Trentuno

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— Que merda você pensa que está fazendo, sua imbecil? Perdeu o senso do ridículo?

— Bianca? — Questiono confusamente por não acreditar que ela tenha entrado no quarto e me tratado desse modo — O que você está fazendo aqui? — A pergunta veio automaticamente, mas a resposta eu já imaginava qual era.

Bianca entrou no quarto e trancou a porta. Silenciosamente e cruzando os braços, ela andou até perto de mim. Olhou por cima do meu ombro, fixando o olhar na cama ainda bagunçada. Deu as costas e sentou-se numa cadeira que está de frente para a cama. Finalmente voltou-se para mim, no entanto com o semblante decepcionado.

— O que você pensa que está fazendo?

— Eu não sei do que você está falando, Bia.

— Ahh, não sabe? Claro. — Apoia os cotovelos nas pernas e as mãos no queixo — Vi você subindo as escadas que dão acesso ao segundo andar e quando começou a demorar, vim te procurar. Pensei que pudesse ter se pedido, sei lá. Entrei num banheiro para ver se você estava lá, mas vendo que não, saí. Só que aí, Ana, no momento em que eu estava saindo, vi a Marina deixando este quarto. O sorriso dela ia de orelha a orelha, mas se desfez assim que me viu. Daí eu me lembrei de uma coisa: um minuto depois que você subiu as escadas, a Marina faz o mesmo.

"Eu não queria acreditar no que a minha mente estava supondo, mas lembrei de uma certa garota ruiva. Você era completamente apaixonada por uma garota ruiva. Eu nunca vi essa menina e nem poderia, já que vocês duas terminaram assim que voltamos de viagem. Outra coisa que terminou foram suas aulas de italiano com a Marina. Estranhei, claro. Você adora o italiano e tinha uma professora boa, por que terminar? Mas deixei para lá. Não queria dar uma de irmã rabugenta que pega no pé da mais nova.

"Vi vocês duas dançando... Professora e aluna que são amigas, dançam... achei bonitinho até. Mas daí, quando vi a Marina saindo deste quarto, quando vi o sorrindo se desfazendo ao me ver... Conectei as coisas. Pronto, eu só precisava abrir esta porta e confirmar. Mas agora, Ana Clara, acho que ter ficado na dúvida teria sido menos decepcionante."

— Bi, não é exatamente isso que você está pensando. — Tento me aproximar, mas ela apenas aponta para a cama, indicando que eu devo me sentar e assim o faço — As coisas entre mim e Mari não são com...

— Não são o quê? Como eu estou pensando? Eu pensava que você fosse mais responsável. Você tem ideia do que nossos pais podem fazer? E com razão? A mamãe já não gosta da Marina, agora imagina quando ela descobrir que vocês duas estão... Mamãe enfia Marina na cadeia para não mais sair, você entende a gravidade das coisas?

— Você vai contar para a dona Antônia? Pelo amor de Deus, Bianca, não faz isso.

— Embora devesse, não vou contar nada para ninguém.

— Obrig...

— Quero que vocês terminem! — Olho-a espantada e ela prossegue — Se vocês não derem um fim nessa palhaçada até quarta-feira, vou contar aos nossos pais. Vocês duas perderam totalmente o juízo e eu o trarei de volta.

— Terminar?

— Exatamente. O que vocês estão fazendo tomará proporções muito grandes se não pararem agora. Um exemplo simples disso é a Bárbara. Mais cedo ela puxou assunto comigo e me falava super bem de você. Ela te adora, acha que você é uma ótima amiga.

"Uma vez, quando fui te buscar no colégio, vi a Babi e seu rosto me era familiar, mas não consegui ligá-lo ao nome. Hoje, quando ela veio falar comigo, além de te enaltecer, me disse de quem era filha e eu, me lembrei. Há alguns anos, quando a mamãe e o Ricardo trabalharam juntos, eu vi a Bárbara... Bem, agora se você me disser que se aproximou desse menina por ela ser filha da Marina, eu não vou estranhar."

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora