Trentasette

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— Nossas mães estão traindo nossos pais, Ana. O Fábio e o Ricardo não merecem isso.

Sei há tempos que Marina e dona Antônia têm uma rixa e que preferem manter isso para si. No entanto, com certeza não vou deixar as paranoias da Babi envenenarem o que sinto e a confiança que tenho em Marina e, principalmente, em minha mãe.

Boquiaberta, meu olhar se sustenta em Babi. Ela parece crente no que diz. Balanço a cabeça negativamente e seguro suas mãos, com o intuito de acalmá-la e assim passar confiança.

— Babi, o que você supõe não tem cabimento. As nossas mães não se bicam.

— E daí? — Ela se levanta e fica andando nervosamente — Já passou pela sua cabecinha que elas podem estar fingindo?

Paciência. Também me levanto e fico em sua frente

— E já passou pela sua cabecinha que você está criando coisas? ... Babi, te considero uma irmã e por isso me sinto na obrigação de dizer: Você tem um problema com a Marina e por ainda não terem resolvido isso, fica inventando coisas. Se isso ainda tivesse cabimento, mas não tem.

Ela solta minhas mãos e vira de costas. Abraça o corpo e depois, chorosa, volta-se para mim novamente.

— Pode ser que você esteja certa, mas...

— Não tem "mas", Babi — Digo de forma mais firme — Se resolva com a Mari de uma vez e pare de supor coisas que não existem.

— Mari — Ela repetiu com um sorriso triste — Você gosta mesmo dela. É obvio que você sempre dará razão a ela.

— Não fala besteira. Gosto sim da professora Marina, mas você precisa pensar e não falar/fazer tolices. Promete que vai fazer isso? Por você e pela Marina?

Babi apenas me abraça e depois sussurra em minha orelha:

— Tudo por você, irmãzinha.

Depois que aparentemente acertamos as coisas, decido voltar ao colégio pois logo o portão se fechará. Babi, por outro lado, diz que vai ir para casa de uma amiga. Nos despedimos e quando estou um pouco mais afastada, vejo ela sentar-se novamente onde estávamos e fazer uma chamada telefônica.

Quando entro no pátio do colégio, noto que Melissa está sentada num dos bancos e estalando os dedos compulsivamente.

— Dizem que não é bom fazer isso aí. — Ela se assusta e me olha como se não esperasse me ver — Mel, está tudo bem?

— Vem comigo!

Rapidamente a menina se levanta e me puxa pela mão. Sou arrastada até o banheiro. Quando chegamos, duas garotas estão em frente ao espelho e Melissa praticamente grita para que elas saiam logo. Depois de expulsar as meninas, ela encosta a porta e vem em minha direção.

— Mas o que...

Antes de qualquer questionamento ou possibilidade de reação, Melissa me empurra contra o frio balcão de mármore e enterra os dedos em meus cabelos. Os lábios quentes e úmidos avançam contra os meus agressivamente. Quando eles se tocam, Melissa torna-se mais delicada, mas não dou passagem para que ela prossiga. Apesar de seu ato petulante ser negado, ela insiste, pois, direciona os lábios ao meu pescoço e começa a distribuir beijos.

Nunca me passou ter Melissa além de uma amiga, e o fato dela agir deste modo inesperado e impulsivo não muda a realidade. Amizade é o único sentimento que nutro por essa menina.

Quando ela levanta a cabeça para tentar voltar aos meus lábios, seguro firmemente seus ombros. Olho-a nos olhos e posso ver o medo que inutilmente tentam ocultar.

Amar é Preciso | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora