CINCO | *RAPACIOUS *

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IRMÃO?

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IRMÃO?

Bem. Foi naquele exato momento que me perguntei por que a confusão e o azar me perseguiam diariamente. O que eu tinha feito de errado para a vida me odiar tanto? Tirando a parte em que me aventuro a noite pelas ruas desertas...

— Lorenzo? — Gabriel se virou em sua direção, surpreso.

— Irmão? — Perguntei no mesmo instante, a contragosto. Como assim?

Que coincidência maluca era aquela?

Os dois me olharam como se presas estivessem começando a despontar dos meus olhos. Senti minha pele em chamas e tomei mais um gole do coquetel — que, naquele momento, não parecia tão amargo e quente como o inferno.

Deixei que um sorriso tenso se insinuasse em meus lábios, olhando para o barman. Que acompanhava nossa situação vidrado.

— Sim — Lorenzo ficou na minha frente, praticamente encostando seu peito em meu nariz, já que não havia muito espaço entre eu e Gabriel. Nossa, hoje ele estava cheiroso —, ele é meu irmão. E tem uma namorada.

Não. Não.

Fechei os olhos e respirei fundo. Uma puta, era assim que me sentia naquele instante. Eu não sabia que ele tinha namorada, senão, jamais faria algo do tipo. Tão impulsivo e relapso. Nem aliança, Gabriel tinha. E fora ele a me procurar.

Como eu iria saber?

Aquilo não diminuiu minha culpa. Porque agora, parecia mais do que nunca com minha mãe.

Era isso que dava sair da minha área de conforto para vir em uma festa, com pena da colega universitária que não estava nem aí para mim, provavelmente bêbada em um canto. Ou será que Cristina já fora embora e me deixara aqui sozinha?

Parabéns, Kananda. Talvez assim, você aprenda a parar de ser idiota.

Levantei um pouco tonta pela bebida — o sapato não ajudando em nada —, ou pela vergonha, quase tropeçando. Lorenzo me segurou pelo cotovelo, me amparando. Aquela proximidade... sua respiração quente em minha bochecha...

Por que precisava passar por aquela situação com álcool no cérebro? Ergui os olhos para os seus e tudo pareceu parar ao nosso redor. Só existia ele e ninguém mais. A música ficou abafada, as pessoas desapareceram e tudo em que consegui reparar, foi como a sua boca estava perto da minha.

Ah, Kan, não faça isso consigo mesmo. Não arrume mais problemas do que consegue revolver.

Ele me tirou do dilema com um vigoroso tapa de realidade.

— Onde está o meu isqueiro, ladra de irmãos?

Ladra de... Estreitei os olhos e o fitei com raiva, tremendo. Lorenzo estava vestindo uma camisa social preta e uma calça branca, com sapatos da mesma cor. No meio de toda minha cacofonia mental, pensei o quanto ele ficava estranho.

Fire | Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora