— E você acha que consegue...
Emma não conseguia terminar a frase.
Você acha que consegue amar? Era triste demais perguntar isso.
E ela meio que já sabia a resposta. Ele disse uma vez. Disse que se soubesse amar, a amaria. "Se" era muito pouco. Era incerto demais. E no amor a gente sempre quer certeza. Porque o amor é certeiro.
— Se consigo amar?
O tom dele era frio. Sem emoção.
O coração dela acelerou de repente. O estômago embrulhou. Ela não queria magoá-lo.
— Emma...
Segurou sua mão com mais firmeza, como se acomodasse sua mão para que a dela ficasse mais confortável. Ela olhou para o ato. Logo em seguida o olhou nos olhos. Tentando entender. Tentando não deixar a ansiedade tomar conta.
— Você acha que consegue?
A pergunta foi como um soco no estômago. Ela não esperava.
— Acha que consegue amar alguém depois do Louis?
Soprou o ar pra fora de seu corpo com força. Como se prendesse a respiração há anos. Como se não soubesse respirar direito.
Emma costumava ter certeza que não. Que Louis era o amor de sua vida. Que o amor tinha o rosto dele. Que nada nunca seria suficiente. Que aquilo era um castigo. Que só se amava verdadeiramente uma vez na vida. E aquela era sua sentença: viver a vida inteira sabendo que um dia teve o amor na palma das mãos, mas que já não o tinha. Ele voou e morreu. Na frente dela. A vida era um luto. Um eterno luto.
Emma tinha certeza. Ela se acostumou a ter. Parou de questionar. Afinal, a vida sempre lhe deu paixões pequenas depois dele. Aceitou suas convicções. Aceitou sua solidão.
E foi assim por muito tempo. Por tempo demais.
As coisas começaram a mudar quando um garoto completamente quebrado por dentro apareceu na entrada de seu prédio.
— Eu fico tentando entender... — ela começou.
Ele permanecia sério e inexpressivo. Somente seus olhos. Somente eles demonstravam sentimento. Eles gritavam por respostas.
— Fico relembrando de todas as coisas que fizemos. Das conversas. Das saídas noturnas. Dos sussurros debaixo do lençol mesmo a gente não precisando sussurrar. Do dia em que você se permitiu chorar na minha frente. De como você continuou lutando por mim quando eu fugi de você. Da sua voz que é como um calmante. Dos seus olhos. Da sua boca e do seu rosto e do seu toque naquele dia em que você disse que estava apaixonado. É como um filme.
Sorriu.
— Eu fico tentando entender. Procuro o momento exato em que você me tocou tão delicadamente que ressuscitou aquela minha parte que sabia sentir. Fico tentando, como em um jogo de pistas, encontrar o segundo em que eu olhei pra dentro de mim e vi tudo aquilo que eu perdi quando o Louis foi embora. Eu não sei quando tudo isso voltou mas eu sei que foi você que trouxe. Tudo tem as marcas dos seus dedos.
Mason segurou sua outra mão, ficando de frente para ela. Sentiu que deveria fazer isso. Estava certo. Ela se sentiu ouvida.
— Você me ensinou a amar, Mason. Me ensinou a amar de novo.
E como alguém que nunca soube o que era o amor pode ensinar alguém a amar?
— Você foi um ótimo professor.
Lauren apareceu antes que a conversa pudesse continuar. Convidou Mason para a foto da família. Emma sorriu e disse um tudo bem. Ele beijou seu rosto e disse que já voltava.
Emma ficou observando aquele momento.
Era tão importante pra ele. Era tão grande o fato dele estar ali em um evento familiar na cidade em que nasceu com as pessoas que o criaram. Era tão absurdamente encantador como ele era forte e enfrentou seus medos.
Foi vendo os braços dele sobre os ombros de Bianco enquanto toda a família se apertava para caber na foto que ela percebeu a semelhança entre ela e Mason.
Os traumas. A dor. A solidão. Eles eram parecidos nessa parte e, no fundo, foi isso que os uniu. Mas não foi nenhuma dessas coisas que os manteve juntos.
Foram todas as vezes em que foram a força um do outro. A distração um do outro. A vontade de ser melhor um do outro. O descanso um do outro. A fuga, o refúgio e o prazer um do outro. Foram todas as vezes em que se escolheram e, assim, escolheram a si próprios.
Existem pessoas que sugam tudo de você. Toda a energia, todo o amor e toda a felicidade.
E existem também as pessoas que te transformam. De um jeito bom. Pessoas que, talvez nem sejam tão felizes assim, mas que quando se conectam a você, causam uma explosão intensa de todas as melhores sensações que se merece sentir.
Mason, definitivamente, era essa pessoa pra Emma. E Emma, sem dúvida alguma, era essa pessoa pra ele.
O fotógrafo tirou uma série de fotos. E depois do feito, todos voltaram às suas posições.
Mason, em paços acelerados, foi quase correndo em direção a Emma. Segurou sua cintura e a beijou. Ela deu alguns passos para trás com o impacto do corpo dele no dela. Mas logo se endireitou e se entregou àquele beijo. Tinha algo diferente nele. Algo intrigante.
— O que foi isso? — perguntou rindo, separando seus lábios.
— Fiquei pensando no que você disse. E depois em tudo isso.
— Tudo isso?
Seus corpos ainda estavam colados. A mesa de bebidas estava ao lado deles. Os outros convidados estavam entretidos com outras coisas, como com a sessão de fotos que ainda continuava. Ninguém os notava ali. E isso era perfeito.
— Não é coincidência. Não pode ser. A minha vida ficou tão mais vida desde que você chegou. E tudo isso é sobre nós, Emma.
Semicerrou os olhos. Entendeu o que ele queria dizer.
— Você ainda acha que nunca soube o que é o amor, Mason? — ela perguntou.
Ele olhou para a tia, há metros de distância. Sorrindo. Bonita. Grávida. Feliz.
— Não... Ele sempre esteve ali, jogado na minha cara.
Olhou pra ela novamente.
— E agora eu consigo ver que amo você, Alihür.
Ela sorriu.
— Eu amo você também, Dankworth.
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Uma História Sobre Recomeços
Любовные романыEste livro não é uma história de amor convencional que narra a vida de um casal perfeito composto por pessoas perfeitas em busca de um final feliz (e perfeito). Este livro fala sobre duas pessoas que perderam as esperanças e aceitaram a monotonia de...