Capítulo Nove — A História que Não te Contei
— Assumimos. Um milhão de criticas, um milhão de acusações. Eu lembro como se fosse ontem as pessoas dizendo que eu não passava de uma golpista que só queria o dinheiro dele, ou até mesmo a fama que ele tinha. Beca, passei exatamente o que você quer evitar. Assumo, quis evitar também, até nos separamos por um tempo, ficamos dois meses longe, ele ficou em seu apartamento em Nova York e eu aqui, no Brasil, mas não deu, a saudade era demais, e as criticas não haviam parado e foi então que decidi desabafar com minha mãe e ela me disse uma coisa que eu nunca iria esquecer. Ela havia dito pra eu enfrentar meus problemas; fugir deles ou tentar resolve-los não daria certo. Ela me dissera que quando o problema envolve terceiros nunca é possível resolver sem que esse terceiro colabore e os fãs dele não estavam afim de ceder e foi então que enfrentei. Os meus fãs me conheciam, sabiam que eu nunca faria algo assim, mas os dele não e mesmo assim nós enfrentamos isso juntos."
"Criticas e mais criticas... Rob perdeu vinte por cento de seus fãs, eu também, mas não ligávamos, queríamos estar juntos para o resto de nossas vidas, queríamos ser um só. Juntos nós enfrentamos todas as críticas, e depois que nos casamos elas pararam um pouco mais, e quando você nasceu tudo se tornou flores. Era como se você fosse o botão de off para todas essas criticas e julgamentos. Assim que você nasceu eu fiz questão que seu pai deixasse tudo para você e nada, absolutamente nada para mim, não queria nada dele, e nunca iria querer. Eu também era alguém independente, não era necessário o dinheiro dele, mas você precisava, e para não dar mais problema, pedi que essa herança só fosse possível mexer com a sua autorização e depois dos dezoito."
Eu não conhecia essa parte da história — a parte do testamento, claro, já que eu já tinha descoberto essas noticias sobre os dois vendo algumas reportagens que falavam sobre o meu pai na internet —, não sabia que meu pai tinha me deixado tudo o que tinha, ele tinha muita coisa! O seu apartamento em Nova York custava novecentos mil dólares sem a mobília, e esse era sua posse mais barata, as outras eram ações em grandes empresas como algumas produtoras de nome e renome, alguns estúdios de músicas... Tudo era meu. Eu não sabia que tinha tudo isso, sabia que meu pai era muito rico, mas achei que esse dinheiro havia ficado para minha mãe, casais dividem as coisas, né?
Minha mãe continuou dizendo:
— Seu pai me fez prometer nunca mostrar sua vida em revistas e tabloides idiotas. Eu já estava disposta a fazer isso, mas prometi mesmo assim. Ele me dissera que o dia em que tudo seria vivido de novo chegaria, não acreditei, até por que nada mais podia acontecer, nós dois estávamos juntos, como poderia dar errado? E cá estamos nós, vendo você praticamente na mesma situação.
— Eu não sou tão forte. — Abracei minha cabeça ao proferir essas palavras.
— Quem foi seu pai? — Essa era uma pergunta meio sem sentido e fora de contexto, pelo menos ao meu ver, mas iria responder. Soltei minha cabeça, e a levantei um pouco, olhando para minha mãe pensando na resposta.
— Ele foi e é meu herói. Ele é o cara que mais amo nesse mundo todo, ele foi um cara feliz, que desistia de seus sonhos e fazia o impossível pelas pessoas que amava.
— Você acha que te ver abortando era o que ele queria?
Como sempre, minha mãe tinha razão. Ela estava totalmente certa, meu pai não gostaria de me ver abortando, mas o que eu, Rebeca Volaes gostaria de ver? O que eu gostaria fazer? Meu pai não estava mais ali, ele nunca mais estaria, com toda certeza. Eu precisava pensar em mim, e não nele, precisava pensar o meu melhor e não o que ele acharia que era o meu melhor. Era terrível admitir, mas meu pai estava morto, nunca mais voltaria, nunca mais me olharia nos olhos e nunca mais poderia dar uma opinião sobre minha vida. E da mesma maneira, não poderia dar sobre o aborto.
Os dias foram se passando e tudo o que aquela conversa com a minha mãe tinha me rendido fora uma indecisão, eu agora não sabia se fazia ou não, parecia tão mais significativo depois dessa história que meu consciente pesou muito durante alguns dias. Pensava muito sobre o aborto, batia na mesma tecla: o mundo não iria aceitar que a filha da tão famosa Claudia Volaes estaria grávida na adolescência, eu sabia que muitos a julgariam por algo que nunca foi culpa dela, foi minha, minha culpa ter dado aquela festa, minha culpa ter desobedecido ao Caio, minha culpa, minha culpa e minha culpa. No entanto, eu a entendia, quem gostaria de saber que o neto será abortado? Minha mãe não foi exceção, infelizmente. Eu queria pensar como ela, ter essa vontade e esse amor que ela e o Caio tinham por aquela coisa que estava dentro de mim, mas não dava! Esse bebê acabou comigo, o Davi acabou comigo, por que eu teria motivos de trazer esse filho ao mundo? Queria ter um filho que me fizesse feliz somente ao olhá-lo nos olhos, queria poder amar sentir seu cheiro, queria poder chegar em casa e receber um abraço quentinho de uma bela criança me chamando de mamãe, só que ainda não era hora, ainda não chegara o dia e essa criança não me abraçaria à noite, não o filho do Davi.
Eu sentia raiva de mim mesma, ódio por ser eu. Queria ter nascido em uma família de classe média, não seria famosa e seria mais fácil! O mundo era tão injusto comigo. Eu não queria que aquela festa tivesse gerado um fruto, não queria, pelo resto da minha vida, vestígios dessa festa em mim, porém eu estava carregando a pior coisa que essa festa havia me dado: uma criança! Por que não poderia ter sido mais fácil? Eu deveria simplesmente ter acordado no dia seguinte com uma dor de cabeça, apenas, não com um ser humano em meu útero.
Nesse momento eu já estava deitada em posição fetal em minha cama, chorando. Quando eu soube dessa gravidez o que eu mais fiz foi chorar — se não, a única coisa. Como algo que o mundo diz "perfeito" pode me fazer chorar todo o tempo? Se fosse tão perfeito quanto o Caio pensa, eu não choraria tanto, eu estaria mais feliz. Por que o mundo foi tão injusto comigo? Ou eu que teria sido muito tola? O mundo para mim havia se acabado ali, naquele momento e eu não estava feliz, nem um pouco.
— Por que eu fui tão idiota, Deus? — gritei no travesseiro com voz de choro.
________________
Bom dia!! Gente, eu amo a história de amor da Titia Claudia. Vcs tb?
Hey! Não sai daqui sem votar! Aproveita pra comentar tambem!!
Beijo,
Suully!!♡19/01/2019♡
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Mais Perfeito Erro (concluído)
Romance"Cometer erros para mim nunca foi normal, porém, cometi um que acabou com toda a minha vida." Rebeca se vê presa a uma única opção quando, por pura desobediência, engravida em uma festa. Depois de muito pensar, opta por um aborto, porém, sua mãe, as...