Cap.22 - Change: Or Her Or Me

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«Hugo cont»

Vesti a minha t-shirt preta dos Ramones, que por acaso deve ser das minhas camisolas favoritas, umas calças de ganga escure e calcei as minhas air max pretas. Para terminar, coloquei um pouco de perfume.

Passei pelo espelho que tenho dentro do roupeiro, para dar uma ultima olhadela, acho que estou lindo, como sempre. Deu uma gargalhada com este pensamento. Acho que dizer/pensar isto já se tornou num habito. E não é que seja um desses convencidos que se anda por aí a gabar e a deitar a auto-estima de todos abaixo, mas também não sou nenhum renegado que anda aí pelos cantos a dizer que é feio. Nada disso. Tenho um bom corpo, e cuidado comigo, gajas atrás de mim não me faltam, por isso não me considero um bicho feio.

Peguei no meu telemóvel que estava na mesa de cabeceira e reparei que tinha uma mensagem, por isso sentei-me na cama para a ler.

‘A que horas me vens buscar bebé?

Mara xx’

Dei um sorrisinho malicioso. A Mara é a minha diversão de hoje. Não posso simplesmente fechar-me no quarto a queixar-me da vida e de amores falhados. Não mesmo. Até porque eu não tenho nenhum amor. E a Katherine? Acrescentou o meu querido subconsciente. Ás vezes este mete-me um nojo, tem de me relembrar as coisas nos momentos em que não as quero relembrar. A Kat, bem não posso dizer que me é indiferente, porque na verdade iria estar a mentir a mim mesmo. Ela não me é indiferente, não sei o que é, e isso está-me a deixar todo trocado. Eu não quero que ela seja um passatempo, mas também não quero que ela seja a pessoa por quem me vou apaixonar e passar os meus dias. Ainda é cedo para isso. Não posso depois do que aconteceu com a … nem consigo dizer o nome daquela cabra.

Agora, vou sair esta noite, com a Mara, vou curtir, esquecer a Kat, até porque não é muito importante para mim. Isso, continua a negar, que vai ser por isso que a vais esquecer. Ahhh, cala-te subconsciente de merda, não me faças lembrar dela hoje. Hoje é o dia ‘Esquecer a Katherine’. Amanhã é um novo dia, arranjo outra diversão, e nem me preciso de lembrar dela. Tudo vai passar. Ela é só uma miúda mimada que não sabe o que é a vida e só está bem a falar do que não sabe. Sim, é isso.

«Kat»

Kat: como está ela senhor doutor? – questionei o homem de bata, que pelos vistos é o médico que está a acompanhar a Caroline.

Ele parou de escrever no seu bloco e virou-se para me encarar, ajeitando os óculos.

Médico: bem, não lhe vou mentir, Dona -- - olhou para o papel que tinha na mão e depois de novo para mim – Katherine . A Caroline, continua igual, não dá sinais de melhorar nem de piorar. E não sabemos se isso é ou mau.

Aquilo foi como se me arrancassem mais um pedaço do meu coração. A ultima vez tinha-me aguentado um pouco melhor, porque tinha comigo o Hugo a apoiar-me, mas como sou uma burra, fiz com que ele nem me quisesse ver, agora só me resta aguentar sozinha. Mesmo com as meninas a insistirem, eu não quis que elas viessem comigo, não as queria meter neste sofrimento. Já chega estar eu.

Olhei para o teto tentando controlar as lágrimas e olhei de novo para o médico assentido.

Médico: lamento – colocou-me a mão no ombro numa tentativa de me reconfortar. Mas não sei porque, não ajudou em nada. Dei um pequeno sorriso, e o médico saiu, deixando-me de novo com a Caroline.

Dirigi-me até ao pé dela, e sentei-me na beira da cama, pegando numa das suas mãos. Naquele quarto só se ouvia os sons irritantantes das máquinas e o oxigénio que fazia a minha menina respirar. Decidi cortar o silêncio.

Kat: sabes, a minha vida não tem andado boa ultimamente. E sinto que não vai melhorar daqui em diante. Não costumo acreditar em milagres. – pausei – o Hugo, não me quer ver, não me fala. Pronto, eu fui muito parva com ele. Mas eu não sabia mesmo que ele não tinha pais. E podia ter evitado muito bem aquelas bocas. Mas ele também não tinha o direito de dizer que eu não sabia o que era essa dor. Sei muito bem. Sinto tanto a falta do Stefan, meu amor. Ele faz-me falta. Faz muita.

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