Capitulo Quatro – Iniciando as Consequências
Quando minha mãe foi me buscar no colégio ela estava preocupada, era notório. Eu fiquei mais arrependida que antes e me sentindo mais boba ainda. Dor invadiu meu peito ao vê-la triste, tive imensa vontade de chorar, porém eu ainda estava no colégio e todo o mundo sabe que não se pode chorar em um colégio. Ainda mais quando se é intervalo. Eu odeio essas coisas que o ser humano nos impõe a seguir. Ele determina tudo o que você fará e se não o fizer, você vira motivo de chacota, de bullying e até te jogam para escanteio — bem, naquela época tudo era assim, causava em mim muito desgosto. O mundo deveria ser mais amoroso com as pessoas, deveria acolher mais e distanciar menos.
Era nesses momentos que eu queria ter uma amiga menina, ela me entenderia quando eu dissesse que estava morrendo de vergonha ao ver minha intimidade na internet, exposta a todos. Eu amava a amizade do Caio, ele era uma das pessoas mais importantes da minha vida, todavia, não podia conversar com ele sobre menstruação, sobre as mudanças do meu corpo ou até mesmo sobre algumas pequenas – ou grandes — coisas que aconteceram — ou aconteceriam —, como esse vídeo. Eu queria desabafar com a minha mãe e dizer para ela que meu sonho agora era apagar esse vídeo da minha vida, e queria recomeçar de novo, mas como se minha mãe não tinha tanta intimidade comigo? Não poderia sofrer sozinha, poderia? Eu deveria simplesmente vencer a vergonha e desabafar, gritar e chorar em seu ombro, seria bem melhor que reprimir e suportar toda a dor sozinha. Ninguém é forte o bastante para enfrentar todos os problemas sozinho.
Caminhamos até o carro, abraçadas, juntas, eu ainda chorava, mas minha mãe esperava o momento de estarmos sozinhas para poder saber de tudo, e esse momento havia chegado:
— O que aconteceu, Rebeca? — perguntou minha mãe dentro do carro. Eu chorava muito naquele veículo. Sentia-me impura, nojenta, idiota... Era como se eu fosse a lama do fundo do copo de água cristalina.
Houvera uma vez que me senti assim, fora quando quebrei o braço aos sete anos na escola brincando de correr. Minha mãe pedira para eu não brincar de correr, poderia torcer o pé ou algo do tipo, mas na verdade, minha maior vontade era correr com minhas coleguinhas, brincar de pega-pega, rir e me divertir com elas, na minha cabeça minha mãe só não queria me ver feliz. Corri, momentos depois eu comecei a chorar, tinha caído em cima do braço, doía muito, e tudo o que eu mais queria era tirar meu braço fora do meu corpo. Esse dia eu me senti impura por ter desobedecido, e a partir dali, sempre obedeci minha mãe.
Mas esse momento não era como o outro, antes fosse o braço quebrado, ou até mesmo a perna, não ligaria, só queria que tudo não passasse de um sonho. Eu tinha medo do que minha mãe acharia, ela se decepcionaria? E se ela me colocasse para fora de casa? Tudo podia acontecer e eu morria de medo de todas essas possibilidades.
— Eu perdi minha inocência naquela festa. — soltei entre lágrimas dolorosas.
— Você é jovem, um dia ou outro isso iria acontecer — disse, tentando me acalmar.
— Mas eu estava bêbada e ele filmou tudo o que fizemos. Mãe, eu sou um lixo.
Sua expressão de surpresa me faria rir se eu não estivesse tão mal. A pele clara dela ficou branca, seus lábios rosados se mexiam sem sair voz alguma. Minha mãe passou a mão no cabelo ruivo e tentou se acalmar. Se nem eu estava calma, imagine ela.
— Ele divulgou esse vídeo? — perguntou paciente e com certo medo.
— Infelizmente sim... — Eu achei que minha mãe me daria uma bronca ou algo assim, no entanto, a única coisa que recebi foi um abraço muito apertado, ali eu chorei mais, ela estava sendo meu porto seguro, minha base. Ela estava sendo meu guarda-chuva num dia nublado e com suspeitas de tempestades.
Tudo o que eu imaginava era os jornais estampando alguma foto minha falando sobre esse vídeo, os programas de tevê comentando, os vários pontos no ibope que o canal teria todas as vezes que falassem do vídeo sexual de Rebeca Volaes, vi também minha mãe tendo que falar sobre isso em suas redes sociais e até mesmo em seu programa. Claudia Volaes era conhecida por nunca falar de sua vida pessoal na mídia, e então acontecia isso, a pior coisa que poderia acontecer com alguém famoso. Eu só queria que minha mãe não perdesse o emprego depois desse ato absurdo do Davi.
E por falar nele, como teve tanta coragem? Havia um motivo plausível para esse ato do Davi — bom, era o que eu esperava —, não imaginava ele pudesse publicar algo simplesmente para estragar a imagem de alguém, até por que ele também é uma pessoa pública, ele também tem seus fãs, mesmo que poucos.
— Vamos, temos que falar com o Sam. — Ela me soltou e deu partida no carro. Samuel era nosso advogado e o "peguete" da minha mãe (pelo menos era o que eu achava).
Eu nunca havia visto minha mãe tão determinada a conseguir algo antes. Ela sempre foi determinada, não tanto como aquele dia, ela havia passado dos limites que eu impus a ela. Claudia era uma ótima mãe, tudo que eu precisava ela me dava e nunca me faltou carinho em casa, assim como também nunca senti falta de uma presença paterna. Meu pai morreu assim que eu completara oito meses de vida, em um acidente de carro. Nunca o vi fora das fotos que minha mãe espalhou pela casa de sua lua-de-mel. Ele foi um homem bastante feliz; quando se foi, minha mãe entrou em depressão profunda — quem cuidou de mim até os dois anos foram os meus avós. Quando minha mãe se curou, passou a cuidar de mim e me colocar em primeiro lugar sempre, por isso não sentia tanta falta do meu pai.
Chegamos ao escritório minutos depois. Minha mãe adentrou e me pediu para segui-la, o fiz, mas não fez tanta diferença, depois de contar tudo o que acontecera, me calei e fiquei ali, quieta e pensando na besteira que eu tinha feito. Fiquei pensando que talvez o Samuel, o advogado, pudesse não conseguir tirar meu vídeo de circulação, o Davi talvez espalhasse mentiras pela escola dizendo coisas que nem ele sabia e pensei em até o Caio se afastar de mim por causa desse vídeo. Eu tinha sido uma idiota. Eu não queria que o Caio se afastasse de mim, não queria que meu único amigo me deixasse de lado por algo que fiz sem perceber. Seria um pouco injusto da parte dele se fizesse isso, porém eu conhecia o coração dele, sabia que meu único amigo não faria tal absurdo.
Eu nada ouvi da conversa de minha mãe com o advogado, estava absorta em pensamentos, divagando em como seria minha vida depois que esse vídeo chegasse aos fãs de minha mãe. Ninguém previa que Rebeca Volaes fosse ficar famosa da pior forma possível. Nesse momento eu pensava em quem estaria vendo meu vídeo, e, provavelmente, havia alguém o divulgando, como todos os outros noventa por cento das pessoas que verão. Não gostava da ideia de homens — e até mesmo mulheres — nojentos me olhando, tentava imaginar as besteiras que eles poderiam fazer, era demais para mim, precisava tirar esse vídeo do ar urgentemente ou eu não ficaria bem.
Um tempo depois escutei minha mãe me chamando e a fitei, esperando que dissesse algo.
— Seu vídeo vai sair da rede — falou ela. Emocionada, abracei-a e agradeci por ela estar sempre em minha vida. — Eu te amo, meu amor. — e essa foi a resposta.
— Mas o que vai acontecer ao Davi?
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Oi, gente! Eu realmente mereço seu voto! Já são meia noite, cara kk
Votou?
Bem, espero que gostem desse capítulo, comentem! Manifestem-se!
Beijo,
Suully!♡05/01/2019♡
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Meu Mais Perfeito Erro (concluído)
Romantik"Cometer erros para mim nunca foi normal, porém, cometi um que acabou com toda a minha vida." Rebeca se vê presa a uma única opção quando, por pura desobediência, engravida em uma festa. Depois de muito pensar, opta por um aborto, porém, sua mãe, as...