pertencer

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Eram as primeiras horas dos dois juntos em LA novamente. Mason tinha acabado de voltar.

Ele cheirava o cabelo dela enquanto ela passeava com os dedos pelo braço dele. O cabelo dela tinha cheiro de condicionador e a pele dele parecia mais branca e mais macia, devia ser o tempo frio de Minnesota. 

Estavam no apartamento dela, deitados no colchão novo que ela comprou quando voltou de viagem. Nem sabiam ao certo como chegaram àquele momento.

Estavam na rodoviária, se reencontrando. Depois no ônibus. Na Avenida. No elevador. Na sala. Na cozinha para tomar um suco. E agora ali, em paz.

Era como se o fuso horário estivesse finalmente rodando junto com seus relógios fisiológicos. Era como um dia de sol depois de meses chovendo. Era como o cheiro que fica de grama molhada quando se chove à tarde. E tudo isso mesmo estando no centro de Los Angeles em uma Avenida movimentada cheia de prédios. Era como se o mundo tivesse se desligado e só restassem os dois. Não, não era apavorante. Mason era tudo que ela queria ver e ela era tudo que ele queria sentir. Estava tudo bem.

— Eu li O Pequeno Príncipe, na casa da minha tia — Mason disse.

Emma sorriu.

— A interpretação foi diferente?

Ele olhava o teto. Concentrado.

— Quando falamos desse livro pela primeira vez você perguntou se eu tinha uma rosa.

Os olhos dela focaram nele.

— E você disse que não tinha rosa. Eu lembro.

Ele jogou um "é" silencioso e se calou. Ela esperou que Mason continuasse a falar, mas ele não disse uma só palavra. Parecia estar se perdendo dentro de si mesmo, em seus pensamentos.

Ela desistiu depois de um tempo. Voltou a sua posição inicial, colada nele. Fechou os olhos. Precisava parar de esperar qualquer tipo de sentimento dele, por ela. Ele não era assim. E tudo bem. Entendia. A vida dele foi bem diferente da dela. Ela tem motivos de sobra para amar. Ele? Ele não teve essa sorte. E era difícil. Como se apaixonar quando a vida nunca foi boa com você?

Mesmo entendendo ele, era triste. Ele mexia com o mundo dela enquanto ela não tinha impactado uma borboleta no dele.

Esperar que os outros sintam o que nós sentimos é tolice. Ela começou com isso sabendo que nunca sentiriam nada demais um pelo outro, mas desandou. Não cumpriu a promessa silenciosa de nunca se apaixonar por ele. 

E, por que ele?

Outros garotos menos fodidos e ferrados da cabeça já quiseram dar-lhe o mundo. Ela não conseguiu dar nem um quarteirão do que era dela, pra eles.

Ela teve dezenas de oportunidades de ter alguém mais parecido com Louis. Alguém doce, sensível, alegre... Alguém mais parecido com quem ela era, às vezes.

Mas seu coração escolheu o garoto perdido. O garoto que, à princípio, nada tem a ver com ela mas que no fundo está tão ou mais perdido que ela.

Se perdiam juntos. Talvez fosse isso. Quanto mais perdidos, mais encontravam a si mesmos.

Droga. Os garotos perfeitos não tinham mais graça.

Se Louis estivesse vivo nem ele combinaria com ela tanto quanto Mason combinava.

Se bem que... Se ele estivesse vivo, ela não seria ela.

— O Louis ainda é a sua rosa?

A voz de Mason invadiu seus ouvidos como um sopro.

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