Cinco - TPM

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Bom dia!! Ou tarde, ou noite. Quando vc tá lendo isso? Ksksks

Capitulo Cinco - TPM

- Mas o que vai acontecer ao Davi? Foi ele quem divulgou o vídeo, isso é crime, não? - direcionei minha pergunta ao Sam.

- Sim, é crime, no entanto, ele ainda é um adolescente, não seria preso, ou algo do tipo, os pais são ricos. Te falo se algo acontecer.

- Eu quero que ele morra. - Minha voz ficou carregada de ódio, e o advogado e minha mãe perceberam, eu tinha meus motivos.

- Mesmo que ele tenha feito muito mal a você - Samuel foi o primeiro a dizer -, você não pode desejar a morte de um alguém, todos nós erramos e temos direito ao perdão.

Qualquer pessoa que visse o Samuel perceberia o motivo de minha mãe ter se envolvido com ele, ele era dono de uma beleza espetacular. Sam tinha magníficos olhos azuis, cabelos loiros já se tornando grisalhos e enormes bíceps que sempre chamavam atenção. Eu não sabia ao certo sua idade, mas parecia ter seus quarenta anos também, ele tinha algumas olheiras e poucas rugas, cujo eu duvidava estarem ali por ele trabalhar demais. Sem contar também que era dono de uma simpatia sem igual. Sam sempre me entendia e sempre me ajudava quando eu precisava e quando minha mãe não podia estar comigo. Eu já cheguei a cogitar a ideia de chamá-lo de pai, isso quando criança, agora via que era besteira da minha cabeça.

- Por que você diz isso? Você sendo advogado deveria saber que as pessoas não mudam. - tentei fazê-lo parecer errado. - Com certeza você já conheceu alguém que pareceu mudar e não mudou.

- Mas também conheci pessoas que mudaram, e pra melhor. - ele disse me olhando nos olhos. - Você devia conversar com esse garoto, ver o que ele tinha na cabeça ao fazer essa tolice. Não julgue, todos nós temos motivos.

- Eu quero distância desse cara, ele foi a pior coisa que me aconteceu. Bom, vamos mãe?

- Sim. Tchau, Sam. - ela o abraçou e o beijou na bochecha.

- Bye, Sam! - Também o abracei e saímos de seu escritório.

No caminho para casa, Claudia me perguntou uma coisa um pouco estranha, a meu ver:

- Filha, vocês usaram camisinha?

- Eu não me lembro muito bem, mas, pelo o quê vi no vídeo, não...

- Meu Deus Rebeca! - falou indignada. - E por que você não tomou uma pílula?

- E desde quando tem essas pílulas lá em casa? Mãe, você não toma elas, esqueceu?

- Ah é, verdade. - Meu nascimento causou alguma coisa no útero de minha mãe fazendo-a estéril (bem, foi isso o que ela me disse). Ela ficou muito mal, porque seu sonho era poder me dar mais um irmão ou uma irmã, mas nunca pôde. - Mas de qualquer modo, você deveria ter tomado alguma. Ido à farmácia, sei lá, pedia pra uma amiga.

- Eu tenho muitas amigas né mãe. Muitas. - ironizei. Claudia sabia muito bem que eu não tinha amigas.

- Está bem, a culpa não é sua, nessa parte, por que se você não tivesse dado a festa, nada teria acontecido. Mas, vamos pra casa e torcer pra que esse seu ato não dê nada.

No caminho, eu chorei silenciosa, encostada no vidro do carro, sem deixar minha mãe ver, sabia que ela se preocuparia comigo e eu não queria isso, não mesmo. Minha mãe preocupada não era muito saudável.

Comecei a pensar em minha vida como seria dali para frente...: ir à escola, sofrer mais bullying, chorar no banheiro, e, se algo realmente estivesse dentro de mim como minha mãe pensava, sofrer sozinha, quando aqueles enjoos chatos começassem. Passou por minha cabeça uma coisa que eu estava disposta a levar: se realmente tivesse uma criança dentro de mim, ela não ficaria lá por muito tempo. Eu faria todo o possível para que ela saísse antes, bem antes do tempo, e, de preferência, morta. Não iria acabar com minha vida por causa de uma coisa idiota como um filho; eu tinha uma vida, era linda, rica e não precisava de um filho para acabar com toda ela. Porém, não contarei isso a ninguém, até por que eu não sei se tem um filho dentro de mim.

- Chegamos - disse minha mãe.

Esperei ela sair para que eu pudesse secar meu rosto, mesmo borrando a maquiagem, e sair também. Fui até meu quarto e lá chorei calada, trancada, na esperança que tudo isso fosse mentira, que fosse apenas um sonho bobo que tive, ou melhor, pesadelo. Fiquei por duas horas passando e repassando a ideia de que eu tinha sido uma idiota. Muito idiota. Mas nada me tirava a ideologia de que tinha sido o pior erro de toda a minha vida. Eu ainda estava com medo de ter alguém dentro de mim, e isso tudo piorava.

Depois de aceitar que era um erro irreparável, peguei meu laptop e me sentei na escrivaninha, à procura de algum entretenimento que pudesse me alegrar, acabei caindo de paraquedas num vídeo de stand-up de um conhecido de minha mãe que trabalhava na mesma emissora que Claudia Volaes.

Eu via o vídeo, mas a angustia e a vergonha não saía do meu coração. Eu fiquei com vergonha de mostrar o rosto ao mundo novamente, esperava que muitas pessoas me julgassem e me condenassem - até por que era isso que eu merecia: fui idiota ao dar uma festa e ainda assim, como se não fosse pouco, fazer sexo completamente bêbeda. Minha atenção não estava no vídeo, eu sequer ria das piadas. Eu só queria que um daqueles portais que existem em filmes de ficção cientifica me puxasse para uma dimensão onde ninguém sequer sabia meu nome.

Meia hora depois meu celular começou a tocar, então parei o vídeo e caminhei em direção ao celular que estava em cima da cama. Vi uma foto minha com o Caio na tela e logo o atendi.

- Oi, linda - disse.

- Oi.

- Tudo bem?

- Bom, não, não está. Davi gravou tudo o que fizemos e divulgou o vídeo - soltei.

- Quem é Davi, e tudo o que?

- O da festa, o que aconteceu lá, foi com ele, e ele divulgou o vídeo.

- Quem ele pensa que é pra fazer isso? - perguntou irritado.- Você já falou com o Samuel? Que vontade de esmurrar a cara desse babaca.

- Já fui lá, hoje a tarde, ele vai tirar o vídeo da mídia, pelo menos foi o que prometeu. Eu também tô querendo bater no Davi até quebrar todos aqueles dentes falsos que ele tem.

- Mas eu te liguei pra outra coisa.

- O que foi? Sua mãe tá bem?

- Tá sim, te liguei pra contar que ela melhorou um pouco. Ela conseguiu dar dois passos hoje com a ajuda da fisioterapeuta.

- Isso é uma ótima notícia! Estou muito feliz! - Eu estava mesmo muito feliz, até pensei em ir fazê-la uma visita no meio da noite. - Amanhã eu vou aí. Até lá.

- Até lá, beijo.

- Beijo.

Desliguei o telemóvel e após terminar de ver o vídeo, fui jantar. Ainda estava triste com tudo o que estava acontecendo, mas tentei esquecer. O que foi impossível. Eu vi e revivi aquele momento em que vi vídeo e cada vez mais tendo ódio em meu coração pelo Davi. Eu sabia muito bem que fora o meu colega da escola que me havia divulgado ao mundo, só que não sabia o motivo de tal ato. Por que alguém colocaria o vídeo íntimo de outra pessoa na internet? Será que ele me achava uma péssima pessoa? Por que eu? O ódio que a escola tinha por mim não chegava a tanto, ou chegava? Até onde uma pessoa pode ir com ódio no coração?

Continuei andando pela casa e parei na sala de estar, onde minha mãe estava vendo um leilão de cabras e chorando, com um pote de sorvete do lado esquerdo e um pote de creme de avelã do lado direito.

- TPM? - perguntei.

- Sim.

- Ah. Quer companhia?

- Quero, senta aqui no chão comigo. - ela deu duas palmadinhas no chão e fui ao seu encontro.

Passamos a noite ali, sentadas e nos enchendo de besteiras e gorduras trans. que iriamos nos arrepender no dia seguinte.

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Vocês gostaram? O que Rebeca vai fazer da vida com tanta raiva? Comenta aqui! Estou pensando em publicar outro capítulo no decorrer da semana, talvez na quinta. O que acham?

Beijo,
Suully!

♡08/01/2019♡

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora