VINTE E NOVE | * BETRAYER *

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Horas depois

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Horas depois.

SENTEI NA CADEIRA do meu escritório e acendi um cigarro, olhando para o nada e escutando as notas de Wherever You Will Go, The Calling tocando lá embaixo, onde Pietro cuidava de alguns lutadores.

Fechei os olhos e a imagem de Kananda imediatamente apareceu em minha mente.

Maldita.

Conversando com Scott como se fossem velhos amigos.

Maldita em dobro. E pior, eu pedi por isso. Eu deixei ela naquele corredor, com aquelas frases destrutivas e... a deixei sozinha com ele.

Além do mais, tive a coragem de cair na armadilha e ir atrás de Scott, não uma, mas duas vezes.

Sabia que quem estava no controle, naquele momento, era Ashur — o amigo imaginário que dominava minha mente nos momentos mais impróprios.

Ashur era o culpado. De completamente tudo de ruim que aconteceu em minha vida.

Mas, o que fazer, se ele estava no comando e queria desesperadamente Kananda? Ou mesmo, como eu gostava de sua conduta assassina? Era emocionante o olhar de medo das pessoas ao meu redor.

O olhar dela — por mais que no fundo, tenha sentido uma dor no peito, uma queimação, mais do que imaginei ser possível.

Eu sabia que era doente, sempre soube. Mas não fazia nada para mudar a situação.

Abri os olhos e me deparei com Gabriel se inclinando sobre a mesa, aproximando nossos rostos. Cheguei o tronco para trás, arfando.

— Credo, quer me matar de susto?

Ele cerrou os punhos e rangeu os dentes.

— Não, de susto não — respondeu. — Seria muito rápido para o que você merece, Lorenzo.

Ashur — ele disse sorrateiramente. — Fale para seu irmão insignificante como me chamo.

Não o fiz. Não podia.

Nem Gabriel poderia saber que fazia dois anos que não visitava o terapeuta e que gostava de conversar com Ashur nas horas vagas. Na verdade, eu fazia o máximo possível para esconder minha verdadeira forma das pessoas.

Menos de Kananda? Ele riu em minha mente.

Repentinamente, a imagem de seu queixo tremendo e os olhos transtornados vieram em meus pensamentos.

Cale a boca, Ashur — respondi.

— Lorenzo? — Gabriel estalou os dedos na minha frente, com raiva. — Ainda está entre nós?

Estreitei os olhos.

— O que você quer?

O rosto de Gabriel estava corado. Ele estava aprontando alguma coisa.

Fire | Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora