Quarenta e Cinco - Bolinho de Chuva com Ketchup

226 14 3
                                    

Capitulo Quarenta e Cinco — Bolinho de Chuva com Ketchup

— Oi, Caio. – Sam atendeu a chamada.

Estávamos dentro do carro do meu namorado, ainda estacionados na lanchonete. Caio ligou para o meu padrasto e colocou o telefone no viva-voz, assim eu também pude ouvir.

— Sam, você poderia resolver um assunto pra mim?

— O que aconteceu?

— Recebi um e-mail e quero ver se é verdade, mas pra isso eu teria que ir aí ainda hoje, mas você está mais perto.

— E também — me intrometi na conversa — por que você é o advogado dele, né, pai, tem que fazer alguma coisa.

— Não sabia que você estava aí, Beca. Mas me contem o que está acontecendo que eu digo se posso ou não resolver.

Enquanto Caio explicava o que estava acontecendo, eu peguei meu celular e fiquei vendo algumas fotos no Instagram. Eu vi uma em que minha mãe aparecia com uma barriga de grávida de quatro meses e o Sam estava abraçado a ela. A foto foi tirada no jardim de girassóis e os dois sorriam. Legenda era a seguinte: "Olá, pequeno bebê." Os fãs enlouqueceram nos comentários, até então ninguém sabia que minha mãe estava grávida, só sabiam que ela tinha sido afastada da tevê por questão de saúde — ou melhor, a falta dela. Eu vi tantos comentários felicitando os dois e vi um da Lauren Norbert agradecendo aos céus pelo primeiro neto.

Gastei alguns minutos ali, vendo o que as pessoas falavam, não prestei atenção quando Caio desligou a chamada e começou a dirigir o carro.

Parei o que estava fazendo e perguntei:

— O que ele disse, amor?

Caio me explicou que o meu padrasto iria em Sorocaba com um helicóptero e tentar chegar o mais cedo possível para resolver essa situação. Meu namorado estava preocupado, era evidente, e quando o perguntei, ele disse:

— Eu queria a responsabilidade de um filho, mas não agora. Eu iria esperar um ano ou dois para me estabelecer financeiramente, mas esse garoto veio em péssima hora. Onde ele vai morar? Eu moro em São Paulo, meu apartamento não tem espaço, e ele não pode ficar sozinho. Eu ando viajando muito! Não dá pra cuidar de uma criança. Eu não tenho como fazer isso sozinho.

— Não tem mesmo! — exclamei. — Mas eu vou te ajudar. Eu vou começar a vender meus desenhos na internet. Os fãs devem pagar muito por eles. E sem contar que minha mãe me dá uma mesada gorda todo mês, eu posso pagar o colégio do garoto. Ele fica morando lá no sitio e você também. Por que aí, quando você vir me ver, acaba vendo ele também. E você não viaja tanto assim. Cinco dias que você fica fora não é muito tempo.

— Eu não vou deixar você fazer isso, amor. — Caio sequer olhava para mim enquanto dirigia. — O seu dinheiro é seu dinheiro, você não pode gastar comigo e com minhas responsabilidades.

— Caio Borges! Se você não parar agora com esse orgulho você fica solteiro! — ralhei com ele. — Eu vou te ajudar sim! Eu acho que na minha escola deve ter alguma turma de crianças, eu vou me informar, aí ele passa o dia comigo.

— Você tem certeza que não quer se casar comigo? — ele perguntou sorrindo. — Você é perfeita demais pra ficar solta por aí.

— E quem disse que eu estou solta? Estou bem agarrada num carinha aí — falei tentando parecer desinteressada.

Caio soltou uma bela gargalhada que me fez rir também. Era um ótimo som.

Ali nós começamos a falar sobre as músicas dele, sobre os shows que ele iria fazer... Caio estava em ascensão no mundo da música e eu gostava disso.

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora