lutar

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Eu. Amo. Você.

Faziam mais de quinze anos que Mason não dizia estas três palavras.

Já disse antes, é verdade, mas sentia sempre estar mentindo. Como se fosse obrigado a dizer porque era o que as pessoas esperavam ouvir.

Aquelas três palavras mudaram a vida de Mason. Para sempre. Não as palavras especificamente, mas o que elas significavam.

Foi a primeira vez que ele disse e sentiu que era de verdade. Foi a primeira vez que ele sentiu tanta compaixão, gratidão e um gostar tão grande que pareceu não existir outra palavra para encaixar ali. Ele disse e não pensou duas vezes antes de dizer. Ele apenas disse pois traduzia o que sentia.

Mason decidiu ignorar a vontade imensa de fugir dali pra ficar sozinho e ficou até o jantar. Comeram os três sobre a mesa em uma conversa descontraída. Falaram sobre Los Angeles, paternidade, trabalho, a ida de Bianco aos EUA e as diferenças grotescas dos dois países.

No final, ele agradeceu mais uma vez pela hospitalidade e pelas respostas. Esclareceu que precisava ficar sozinho um pouco. Eles entenderam.

Deixou a mochila. Voltaria pra lá depois. Levou o celular, a carteira, um maço de cigarro e um coração triturado.

Foi a velha adega que costumava ir com os amigos. Gastou setenta dólares só em álcool.

Tinha muita coisa acontecendo dentro dele. Ele ainda tinha de digerir muita coisa. Aceitar mais uma duzia. E perdoar mais um tanto.

Mas ele só conseguia pensar em uma coisa. Ele só precisava fazer uma coisa.

— Mason...

A voz dela foi como nicotina. Outra vez.

Ele estava no teto de uma fábrica abandonada. Olhando o céu de Minnesota. Garrafa de vinho na mão. Celular grudado no rosto para ouvir melhor a voz dela.

Algumas frases espaçadas, de ambos. Ele não sabia bem dar continuidade ou nexo ao que dizia, mas ela parecia entender tudo que ele tentava colocar pra fora.

— Me fala do seu dia? Eu acho que tô bêbado.

Ela riu do outro lado. Ele sorriu. Satisfeito.

Então ela contou de Cesar. De Violeta. Do sol intercalado com a ventania fria. Do diário E, por fim, do pai.

— Foi intenso. Ele sabia exatamente o que estava acontecendo comigo e... Isso só aconteceu com uma pessoa. Acho que talvez com essa pessoa tenha sido ainda mais...

— Por que você diz "pessoa" em vez de falar Louis? — a interrompeu, incomodado.

— Porque não é o Louis — respondeu como se fosse óbvio.

Ele ia dar um gole, mas parou ao escutá-la.

"Existe outro cara?"

Seu coração se apertou mais um pouco. Coisa que ele achava impossível levando em conta o mix de sensações que sentiu naquele dia louco.

Não conseguia nem responder. Odiava estar certo. Ela precisava de mais. E ele, infelizmente, era só um bêbado jogado numa fábrica com um passado fodido apaixonado por uma garota que ele nunca vai ter porque é pequeno demais pra ela.

Desde quando se apaixonava? Há quanto tempo estava apaixonado? E por que diabos só percebia isso agora, no momento mais bagunçado de sua vida?

— Emma... — deu o gole, antes adiado — Como é estar apaixonado?

Era a segunda vez que ele perguntava isso. Ela não entendeu a pergunta repentina, mas respondeu mesmo assim.

— É como estar louco, mas os médicos não internam você por isso. E também dizem que é normal e... — riu, leve — Tem gente que gosta.

Uma História Sobre RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora