Trenta

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— Mas o que você vai aprontar agora? — Pergunto enquanto ela me arrasta salão adentro.

— Espero que você saiba dançar. — O sorriso estampado em seu rosto revela que sua ideia mirabolante foi feita para dar certo. — Uma coisa que não é te contei, é que eu sempre sou a responsável pela escolha das músicas quando há festas do escritório — De repente ela para no meio do salão, retira o celular que estava em seu sutiã e faz uma ligação — Daqui três minutos você coloca uma faixa mais leve.

— Com quem você está falando? — Faz um gesto com a mão para que eu espere.

— É, cara, qualquer coisa que dê para dançar... Se vira aí. — Desliga o celular e olha vitoriosa para mim — Pronto. Agora vai chamar a Marina para dançar!

— O quê? Dançar? Não, não, não. — Nego e balanço as mãos em afastando um pouco de si.

— Ana Clara, Marina adora dançar, mas meu pai não, daí ela sempre fica jururu nessas festas. Apesar de ainda estar com raiva, ela te adora e sei que você também a adora. Dava para perceber que a relação que vocês tinham era de amizade e respeito mútuo. Senão fosse por minha culpa, nada teria mudado. Me deixa ajudar, ok?

— Babi, eu tenho é medo das tuas ajudas. Deixa as coisas como estão.

— Já que você está com vergonha de chamá-la, — ignora o que acabei de falar — me espera aqui.

Se vai me deixando completamente perplexa por causa de suas palavras. No entanto, não se passam dois minutos e ela já retorna arrastando Marina pela mão. A ruiva é colocada em minha frente e se espanta ainda mais quando Babi vai embora sem nada dizer.

— O que está acontecendo aqui? — Pergunta de modo brando.

Quando me preparo para responder, a melodia de uma música, apesar de baixa, preenche o salão. O primeiro verso é cantado e meu peito acelera.

"De repente fico rindo à toa, sem saber por que"

Estendo a mão em sua direção e ela me franze o cenho.

— Dança comigo? — Ela me olha sem acreditar e em seguida repara nas pessoas ao nosso redor já começam a formar pares e balançar suavemente. — É só uma dança, Marina.

Sem nada dizer, mas com certo receio, faz com que nossas mãos se encaixem. Um encaixe perfeito como mão na luva. Minha outra mão vai ao seu ombro e a dela à minha cintura. Começamos a balançar mantendo uma distância considerável.

— Essa ideia de dança foi coisa da Bárbara?

— Sim. Ela deseja que a amizade — enfatizo essa palavra — que há entre mim e você volte a ser como era antes.

— Se ela tivesse a mínima noção do que fazíamos, com toda a certeza não quereria uma sandice dessas. Só que... — Segura mais forte em minha cintura e faz com que nossos corpos se toquem lentamente — eu sei o que fazíamos e sinto a sua falta.

— Mas não acreditou em mim quando disse que era tudo uma invenção da Babi.

"Mas o seu jeito de me olhar, a fala mansa meio rouca

Foi me deixando quase louca já não podia mais pensar"

— Não foi uma questão de acreditar ou não, Ana Clara. Eu precisava digerir tudo. Ponha-se no meu lugar. — A voz tomou um ar melancólico — A ideia de que você possivelmente já havia dormido com a minha filha estava me deixando louca. Quando você me disse que era tudo mentira, foi um alívio, mas eu precisava organizar as coisas na minha cabeça e também ouvir a Bárbara.

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora