Diciannove

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— Vamos? — Levantei-me da cadeira em que fiquei sentada a tarde inteira e, ainda emburrada, segui minha irmã até seu carro que estava estacionado em frente ao estúdio de fotografia. Entro no veículo, mas Bianca não porque um rapaz que estava trabalhando com ela pede que ela espere. Conversam rapidamente, ele volta ao estúdio e minha irmã dá partida no automóvel.

— Sabe por que Edgar me chamou?

—Lógico que não, né? — Respondo de maneira grossa e percebo que ela se irritou, por isso logo me arrependo, afinal Bianca não está me tratando mal, dona Antônia está — Desculpa, desculpa. O que ele disse? — Digo me referindo ao fotógrafo.

— Ele veio me reforçar um pedido.

— Que pedido?

— Que eu conversasse com você — Franzo o cenho — Ele quer que você tire umas fotos com ele.

— Olha a minha cara de modelo — aponto para meu próprio rosto — Eu não gosto dessas coisas e você sabe que só vim até aqui porque não tinha outra opção.

— Tudo bem. Não está mais aqui quem falou. — Bianca levanta os braços em sinal de rendição. — Não toco mais no assunto, está bem?

Bianca e eu chegamos em casa às seis da noite. O caminho percorrido foi, na medida do possível, agradável, mas nada me fez esquecer o que minha está fazendo comigo. Me manter afastada para que? Por quê? O que foi que eu fiz? Ela sabe que eu não estava com Francisca, então por que me tratar desse modo?

Desde o meu sumiço no dia do sarau, a nossa convivência se tornou tão dura e complicada. Se ela ainda soubesse sobre Marina e eu, seria compreensível, mas o problema é que não sabe. Não tem ideia do que se passa e mesmo assim insiste em me afastar de si.

Bianca cumprimenta Renato e vai em direção ao seu quarto, dizendo estar muito cansada e necessitada de um banho quente. Eu, por outro lado, sento-me ao lado do meu irmão com o intuito de assistir televisão com ele, mas logo sou avisada:

— Acho melhor você ir direto para o escritório da mamãe.

— Ela está em casa?

— Sim, essa semana ela só vai no período da manhã naquele escritório que ela está ajudando e a tarde vem para casa resolver a viagem que vai fazer. Pensei que a Bianca tivesse te avisado.

— E avisou, só não achei que ela ficaria mesmo em casa a partir da tarde.

— Mas ela ficou e vai ficar no resto da semana. Agora vai logo porque ela foi bem clara: "Quero a Ana Clara no meu escritório assim que chegar".

Me levanto do sofá e subo as escadas da sala em direção ao segundo andar. Cruzo o corredor e paro em frente a porta. Conto até cinco respirando pesado e finalmente dou três batidas na porta. Ouço um "Entre" e assim o faço. Dona Antônia provavelmente sabendo que seria eu a pessoa, fica em pé atrás de sua mesa e aponta para a cadeira a sua frente.

— A senhora queria falar comigo? — Me sento no local indicado.

— Sim. — Volta a se sentar em sua cadeira

— Então...?

— Quero que você ocupe o seu tempo. — Diz calma e serenamente.

— Ocupar o meu tempo? — Pergunto realmente sem entender onde ela quer chegar.

— Quero que faça alguma coisa, oras. Você tem todas as suas tardes e finais de semana livres, quero que os ocupe.

— Mas por que isso agora?

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora