Vinte e Três - Aniversário

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Capitulo Vinte e Três — Aniversário

Eu descia aquela escada incerta do que de fato fazer. Não sabia o que falar ao Caio, estava insegura e sem confiança, poderia dizer que todos os passos que dei até ele foram involuntários, eu não sabia o que estava fazendo. Eu amava o meu amigo, saber que ele estava com outra me angustiou, no entanto, eu não poderia ser egoísta, se ele era feliz com aquela tal que eu não sabia o nome, tudo bem, né? Tinha que estar. Eu o amava e por isso precisava que ele fosse feliz, se ele fosse feliz longe de mim, tudo bem, eu iria viver o resto da minha vida com minha mãe, velhinhas e no sítio da minha avó.

Quando o vi, meus olhos marejaram: era difícil vê-lo de tão perto e não me sentir mal, tentei, mas era impossível. Tudo o que eu havia planejado segundos antes sobre viver sem o Caio foi por água abaixo. Eu nunca conseguiria viver sem esse cara na minha vida, ele seria o homem perfeito para ser o pai dos meus filhos ou tudo o que vem depois. Eu sabia que estava pensando muito longe, ainda tinha dezesseis anos, como poderia ser tão precisa sobre o meu futuro?

— Eu estava pensando em vir aqui daqui duas semanas — Caio falou. Ele estava de costas para mim, olhava o jardim pela janela. Eu terminei de descer a escada e o encarei. — Te faria uma surpresa com a minha presença, afinal, será seu aniversário, certo?

— Eu esqueci dele! — falei admirada.

— Todos os anos você esquece, Beca. Eu sempre te lembro semanas antes, mas você esquece no dia — ele falou se virando. Havia um sorriso em seu rosto, um sorriso de alegria. Caio não estava muito diferente da tevê, a única coisa que ele tinha de diferente eram seus olhos, agora eles estavam com grandes olheiras, provavelmente não tinha dormido direito. Meu amigo estava com uma caixinha na mão, embrulhada num papel de presente na cor preta com bolinhas brancas. — Eu te trouxe o presente, não sei se vai gostar tanto quanto eu, mas espero que sim.

Andei até ele e peguei a caixinha de sua mão e a desembrulhei. Tinha três ingressos para um show dele dali à dois meses.

— Eu sei que não é um presente comum, mas é que esse vai ser meu primeiro show longe da supervisão dos organizadores do concurso, e não há outra pessoa que eu queria mais perto de mim que você e sua mãe. Você vai? — perguntou temeroso.

— É claro que vou! Obrigada por se lembrar de mim. — Logo o abracei. Alguns segundos depois eu o soltei, atordoada. — Não posso te abraçar, ainda estou com raiva por você ter uma namorada.

— Eu não tenho uma namorada, Beca. Aquela menina é a Fabiola, nós fomos comemorar depois que elas ganharam o prêmio, e acabei dormindo na casa delas. Desculpa.

— Você não tem namorada? Por que ela disse aquilo tudo? E porque dormiu com ela? — enfatizei as últimas palavras.

— Eu não dormi com ela como você pensa, eu dormi na casa dela, no quarto de hóspedes — explicou. — Ela sempre foi apaixonada por mim, Beca, desde quando nos vimos. Mas eu sempre amei outra pessoa, uma pessoa teimosa e muito linda, dos cabelos cacheados. — Caio pegou em minha mão esquerda e começou a alisá-la com o polegar.

— Você me ama? Então aquilo tudo na tevê não era por audiência?

— Claro que não, Rebeca! — ele se aproximou mais um pouco. — Você é a pessoa dona do meu coração, a única.

Estávamos muito próximos, eu olhava em seus olhos e via amor, desejo. Queria ter tudo isso, queria amá-lo e tê-lo somente para mim, queria tê-lo eternamente na vida da minha pequena filha, queria aprender com ele a amar esse bebê, e estava disposta a isso. Demos mais um passo. Ele olhava minha boca, eu olhava a sua, estávamos próximos o suficiente para saber o que viria depois, eu queria, ele queria, precisávamos tentar. Quando estávamos próximos o bastante, ouvi uma voz a nos chamar, era uma voz feminina. Eu nunca odiei tanto minha mãe como naquele momento.

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora