Trinta e Um - Piquenique a Três

308 30 16
                                    

Capitulo Trinta e um — Piquenique a Três

Complicado. Era essa a palavra. Bastante complicado esquecer meu pai. Naquela época meu pai era a pessoa que mais tinha influência sobre mim, porém nunca havia visto. Ele me conheceu somente até os oito meses de idade, porém eu insistia em dizer que ele era a pessoa mais importante da minha vida. Como alguém morto tem tanta influência sobre uma pessoa viva? Isso definitivamente não é possível.

— Eu não sei – respondeu minha mãe. — Não acho certo morarmos juntos com tão pouco tempo.

— Vocês se conhecem há dez anos. Isso não é pouco tempo.

— Acho que você não entenderia... — ela foi interrompida por alguém descendo as escadas com um bebê chorão nos braços. Era Sam e Sofia! Corri até eles e peguei meu bebê no colo, tentando a acalmar.

— Ela tá chorando a muito tempo? — perguntei.

— Eu não sei, acordei agora com ela chorando.

— Você não ligou a babá eletrônica por que, Rebeca? — Caio perguntou atrás de mim com uma voz autoritária.

— Eu nem sabia que vocês compraram algo assim para ela. Não convivo com bebês, gente — falei me sentando no sofá e tirando meu seio esquerdo para fora, amamentando minha criança. Sam se virou de costas ao ver-me levantar a blusa e se encaminhou novamente para a sala de jantar, já que eu havia atraído a atenção toda para a sala de estar. Caio ficou ao meu lado. — Ana Sofia Trenton Martinez. O que você acha?

Sofia não quis leite, então eu simplesmente tentei acalma-la em meu colo.

— Preferia Beatriz.

— Beatriz é nome de menina mimada e muito chata.

— Rebeca é o nome de uma pessoa educada e não muito teimosa. Mas olha só quem eu encontrei — rebateu, com um sorriso maroto.

— Você pensa em se casar? — mudei totalmente o assunto.

— Com toda a certeza. Quero poder ter um objetivo. Poder acordar todas as manhãs e saber que há alguém esperando que eu a faça sorrir.

— Sou errada por não querer me casar?

— Claro que não! Todos nós temos direitos. Mas vai dizer que você não sonha em se casar comigo? — comentou brincalhão. — Já pensou poder me apresentar pras suas amigas invejosas e dizer que eu sou só seu? Duvido que elas suportem a invejinha.

Gargalhei alto. Caio era um amor. O que me fazia pensar seriamente nesse assunto, será que eu merecia me casar com alguém feito ele? Ou será que ele desistiria, por amor de mim, do sonho de ser casado? O amor consegue fazer laços impossíveis. Se de fato eu o amasse, iria desejá-lo ao meu lado todos os dias da minha vida. Mas eu ainda era muito nova para pensar nisso.

— Acho que o Davi gosta da Renata — comentei, olhando para minha filha que voltava aos poucos a dormir.

— Você é especialista em mudar de assunto — falou, sorrindo. — Mas, por que você acha isso?

— Ele ficou desconcertado quando foi falar com ela ontem.

E ali ficamos Caio e eu — ou melhor, eu falava e ele ouvia — conversando sobre um provável relacionamento entre minha mais nova amiga e o pai de minha filha.

•••

Uma semana. Uma semana que Sofia trazia alegria para aquela mansão. Uma semana que eu exagerava no corretivo, tentando esconder as olheiras que tinha. Não devia reclamar, mas minha filha não dormia à noite, até minha mãe estava sofrendo as consequências de ter uma recém-nascida em casa.

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora