Otto

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Cá estou eu, numa linda quarta-feira de verão ouvindo Melissa me encher os ouvidos por não a ter contado que tenho um namorado. Agora é intervalo no colégio e ela me arrastou até a biblioteca para lhe dar as devidas explicações.

— Qual é, Ana? — Me questiona incrédula por ter omitido o fato dela — Eu precisei que a Sarah viesse me fofocar que "Nossa, a Ana está pegando um cara que, óh, delícia". — Fala com uma voz extremamente fina e "nojentinha" quando imita Sarah e é impossível não rir — Por que você não me contou?

— Melissa, Melissa — Digo a interrompendo — Posso falar? — Ela assente com a cabeça — Eu namoro mesmo com George, o cara que a Sarah viu ontem. Desculpa não ter falado, é só que...

— É só que...?

— É que eu não achei que fosse algo importante. — Falo olhando para o chão.

— Oi? Como assim, achou que não era algo importante?... Bom, na verdade não seria algo importante mesmo se você não estivesse caidinha de amores por Voldemort; e eu não soubesse disso. — Fala com um sorrisinho malicioso nos lábios.

— Você vai mesmo chamá-la de Voldemort? — Pergunto rindo do apelido que Melissa dera à Marina.

— É lógico. E agora para de enrolar e me conta do seu namoro. — Diz com a curiosidade estampada bestialmente em seu rosto.

Conto à Melissa sobre o meu namoro. Conto tudo. Tudo mesmo. Desde como George e eu começamos a namorar até o momento em que me apaixonei por Marina.

— Fecha a boca. — Digo enquanto eu mesma levanto o seu queixo.

— Você está fodida, menina. — Me diz com uma expressão facial que demonstra surpresa e preocupação.

— Não, não estou. Você é quem acha isso. E olha esse vocabulário.

— Quem você está enganando? A mim ou a você mesma? Ana, você está completamente fodida. Olha, você tem três opções: Namorar um cara que você não gosta, lutar pela Marina ou tentar seguir a vida sem nenhum dos dois. Mas independente de qual seja a sua escolha, você vai sofrer.

— "Sua falta de fé é perturbadora".

— Bom, mas já que você vai quebrar a cara mesmo, eu acho que você deveria tentar algo com a Marina.

— Sério? — Pergunto e tenho certeza que meus olhos estão brilhando.

— Lógico que não, Ana. Está louca?

— Ridícula.

— Ana — seu tom de voz torna-se mais sério —, entende uma coisa: Mesmo que nunca role nada com a Marina, o que é provável, você precisa terminar com esse cara. Não é uma relação saudável para você e nem para ele.

— Eu sei disso. Ok?

— Pois não parece. Ana, vocês namoram há quase sete meses, daqui a pouco você casa com ele e nem percebe a burrada que fez. Se um dia acontecer de você ficar com a Marina, eu serei a mais feliz das pessoas, porque vou saber que você — enfatiza essa última palavra — está feliz. Entende?

Quando Melissa termina de falar, fico em silêncio por alguns minutos. Sei que ela está certa, sei que preciso terminar com George e tudo mais, mas eu não sei o que fazer com a minha vida.

O sinal toca e direcionamo-nos a nossa sala.

— Pensa sobre o que eu disse, tá? — Diz segurando a minha mão e em resposta eu apenas aperto um pouco mais a sua e sorriu. — Agora vamos logo para sala, que teremos aula com Francisca, vulgo destruidora de corações — Diz gargalhando.

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora