Trentadue

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— Te peço,Bianca, apenas um voto de confiança porque eu amo a sua irmã. — Segura minhas mãos e me olha fixamente — Eu te amo.

Esquecendo que Bianca ainda se encontra na sala, dou um beijo singelo nos lábios rosados de Marina. O gesto não é aprofundado nem por mim nem por Marina, mas é interrompido quando ouvimos os berros de Bianca.

— Vocês ficaram completamente loucas?! — Se levanta de onde até então estava. Olhamos em sua direção e finalmente retornamos à realidade — Já falou pra Marina a merda que você fez em Portugal? Duvido que depois de saber, esse amor dela ainda existirá. E você, Marina, não tem medo de ser presa? Deveria saber que a nossa mãe nunca concordará com essa loucura. Meu Deus, vocês agem por impulso e não pensam em nada.

— Bianca, entendo que esteja nervosa, mas não estou agindo por impulso. — Ajeitou-se melhor no assento e fitou minha irmã — A Ana Clara tem mais de 14 anos e agiu por livre e espontânea vontade; Eu cometi adultério, não é certo, mas também não é crime. Nosso relacionamento não é um crime, entende? Logo não posso ser presa. O máximo que pode acontecer é a perda do meu emprego e da minha licença para dar aulas, mas nada disso acontecerá porque no próximo ano não estarei mais no colégio da Ana Clara.

— Como pode ter tanta certeza de que não pode ser punida criminalmente? — Bianca sente seu orgulho ferir diante das informações de Marina.

— Ser casada com um advogado, no final das contas, não foi de todo mal.

— E quanto aos nossos pais? O papai pode até aceitar isso, mas e a mamãe? Você não conhece a dona Antônia. Ela não aceitaria que seus filhos se envolvessem com pessoas do mesmo sexo... Ainda mais a Ana Clara, que é menor.

— Bianca, conheço seus pais o suficiente e sei que a Antônia é uma pessoa, digamos, difícil. Não será fácil para ela, mas aceitará porque ama a Ana Clara e, diferente do que você disse, ela não é homofóbica. — Diz por fim, como que querendo encerrar a discussão. — Por favor, me dê um voto de confiança.

— Ahh, quer saber? Vocês que se resolvam! — Irritadíssima, Bia se dá por vencida — Mas uma coisa é certa, assim que seu divórcio sair, você deve esclarecer isso com todo mundo. Você deve falar com o pai e a mãe.

— Com toda a certeza! — Embora queira mostrar-se confiante, é possível notar que ela ficou nervosa pelo fato de ter que conversar com meus pais.

— Agora vamos, Ana Clara! — Bianca direciona-se à porta.

— Bia, será que eu posso ficar? —Arqueia a sobrancelha esquerda como se não acreditasse no pedido — Marina e eu precisamos conversar direito e...

— Nem pensar, Ana Clara! Desculpa, mas se eu deixar vocês sozinhas, a última coisa que farão é conversar. Vamos embora!

— Na verdade, Bianca, nós duas realmente precisamos conversar. Colocar os pontos nos is e ver como será daqui pra frente.

Impaciente diante do que ouve, Bianca olha seu relógio, respira fundo e diz que tenho exatamente duas horas para chegar em casa e que meu celular deve ficar ativo, caso ela queria ligar. Concordo com o que é estipulado e ela se vai.

Assim que Marina fecha a porta, me levanto e a vejo vindo em minha direção. Os sorrisos tolos e apaixonados nos dominam por completo. Entrelaça nossos dedos e beija a ponta do meu nariz e testa. Antes que eu tome qualquer atitude ou diga algo, Marina envolve minha cintura com os braços e me aperta contra si. Retribuo o gesto enroscando em seu pescoço e beijando-lhe o colo.

— Adoro quando você faz isso!

— Isso o quê? — Pergunto confusa, mas sem desfazer o contato.

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora