Tredici

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Quando o beijo entre mim e Marina é cessado, abraçamo-nos como se este gesto nos unisse num único ser, como se nada nem ninguém fosse capaz de separar-nos. Ao longe, ainda é possível ver o guarda-chuva vermelho que há instantes nos protegeu. E perto, há a emoção da partilha de um sentimento novo e mágico entre duas pessoas que se apreciam. Por nossos corpos estarem grudados é possível ouvir, sentir seu coração que quase salta do peito e o meu não poderia estar de outra forma senão dessa também.

- E pensar que eu deixei você ir embora. – Ainda mantendo o abraço, diz próximo a minha orelha – Acho que não me perdoaria se te perdesse.

- O que te fez mudar de ideia? – nós nos afastamos um pouco e nos olhamos fixamente.

- Depois que você foi embora alguém me disse: "É muita burrice deixar a felicidade partir quando ela está batendo na porta. Permita-se ser feliz ao menos uma vez".

- E quem foi essa pessoa?

- Francisca – diz-me pura e simplesmente.

Quase não acredito no que acabo de ouvir. Jamais imaginei que Francisca perceberia o que sinto por Marina – embora esse sarau tenha sido um tanto esclarecedor. Saber disso, no entanto, faz-me pensar em como ela deve ter ficado quando me ouviu recitar e percebeu que o que eu fazia era para Marina. Permaneço estática, sem dizer uma palavra e ela prossegue:

- Depois de escutar isso, me fiz de forte, querendo negar ainda mais o que estava sentindo, mas não consegui continuar mentindo para mim mesma, eu precisava e preciso de você.

- Posso dizer o mesmo – digo segurando suas mãos. E, após alguns segundos, Marina fala num tom de brincadeira.

- Olha a situação em que você me coloca, menina. – E apontou para as suas vestes completamente molhadas – Agora vamos sair dessa chuva porque eu realmente não me perdoarei caso você fique doente.

- Eu não quero ficar longe de você agora.

- Não precisamos ficar longe uma da outra – diz com certa insegurança. – Vamos... para... minha casa. Tudo bem? Lá poderemos... conversar melhor. Sem contar que não correremos o risco de que alguém nos veja.

- Tudo bem, mas... sua casa? Ehh, - prossigo meio sem graça – e seu marido?

- Outra casa, Clara. Não haverá ninguém lá a não ser nós duas.

Estendo minha mão como sinal de assentimento, Marina a segura e me conduz ao seu automóvel. Ela dá partida no veículo e me diz que iremos à Mooca, local em que sua casa está situada. Cerca de vinte minutos depois, chegamos ao bairro. Ela estaciona em frente a uma simpática casa de dois andares, em que sua estrutura variava entre madeiras, tijolos e vidros.

Ela abre a porta da casa, me dá passagem e assim que eu entro ela procura pelo interruptor. A luz se acende. Viro de costas para olhá-la, mas ela está com o rosto virado para a porta que acaba de ser fechada. Aproximo-me de dou-lhe um beijo em sua nuca. Nesse momento, seu corpo reage ficando arrepiado. E eu arrepio-me ao ouvi-la gemer baixinho. Ao ouvir esse som, como que por instinto, girou-lhe o corpo, para que fiquemos cara a cara, e empurro-a contra a porta. Eu preciso sentir essa mulher por inteira.

Posiciono uma perna entre as dela e pressiono meu corpo contra o seu. Ela me sorri e leva suas mãos à minha bunda e aperta com força. Beijamos-nos, tiro-lhe o terninho e dou leves sugadas e mordidas em seu pescoço. A atmosfera do momento, no entanto é quebrada:

- Clara, clara, clara, não. – Agora imaginem a minha cara, pois é – Façamos uma promessa. Ok? – concordo com a cabeça – Devemos ir com calma. Querendo ou não, sou sua professora. Não é que eu não queira... você sabe, mas devemos dar um passo de casa vez. Embora eu saiba bem que vocês adolescentes não...

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora