DIAS ATUAIS.
FAZER FACULDADE ERA complicado. Bem complicado.
Claro que não esperava ser tão fácil quanto o ensino médio, mas já quebrei a cara quando no primeiro dia, desci na parada errada e tive que ir andando para a Universidade Jacksonville.
Cheguei lá atrasada.
E isso não era tudo. Quando ia acender meu cigarro (gostava de fumar nas horas vagas — ou seja, quase nenhuma), já nos portões da universidade, o guarda nojento e tarado com uniforme verde, disse que não podia fumar ali. Em alto e bom som.
Para todos que estavam passando ouvirem.
E tinha bastante gente passando.
Mas eu sabia que era mentira, porque já tinha visto alunos fumarem naquele ambiente. Mas não me importei, tentei jogar o cigarro no lixo e errei-o por centímetros. Precisei me abaixar para pegá-lo, e quando fiquei de pé, muitos alunos estavam me encarando com risadinhas.
Nunca vou esquecer do primeiro dia na universidade.
O que me fazia levantar às quatro horas da manhã, todo dia, não era o pensamento de me tornar veterinária — o que nem parecia ser mais o meu sonho, e cada vez mais longe de se realizar — e sim, de ver as beldades masculinas.
E ser totalmente ignorada por elas. Eu merecia isso.
Porque sabia que a maioria estava ali para estudar — o que era para ser um exemplo para eu seguir —, e a outra parte, ou eram gays ou feios ou estavam namorando — e mesmo assim não olhavam para a gótica estranha.
No caso, eu.
Mas eu gostava bastante do meu estilo, parecia espantar qualquer atenção. Por que além de me vestir toda de preto, ter os cabelos acobreados espetados em todas as direções, meu olhar sério fazia algumas pessoas terem medo de mim.
Já escutei essa palavra — medo — diversas vezes.
Ah, antes de te conhecer, eu tinha muito medo de você. Você tem cara de psicopata, há-há. Tipo, assim.
— Onde anda essa cabecinha? — Cristina fez um som de toc toc, batendo com os nós dos dedos em minha testa.
Dei-lhe um olhar assassino e tirei sua mão de perto de mim, fazendo questão de não olhar ao redor e ver os sorrisinhos daquela cena cômica e ridícula entre duas amigas.
Ou colegas, como gostava de pensar em nossa complexa relação. O que Cristina via em mim, para ser tão insistente?
Para ser bem sincera? Eu não tinha amigos, e essa era a minha escolha. Não era tão legal assim. Não era simpática, na maioria das vezes. Não era uma boa companhia, quase sempre. Ainda não sabia o que Cristina enxergara em mim, para ser tão... chiclete.
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Fire | Vol. I
RomanceLivro 1. Série Dark Souls. Kananda Wright sempre foi atraída pelos bad boys, aqueles que fumavam e possuíam tatuagens espalhadas pelo corpo. Ou talvez, que só se vestissem de preto. Não importava, ela adorava observar os homens. Mesmo que a sua vida...