Uma História Sobre Recomeços

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— Eu dei um beijo na testa dele antes de sair. Lembro bem porque ele estava quente. Quando voltei, ele já não tinha calor. Foi um choque térmico no meu coração.

Mason a olhava atento. Ela falava sobre Louis. Não sabia ao certo como foi que chegaram àquele assunto, mas agora ele sabia o que tinha acontecido. E se sentiu mal. Era estranho, mas por mais que a desejasse muito e adorasse tê-la da forma que tinha, ele queria que ela fosse feliz e sentia nas palavras dela que Louis era uma peça essencial para isso. E ela perdeu a peça. Pra sempre. E agora faltava algo. Mason queria que ela se sentisse completa. Que não faltasse nenhum pedaço.

— Acho que foi o pior dia da minha vida. Na verdade, todos os meus "piores" são relacionados a esse dia.

Ela estava sentada na parede da porta. Ele na parede oposta. Seus pés quase se tocavam.

— Eu sei que você já deve ter escutado isso antes, mas... Eu entendo você. De verdade.

Ela assentiu. Sorriu minimamente.

— Não pense que cada dia da minha vida é um lamento ou que eu passo dias e noites a chorar... — ela continuou.

— Eu não penso isso.

Se ajoelhou. Foi até ela. Andando com os joelhos.

— Você é a mulher mais forte que conheço. E eu sou grato por ter alguém tão inspiradora como você, aqui.

Ela pegou o rosto dele com as mãos. Selou seus lábios. Era um obrigada.

— Posso te dizer uma coisa e você promete não achar que estou perdidamente apaixonada por você?

Ele riu.

— Eu prometo.

Ela selou seus lábios novamente e se afastou. Abraçou as próprias pernas.

— Essa semana foi a melhor que já tive em anos. De alguma forma, você é a melhor parte do dia.

Se outra garota tivesse dito isso, ele ficaria assustado. E triste, logo depois. Porque teria que dizer "sinto muito, mas não sou a pessoa que você precisa". E iria embora. Sentindo-se um monstro por não conseguir amar, outra vez.

Mas ela não era outra garota. Era Emma. E dessa vez foi diferente.

— Você não é a melhor parte do meu dia, Emma. Você é todo o meu dia.

Ela o encarou. Dentro de suas lagoas azuis, indecifráveis.

Era um privilégio ser qualquer coisa que fosse dele.

Tinham conversado sobre Louis à fundo pela primeira vez e a reação de Mason tinha sido melhor do que ela esperava. Um bom ouvinte. Um alguém que não a julgava por sentir o que sentia, mesmo que só tivesse contado a história e não o que sentiu ao vivê-la.

E enquanto ela contava sobre o dia em que Louis dissera que morreria feliz pois já tinha conquistado tudo, foi sentindo sua alma se colorindo em tons mais leves. E, por um instante, a vida pareceu fácil.

Sentia Mason grudado nela, mesmo que durante o relato estivessem cada um em uma parede diferente do cômodo. Sentia que aquele momento era deles, mesmo que as histórias contadas não fossem vividas por eles em conjunto.

Ela compartilhou com ele o pedaço mais triste dela. E ele não pareceu querer fugir, como fazia com as outras garotas ou como os outros garotos fizeram com Emma — as pessoas fogem de carga emocional. Ele parecia, na verdade, mais disposto a ficar.

Emma contou outras histórias. Falou sobre outros dias difíceis e foi ótimo poder cuspir todos aqueles espinhos.

Contou-lhe os dias bons também. Falou sobre o começo do namoro, sobre o dia que se conheceram e contou detalhadamente como foi o pedido de casamento.