QUARENTA E DOIS | *MAYBE*

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ESTAR ALI EM cima, na frente de todos, fazia meu estômago rodar de uma forma nada emocionante

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ESTAR ALI EM cima, na frente de todos, fazia meu estômago rodar de uma forma nada emocionante.

A ansiedade me corroía, pior que ácido.

Aaron — aquele desgraçado com cara de fuinha —, cambaleou quando o soquei. Jesus, que dor horrível! Eu estava sem luvas, com as mãos nuas. E aceitei sua convocação, porque ele me chamara de vagabunda na entrada. E ele pagaria por isso.

Quando saí do carro de Pietro, gemi de frio e eles estavam ali, preparando-se para entrar. Scott, Sadrack e Aaron, o nojento. Ele disse que podia me esquentar e que até o final da noite, ainda me pegaria e comeria minha... como?, ah, sim, minha boceta rosada e quente.

Nem Scott e nem Sadrack falaram nada. Porcos. Acho que Pietro não ouviu, porque ainda estava dentro do carro, se ajeitando.

Eu também não respondi.

Quando era confrontada dessa maneira, tão diretamente e estupidamente —, as palavras sumiam da minha boca. Então, Pietro saiu do carro e ficou ao meu lado, sem nem cumprimentar um dos anfitriões. Gostei ainda mais dele.

Sussurrei para que esperássemos do lado de fora, para que pudesse respirar e me acalmar um pouco. Pietro acatou a ideia como se precisasse dela para viver.

Foi muito bom e gratificante, quando Aaron entrara ali cambaleando e pedira por uma luta comigo. Estava mais do que claro, que queria me humilhar na frente de todos aqueles homens sádicos e fortes.

Mas ele não conseguiria.

Abaixei quando um soco ameaçou destruir meu nariz e me joguei contra ele, derrubando nós dois na lona. Ridículo, eu sei. Não conseguia mexer meus membros, eles pareciam feitos de cimento, mas me desgrudei de seu corpo magro e levantei.

Foi quando Murder One, Metallica começou a tocar. Fechei os olhos e sorri. Muito bom. Adorava aquela música e ela seria extremamente especial para o momento.

Aaron ficou de pé com uma careta.

Cruzes.

Me encolhi um pouco e antes que pudesse pensar, uma rasteira fez com que minhas costas batessem com tudo no chão. Ai. O ar foi expulso de meus pulmões com violência excessiva. Aaron sentou em cima de mim e minhas mãos foram trancadas com as suas.

Ele sorriu, se abaixou e passou a língua por meu rosto, fazendo movimentos similares aos que Lorenzo fizera naquele quarto.

Não. Não.

Eu permiti que Lorenzo viesse por cima de mim, mas foi contra minha vontade que Patrick ficara por cima — assim como estava acontecendo com Aaron. Adrenalina e terror correram soltas em minhas veias enquanto lembrava daquela sensação.

Rosnei, mordendo sua língua com raiva quando ele ousou me beijar. O sangue pingava em meus dentes quando ele urrou de dor e saiu de cima de mim, segurando a boca enquanto o líquido rubro descia por seus dedos como cascatas.

— Sua vadia — gritou.

Sou mesmo.

Fiquei de pé. Maldita hora em que resolvi aceitar seu pedido. E maldita hora em que saí de casa também.

Merda.

Mas tudo bem, primeiro, precisava sair daqui. Aaron não estava bêbado, era uma farsa. Seus passos não vacilavam mais. Ele se aproximou novamente, como um touro enraivecido. Desviei de seu ataque e o soquei novamente, desta vez, no olho.

Aaron caiu para trás. Foi a minha vez de ficar por cima. Ainda estava sendo alimentada pela adrenalina, então desferi muitos socos em seu rosto, segundos depois, enganchei minhas mãos em seu pescoço, trancando sua respiração.

Vou. Matá-lo?

Ele conseguiu me empurrar para o chão e levantou. Rangi os dentes, sentindo o gosto de sangue. Estava prestes a fazer o mesmo, quando uma arma foi apontada para a minha cara. Aaron tinha o revólver apontado na linha de meu nariz.

Eu vou morrer. Eu iria morrer essa noite, porque desobedeci minha avó.

Foi quando um corpo apareceu em minha frente e levou Aaron junto. Lorenzo? Não.

Era seu irmão.

Olhei a cena com a respiração presa, os olhos esbugalhados e um grito preso na garganta. Gabriel e Aaron lutaram pela posse da arma com socos e empurrões. Gabriel não estava indo bem, mas Aaron também não estava em sua melhor condição.

Não.

Por favor, não.

Meu coração praticamente grudou no pescoço. Eu queria mandá-lo sair dali e me deixar morrer em paz. Ou simplesmente parar o tempo para que nada acontecesse. Voltar ao passado. Ficar em casa. Não ir para a cidade e destruí-la.

Ou talvez... não ir comprar pastel e evitar encontrar Lorenzo Willer. Evitar entrar em sua vida e na do seu irmão. De participar do Perverse. Se tudo isso não tivesse ocorrido, meu coração não teria errado um batimento quando escutei aquilo.

Um tiro.

Todos, quase pude sentir em meus ossos, ficaram em silêncio. Prenderam a respiração, naquele momento. Como eu. Até o DJ teve a decência de desligar o som. A cena dos dois pareceu estar sendo monitorada por todos os olhos. Passando em câmera lenta.

Meus pensamentos pararam.

Levantei, completamente aturdida.

Um único tiro. E sangue. Ah, o sangue.

Gritei de medo quando um corpo caiu para trás. Morto. Com os olhos abertos.

A bala estava alojada no peito de Gabriel.

Fire | Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora