Possibilità: L'ultima parte

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— Posso não entender quase nada de português, mas não sou idiota. — Cecilia disse calmamente ao entrar no quarto — O que foi aquela cena, Chiara?

Ana fechou a caixa e a colocou embaixo da cama.

— Já disse que não quero falar sobre isso. — Respondeu na defensiva.

— Mas eu quero! — Sentou-se ao seu lado e segurou suas mãos. Com um tom de voz ainda mais suave, prosseguiu — Quem era aquela mulher da foto e por que você ficou tão abalada? Ela é a mãe do Gustavo, não é? De onde vocês se conhecem e por que você ficou assim?

— É uma história longa, não vale a pena. — Fungou e limpou as lágrimas e a coriza com a manga da blusa. Os olhos vermelhos e inchados queriam a todo custo evitar contato e por isso miravam o chão.

— Tenta! — Cecilia insistiu mais uma vez.

Dois dias depois de conhecê-la, Gustavo espantou-se quando viu Ana Clara parada em sua porta. Após acomodá-la na sala, perguntou o que ela desejava.

— Gostaria que não comentasse com... com a Marina que me conheceu.

— Por quê?

— Porque estou fazendo minha vida aqui, não tenho mais nenhum vínculo com o Brasil e...

Gustavo estava ciente de toda a dor que sua mãe passava. Quando viu Ana Clara pensou que conseguiria fazê-la mudar de ideia e retornar ao Brasil, no entanto, começara a perceber que talvez fosse inútil insistir naquilo.

— Nenhum? — Perguntou curiosamente — Entendo que possa não gostar mais da minha mãe, mas lá você ainda tem sua família e amigos..., mas tudo bem, não se preocupe, não falarei com ninguém.

— Não tenho mais amigos no Brasil e minha família me leva diretamente a Marina.

Não tinham muito o que conversar e ela fora em sua casa apenas para pedir descrição, por isso, despediram-se logo. No entanto, quando estava já na porta, Ana se deteve.

— Posso te fazer uma pergunta, Gustavo? — Confirmou — Aquele perfume da Marina... como era feito? Ela nunca me contou. Sempre dizia que eu deveria perguntar para você quando nos conhecêssemos.

— Essência de baunilha e flor de maracujá.

Ela sorriu, jamais imaginaria que aquela fragrância era resultante da composição desses elementos. Admirado com o sorriso e espontaneidade da jovem, bem como com o seu ar leve e despretensioso, Gustavo comentou:

— Você é muito bonita — Não esperando por aquele elogio, Ana corou — Entendo por que minha mãe é apaixonada por você.

— Ela já deve ter me esquecido...

— Como eu disse quando esteve aqui, ela ainda fala de você. Se um dia você voltar, tenho certeza de que ela vai querer te ver.

— Eu não pretendo voltar, Gustavo.

No dia seguinte, após finalizar as aulas particulares de língua portuguesa que ministrava, Ana Clara foi com Cecilia para a casa. Enquanto preparava o jantar, seu telefone tocou e Cecilia o atendeu colocando no viva voz. Uma Bianca chorosa falava que Fábio sofrera um desmaio após uma queda e que, depois de alguns exames, foi constata a existência de um tumor no cérebro. Ele estava hospitalizado, mas estável e pedia para que a filha fosse vê-lo.

Algum tempo passado, Ana disse para Cecilia:

— Eu não quero ir sozinha.

Ana precisava voltar pelo pai, mas a viagem era incerta e precisaria enfrentar um passado doloroso para si. A mulher compreendeu, iria com Ana.

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora