TRINTA E CINCO | * THEATRE*

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LIDAR COM COBRAS como Sadrack e seu filho com mentalidade de doze anos, nunca foi minha especialidade. O certo era matá-los logo de uma vez. E como eu gostaria de poder fazer isso sem arrumar uma guerra entre nossos clubes.

Acho que Sadrack pensava o mesmo.

Mas, agora os dois estavam na minha frente. E eu tinha que ser minimamente sociável.

Fiquei ainda mais desconcertado e desestabilizado quando Pietro saiu daqui e foi acompanhar Kananda ao banheiro. Pensei nela, na dor que deveria estar sentindo. Ela era ingênua e fraca demais para o nosso mundo. Não tinha estômago para aturar o que fazíamos aqui.

Ver aquela lágrima escorrendo por seu rosto... ouvimos seus gritos com Scott daqui.

E eu queria desesperadamente sair desse escritório e ter uma conversinha com ele. Saber por qual motivo tinha colocado o nome de Kananda naquele cadáver, propício a investigações. E também lhe agradecer a contragosto pelo belo trabalho.

Talvez um soco aqui, um tapinha nas costas ali. E outro soco, para finalizar.

Mas... eu ainda estava preso as negociações. Voltei meus olhos para Sadrack, ele estava com a atenção pregada na porta fechada. O que você está pensando?

— Parece que o animal que você carrega pela coleira não é capaz nem de cuidar de uma garota de dezoito anos — soltei.

Se eles queriam brincar... iriam aprender que eu também sabia soltar minha dose de veneno.

Sadrack e Aaron se entreolharam. Tentei captar a direção dos pensamentos dos dois, mas não consegui.

Pude ver a raiva mal contida do filho, mas Sadrack apenas sorriu, convencido.

— Ela é linda. Uma bela conquista, ao que parece.

Ah, pegou pesado.

Dei um sorrisinho cruel e mordi a língua até me acalmar. Aaron olhou para Kananda quando ela ficou de costas para nós naquela sala, como se fosse uma barra de chocolate, gostosa e deliciosa. Eu nunca a tinha provado, mas... acho que ela era sim.

E aquilo me deu vontade de separar a cabeça daquele moleque idiota do corpo.

Agora, Sadrack a olhou... com o quê? Aquele olhar não era de cobiça. Isso eu sabia bem. E era melhor mesmo ele se enxergar, estava quase ficando velho demais. É óbvio que Kananda não ficaria e nem entraria naquela corja de najas.

Como entrou na nossa.

Mesmo assim, algo naquela perturbadora troca de olhares me deixou alerta.

— É verdade. — Acabei concordando.

O meu escritório ficava em cima do bar. Pelo vidro, eu tinha o total vislumbre dos octógonos lá embaixo. Foi onde vi Kananda com Pietro, sorrindo. Então, ela já foi ao banheiro e já limpou as lágrimas. Que rápido. Fiquei observando enquanto Scott se aproximava com as mãos estendidas para cima, no que pareceu um gesto de rendição.

Fire | Vol. IOnde histórias criam vida. Descubra agora