DEZENOVE | *SORRY*

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*Scott na mídia*

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O COMEÇO DE todos os meus dias era sempre um misto de tédio com desesperança.

Óbvio que aquele não seria diferente.

Acordei atrasada (foi um milagre ter conseguido dormir) e quase perdi o ônibus, o que me impossibilitou de tomar café e fazer uma maquiagem descente para esconder os machucados do rosto.

Meu corpo todo doía, formigava e latejava, e a cada passo, via os olhos dos outros acompanharem as manchas roxas em minha pele. Era difícil esconder o rosto quando o capuz do moletom do ano retrasado mal chegava ao topo da cabeça.

Como se já não bastasse a mensagem incômoda de Lorenzo, ainda tinha esquecido o dinheiro para comer e agora meu estômago estava alvoroçado e reclamando em alto e bom som.

Se não estivesse ignorando Cristina, teria pedido dinheiro emprestado. Mas eu estava e quando ela entrou na sala, virei a cara, ainda mais quando Cristina sentou ao meu lado e perguntou como estava me sentindo, de onde vinham os hematomas e por que não dei nenhum sinal de vida desde a festa.

Hipócrita. E você não é? Ignorei meus pensamentos.

Hoje começava a minha primeira sessão de terapia, e estava tentando agir de boa-fé até lá. Por mais que fosse bastante difícil evitar meu lado obscuro.

E falando em obscuro... Ri baixinho, decepcionada, quando cogitei imaginar que Lorenzo seria uma saída para meus problemas. Que ajudaria a me afastar da escuridão, não sufocar nela. Na verdade, agora, ele parecia ter se tornado uma das fontes do problema.

O que ele ainda quer comigo? E por que vim aqui? Eu sabia muito bem a resposta. Se não viesse, ficaria remoendo o seu "urgente" até que não aguentasse mais.

Adentrei a lanchonete em que tudo começou. Dois dias atrás. Onde perdi meu suco de laranja em seu corpo musculoso e onde me emprestou o isqueiro. Assim como onde também comi, provavelmente, o pastel do chão. Parece que foi há anos.

Ele estava sentado em uma mesa lá fora, solitário e olhando para o nada.

Fire | Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora