Sem mais discutir, visto que é algo inútil, direciono-me ao meu quarto. Fecho a porta e nela encosto meu corpo. Pergunto-me como isso foi acontecer. Isso está uma grande bagunça. Pobre Francisca, sendo acusada de algo que não aconteceu. Foi até ela quem, de certa forma, coagiu Marina a ir ao meu encontro. Um insight. Recordo-me de algo: Marina foi chamada para ir ao colégio para resolver um problema. Esse problema. Deus, o que ela está pensando de mim? Será que ela acreditou no que ouviu? É claro que acreditou. Ela mesma insinuou uma vez quais eram as intenções de Francisca comigo. Começo a chorar e tremer por causa do meu nervosismo. É isso, acabou. Acabou sem ao menos ter, de fato, começado.
De repente, ouço ruídos vindos da sala de estar e logo duas vozes conhecidas começam a se sobressair.
- Ana Clara ficou louca. Já você é uma irresponsável. - Mamãe diz.
- Se você a escutasse, talvez não a chamasse de louca e nem a mim de irresponsável. - Bianca diz com firmeza.
- Eu quero realmente entender o que aconteceu com vocês duas. Nem parecem minhas filhas.
- Mãe, a Ana me disse que não estava com essa mulher e, não sei se escutou, o George a bateu. Não sei a senhora, mas eu prefiro acreditar na garota que convive comigo desde o nascimento do que num adolescente amargurado com o fim de um namoro, que, aliás, apareceu em nossas vidas há alguns meses.
- Você é idiota ou o quê? Por que o George inventaria coisas tão graves contra a Ana Clara? Ela quem fez coisas erradas.
- A senhora não sabe se ela fez algo errado e mesmo que tivesse feito, não justificaria o George ter contado daquela forma. Ele expôs a sua filha para o colégio inteiro, você percebe? Essa atitude não é de uma pessoa que gosta de outra, é atitude de quem quer se vingar.
- Não adianta conversar com você. Você está do lado da Ana Clara. Desde pequena sempre foi assim. Quando ela nasceu, você não desgrudava dela. Eu lembro de quando vocês eram menores, uma defendia a outra, sempre. Sempre juntas, mancomunadas. Não seria diferente agora, não é?
- Você está se ouvindo? Se a Ana estivesse fazendo algo errado e eu soubesse, falaria com a senhora ou com o papai, mas nada do que ela me disse pareceu errado...
-Então se relacionar com a professora é algo normal? - gritou mamãe, revelando uma exaltação ainda maior.
- Em nenhum momento ela me disse que estava ou está se relacionado com a tal professora. Mas sabe o que eu estou percebendo? A senhora se preocupa demais com o que o George diz e esquece da sua filha. A senhora nem mesmo a escutou.
- Ainda bem que você chegou - mamãe diz após o som da porta sendo fechada ecoar pelo apartamento - precisamos resolver tudo isso, a transferência de escola, processo...
- Onde a Ana está? - Papai. Ele a questiona com a sua voz firme.
- Quarto - Bianca responde.
- Não deixe a sua esposa falando sozinha.
- Antônia, falarei antes com a minha filha. Não quero fazer nada sem antes conversar com ela.
- Não há nada para se conversar, as coisas estão bem clara para mim.
- Mas não para mim.
Após alguns segundos de silêncio, ouço batidas na porta e um pedido para entrar. O medo toma conta do meu ser. Corro para a cama e encolho-me. Ao abrir a porta e ver onde estou, meu pai se aproxima, senta-se na cama e muito calmo dirigi-me a palavra:
- Você sabe o que eu vim fazer aqui, não é? -confirmo com a cabeça - Não sei se o que o George nos disse era verdade, por isso quero ouvir de você. Quero e preciso saber o que se passa nessa cabecinha - sorri e aponta para minha cabeça. - Além disso, preciso entender o que foi que aconteceu para não ser injusto com ninguém.
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Amar é Preciso | ⚢
RomanceO que acontece quando uma adolescente se apaixona por sua professora? E se não for um sentimento mútuo? Mas... e se for? Juntos, conheceremos a Ana Clara Machado e Marina Amaral, aluna e professora, respectivamente, e o que resultará da aproximação...