis perguntar a ela. Perguntar se estava tudo bem dentro da cabeça dela.

Mas decidiu prestar atenção nos sinais. Aos rastros de felicidade que ela deixou sem perceber. Como a foto que tirara. E o sorriso sem mostrar os dentes que deu quando foi fotografada. Como há alguns minutos atrás, quando pediu para que ele não parasse de jeito nenhum com o que fazia dentro dela. E a forma como sorriu e suspirou aliviada quando chegou lá. E depois os beijos que lhe deu quando ele retornou do banheiro para a cama. Quase como se sentisse saudade dele.

Sentiu-se tranquilo por captar alegria nos gestos dela. Mas ainda assim... Sempre queria saber mais. Ouvi-la narrar suas histórias. Era bom saber que podia ouvir sem preço, sabendo que não teria que contar uma história também, só porque é o que as pessoas costumam fazer em conversas. Essa troca de histórias. Tudo parecia um acordo do que se deve ou não fazer.

Mas não com ela. Com ela era diferente... Podia ser ele mesmo. E tava tudo bem. Porque ela, de algum jeito, conseguiu se encaixar ali, entre suas prateleiras bagunçadas.

— Sabe uma coisa que tô pensando? — ela disse, chamando sua atenção.

Emma vinha querendo conversar com ele fazia tempo. Porque precisava fazer isso. Porque toda vez que olhava pra Mason sentia uma vontade incontrolável de seguir em frente. E aquele era um bom momento para tal. Sentiu que deveria. Então começou.

— Não costumo dizer isso pras pessoas, sei lá... — riu sem saber por que — Elas falam que sou corajosa, mas não têm ideia do tamanho da minha covardia.

Mason se identificou, de algum jeito.

— A gente não costuma falar sobre os nossos medos, Em. Os medos reais. Aqueles que fazem a gente perder o sono — falou, na tentativa de mostrar a ela que era completamente normal sentir o que sentia.

Mas no final, acabou que aquilo era mais sobre ele do que sobre ela. Algo que ele esquecia de dizer a si mesmo às vezes.

— Qual foi o teu maior ato de covardia, Mason?

— Não sei... Não presto muita atenção nisso.

Mentiu. Mentiu para proteger a si mesmo das lembranças que não queria lembrar.

— Hum...

Ela sabia que era mentira, mas também sabia que existem feridas que a gente simplesmente não quer cutucar. E tudo bem. Ela sabia o que dizer em seguida. Só não sabia, não tinha nem ideia, de que o relato que há tanto ansiava em fazer, mudaria tanta coisa na vida de Mason.

Uma História Sobre RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora