Nota: Esse é o epílogo e ele foi dividido em três partes porque ficou grandinho. Aproveitem!
Naquela época do ano, devido às fortes temperaturas, as praias costumavam estar sempre cheias. Desde que se mudara para Il bel pease, Ana Clara sempre buscava na imensidão do mar uma paz há tempos perdida e nem mesmo as pessoas ao seu redor tiravam-lhe a concentração daquele árduo trabalho.
— Chiara? — A italianinha chamava pela quarta vez. Sabia que Ana Clara não sairia daquele transe tão facilmente. Estalou os dedos em frente ao rosto da amiga — Chiara?
Em italiano, Ana Clara desculpou-se alegando estar distraída com a beleza do dia. Cecilia fingiu não ter falado nada, visto que Ana simplesmente não escutou. No entanto, voltou ao tópico como se fosse a primeira vez:
— Eu estava pensando que, talvez, nós pudéssemos ir ao Brasil.
— Péssima ideia.
Na defensiva, levantou-se e começou a recolher seus pertences. Colocou a bolsa no ombro, os óculos escuros e o chapéu que cobriu quase todos os seus curtos fios de cabelo.
— Pode me dizer por quê? Ouvi dizer que as praias brasileiras são lindas, leve-me para conhecê-las.
— Minha vida é aqui, Cecilia.
Ao chegarem onde o carro estava estacionado, Ana abriu a porta para Cecilia e logo assumiu sua posição como motorista. Aos sábados, quando ensolarados, acordavam cedo, iam a praia e depois ao encontro de Simone¹, pai de Cecilia e dono da distribuidora de flores onde as duas trabalhavam.
— Temos muito trabalho hoje, então vamos esquecer essa história.
A contragosto, porque Ana sempre desviava de quaisquer questionamentos sobre o Brasil, Cecilia concordou.
Na estrada a beira mar, o vento batia contra o rosto das duas, mas para Ana a sensação causada era diversa daquela causada em Cecilia. Para a italiana, era apenas o vento. Para Ana, era um sopro de vida que lhe dava forças para prosseguir seu caminho depois de todos os acontecimentos de cinco anos atrás.
Ana Clara acordou lentamente. Seus olhos se irritaram com a predominante cor branca do cômodo. Passados alguns minutos, seu corpo habitou-se a nova realidade. Não sabia quanto tempo se passara desde o acidente, não sabia o que acontecera com os outros, não sabia o que acontecera consigo.
Tentou sentar-se, mas o corpo não obedeceu seu comando. Quis tirar a máscara do rosto, mas antes, com dificuldade, retirou a agulha que estava enfiada em seu braço. Este parecia extremamente pesado, mas conseguiu também retirar a máscara e finalmente respirar melhor. Olhou ao seu redor e deu-se conta de onde estava. Com facilidade, sua memória puxou as lembranças e o que viu fez sua cabeça doer.
Dr. Euclides, médico da família, ao entrar no quarto e perceber que Ana finalmente acordara, sorriu. Sentou-se ao seu lado e perguntou como se sentia, se se lembrava de algo, se tinha alguma pergunta.
— Há quanto tempo estou aqui? Por que não consigo mexer meu corpo direito?
— Ana... você ficou em coma durante quase três meses. Não conseguir mexer o corpo agora é normal, mas... mas precisamos fazer exames... Seu pulmão foi o que mais se machucou por conta do tiro, mas você também quebrou uma perna e teve uma fratura na coluna, ainda não sabemos o quão grave ela foi, mas sabemos que, de qualquer forma, você precisará fazer algumas sessões de fisioterapia.
(...)
Quando Antônia chegou ao hospital, encontrou sua filha numa cadeira de rodas, olhando através da janela do quarto. Assustada, olhou para Euclides na espera de uma resposta.
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Amar é Preciso | ⚢
RomanceO que acontece quando uma adolescente se apaixona por sua professora? E se não for um sentimento mútuo? Mas... e se for? Juntos, conheceremos a Ana Clara Machado e Marina Amaral, aluna e professora, respectivamente, e o que resultará da aproximação...