EU QUERIA NO mínimo... matar o meu irmão. Sério.
Tudo o que ele tinha que fazer essa noite era agir normalmente com Kananda — treina-la, por sei lá qual motivo ela quisesse —, mas não. Lorenzo nunca conseguiu ser normal e machucava as pessoas ao seu redor, querendo ou não.
Tive uma vaga consciência de que ele não queria tê-la machucado. E mesmo assim, o fez.
Tudo bem que — mesmo não acreditando até agora — Kananda tinha quebrado a filial de nosso clube. Isso explicava o ataque a ela no ringue, foi bem cotidiano de Lorenzo Willer, mas humilhá-la ao ponto de deixá-la com medo?
Aí ele já tinha exagerado. Ele nunca foi tão covarde a esse ponto.
Meu carro estava estacionado na frente da caminhonete de Lorenzo. Fiquei com a vontade imensa de dar ré e amassar a lataria do seu precioso carro.
Mas refreei o impulso — Lorenzo já tinha sido provocado até o limite hoje. Machucar o seu bebê seria pedir para ele cortar meu pescoço e pendurar minha cabeça no octógono do Perverse. Ainda não. Minha conversa com ele seria em casa.
Esperei que Kananda entrasse em meu C4 Cactus branco para ligá-lo e começar a me distanciar de toda a bagunça que Lorenzo estava fazendo conosco, enquanto ela dizia onde morava, mas não lembrava de qual caminho tomaram.
Fiz que sim. Eu sabia por cima a localização que Kananda forneceu.
Não acredito que a menina da festa está dentro do meu carro. A menina que passou a noite com meu irmão. Pensei que seria um avanço, Lorenzo estar trazendo-a para o nosso meio, que ele estava começando a gostar da garota meio esquisita.
Mas ele estragou tudo. Como sempre faz.
Balancei a cabeça, pensando no quão bom seria ter um cigarro em meus dedos agora.
— Por que ele fez aquilo? — Como se lesse meus pensamentos, a garota perguntou.
Desviei a atenção da estrada e olhei para o seu rosto machucado, cheio de hematomas e começando a inchar. Comprimi os lábios. O pior, foi que ele quase não encostou nela. Os tombos que caiu e o nervosismo fizeram todo o trabalho por ele.
Dei de ombros, tentando acalmar minha mente. Estava na hora de dar o troco em meu irmão, afinal, ele merecia tudo o que eu estava prestes a contar.
— Lorenzo sofre de Transtorno de personalidade borderline.
E abandonou o tratamento porque acha que ele não surte efeito. Kananda arregalou os olhos, desviando-os para a estrada deserta a nossa frente.
— Nossa.
Sim, nossa.
Eu sabia que beijando-a estaria provocando-o, mas não sabia que seria tanto. Foi uma vontade louca de massacrar meu irmão e fazê-lo pagar pelo que tinha feito, até por que, Lorenzo — contra todas as provas do destino — parecia querer protegê-la de mim, com seu jeito bem torto.
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Fire | Vol. I
RomanceLivro 1. Série Dark Souls. Kananda Wright sempre foi atraída pelos bad boys, aqueles que fumavam e possuíam tatuagens espalhadas pelo corpo. Ou talvez, que só se vestissem de preto. Não importava, ela adorava observar os homens. Mesmo que a sua vida...