Trinta e Oito - O Segredo do Sam

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Capitulo Trinta e Oito — O Segredo do Sam

Samuel estava sentado em minha frente com um copo de café na mão. A cabeça estava abaixada, parecia não ter coragem de olhar nos olhos de minha mãe que estava em sua frente. Eu também não teria coragem de olhar para o meu namorado caso eu chegasse bêbada na casa dele assustando a sua filha.

Minha mãe tinha chegado minutos depois, quando eu lhe contei o que aconteceu ela me olhou assustada e esperou o Sam acordar para conversarmos, nós três. E era por isso que estávamos todos na biblioteca, sentados um de frente para o outro. Eu não entendia o porque minha mãe me queria junto deles nessa reunião, mas não questionei. Renata estava com Sofia, já se passavam das onze da noite. Meu coração se apertava com o silêncio do Sam. Já se fazia vinte minutos que estavam em de frente para outro e ele não havia dito uma palavra.

Minha mãe estava uma fera. Poucas foram as vezes que eu a vi naquele estado. Ela respirava fundo toda vez que encarava o namorado, ela estava sempre passando as mãos no cabelo e batia o pé freneticamente. Claudia estava irada.

Sam começou a levantar a cabeça e logo fungou o nariz, avisando que esteve chorando. Isso me assustou muito, Em dez anos de amizade nunca vi um resquício de lágrima em seu rosto. Na minha vasta imaginação o Sam era aquele cara que nunca chorava e sempre trazia solução para tudo. Não conseguia imagina-lo tão frágil.

— Bem, eu não fui totalmente claro com vocês — Sam começou. — Há exatos dezessete anos eu me casei. Nosso casamento durou só seis anos, logo nos desentendemos e brigamos até nos separar. Eu não suportei a pressão de ficar perto dela, aquilo me causava incômodo. Foi então que decidi sair da Flórida e me mudar para o Brasil. Perdi todos os contatos com ela, ela não tinha o contato da minha família, na verdade sequer sabia de quem eu era filho. Eu não a amava o suficiente para acreditar que ela não faria escândalos envolvendo o nome de minha mãe.

"Eu sumi e perdemos o contato, mas quando saiu aquela notícia no site do Gustavo sobre o meu anonimato, Ana — Sam falou para minha mãe, eu nunca o havia visto chama-la pelo primeiro nome — a Lucy viu meu nome e não perdeu a oportunidade, veio correndo para o Brasil. Ela me procurou, e não foi difícil me achar, logo ela estava na minha empresa, exigindo falar comigo." Sam se calou. Talvez ele não tivesse forças para continuar a história, ou simplesmente não queria. Em nenhum momento da narração ele olhou para uma de nós, ele fixava o chão segurando o copo de café, ele demonstrava angustia e nervoso.

Por um instante eu fixei o olhar em minha mãe e me assustei: ela estava com a cabeça baixa e suas mãos secavam algumas lágrimas que caíam. Claudia Volaes nunca chorava — não em minha presença —, esse assunto a estava deixando a ponto de derramar lágrimas? E só então eu comecei de fato a me preocupar, o assunto não deveria ser simples, a parte ruim ainda não havia chegado e isso me assustava.

— Falei com ela — Sam disse interrompendo meus pensamentos — e deixei bem claro que não sentia mais nada por ela, que tudo já tinha passado e nada nos juntaria de novo, no entanto ela disse que não queria um relacionamento, ela só queria dizer que eu tinha — Sam parou, tomou um gole do café e esperou um pouco, estava visível que ele lutava contra si próprio para tentar terminar — que a gente tinha... Ela veio para o Brasil para me dizer que esse casamento gerou frutos. — Minha mãe parou de chorar silenciosamente e começou a soluçar alto. — Lucy veio dizer que eu tenho dois filhos com ela. Gêmeos. De primeira eu não acreditei, então fizemos um exame de DNA, e... bem, deu positivo. — Minha mãe desabou na cadeira ao meu lado e chorou como uma criança. — Eu tenho dois filhos de dez anos.

Abracei minha mãe. Ela parecia tão frágil, tão simples que tive medo de se quebrar assim como uma taça de vidro. Eu não sabia o que sentir, nem o que falar, nem mesmo o que fazer. Sam estava em minha frente, me dizendo que ele tinha dois filhos frutos de um casamento de anos atrás e que não fazia ideia da existência deles. Eu não conseguia imaginar o quão aflito o coração de minha mãe poderia estar, ela soluçava alto, me deixando receosa e sem saber o que fazer.

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora