Capitulo Quarenta e Sete — O Resultado de Toda a História
O restante da semana não houve muita diferença em minha vida — só se anularmos dessa lista o assunto "irmão bastardo do Caio" e o assunto "sexo do bebê da minha mãe" —, ela se passou bem rapidinho, mas eu preciso te contar o que aconteceu ao Júlio e ao bebê de Claudia Volaes.
Caio iria lutar pela guarda do irmão, isso já era certeza, ele também moraria conosco no sítio — Claudia e Ana não nos deixaram ficar no mesmo quarto temendo mais bebês na família —, só havia um problema: o garoto era extremamente chato! Ele foi muito mal criado pelo pai do meu namorado. O garoto não tem noção de respeito, educação, privacidade e muito menos o que significa "ficar quieto e sem atrapalhar ninguém". Júlio viera na quarta passar o restante da semana com o Caio para conhece-lo e saber se de fato iria querer morar com ele. A primeira coisa que ele fez foi arrancar metade das flores do jardim da minha avó simplesmente para pisa-las depois.
Ana ficou uma fera, devo ressaltar, quis xingar o menino e xingaria, se minha mãe não tivesse a tirado de perto dele no mesmo instante. Júlio não estava nem aí. Ele só queria bagunçar e desorganizar todo o sítio. Ele conseguiria se não tivesse ido embora no domingo bem cedinho com o Caio. Meu namorado estava para mandar o menino para um internato no norte do mundo — bem perto do polo, para não ter perigo de ele voltar sozinho — ou para uma escola militar. Desnecessário eu falar que ele passou todo o restante da semana irritadíssimo.
Eu perante a situação fiquei neutra.
Eu sabia que aquele garoto conseguiria bons modos se morasse com o Caio, mas eu não estava tão certa disso se ele fosse para um abrigo ou um orfanato. Meu maior medo era que ele se tornasse um criminoso ou algo do tipo. E eu tinha certeza que isso nunca aconteceria se ele ficasse na família, poderíamos pagar os mais caros profissionais para reeduca-lo — porque se essa tarefa fosse dada à minha avó, com certeza o Júlio sairia com os dois olhos roxos ou uns bons beliscões, visto que Dona Ana não tem uma gota sequer de paciência. Eu estava a fim de ajudar o pequeno e via essa possibilidade em nossas mãos. Num orfanato isso era impossível.
Meu irmão é um menino! Bernardo Joe Peter. Sam escolheu o nome do meio em uma homenagem ao próprio pai, era o seu primeiro neto, deveria haver alguma simbolização. Minha mãe amou a ideia de ser mãe de um menino, poderia em fim deixar sua pequena empresa e suas ações para alguém que quisesse cuidar — por que eu já estava compromissada às ações do meu pai, meu sonho era continuar de onde ele havia parado.
Aquele dia era quarta-feira, vinte e cinco de janeiro. Eu estava em casa estudando para o trabalho que a Vanessa, professora de educação física havia passado. Meu celular começou a tocar e para não acordar Sofia que dormia seu soninho da tarde, atendi o mais rápido que pude. Era Mina.
— Oi, Mina!
— Rebeca? Tá ocupada essa noite?
— Não, bem, vou passar a noite com a Sofi, já que o Caio tá em São Paulo.
— Quer fazer uma festa do pijama aqui em casa? Aí você pode trazer a Sofia se quiser. Sabe — e ela começou a tagarelar como sempre —, é que meus pais viajaram essa semana e eu tô só com a Maria, a empregada. Ela é legal, mas tá muito sem graça. Quero fazer alguma coisa. Eu já fiz tudo o que podia, mas nada sozinha tem graça!
— Só nós duas? — perguntei quando ela finalmente calou a boca.
— Eu ia chamar a Renata, mas me lembrei que ela tá aí. Se eu convencer você, você convence ela mais fácil. Você vem?
— Vou chamar a Renata e te ligo.
— Eba! Até lá ela então.
Nos despedimos e larguei o caderno ali na escrivaninha do meu quarto e fui atrás da Renata que provavelmente estava com a Geralda. Elas viviam grudadas quando Renata não estava com a Sofia. Minha amiga dizia que queria aprender tudo com Geralda para que quando se casasse com o Davi estivesse preparada. Eu também pensei que ela estava bem louca com esse papo de casamento, porém, as palavras dela foram essas: "Beca, eu namoro pra casar. Foi isso que prometi a Deus". Eu me calei com essa resposta. O que poderia falar? O assunto dela era com Deus e não comigo, a vida era dela e não minha, então simplesmente a deixei ser feliz.
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Meu Mais Perfeito Erro (concluído)
Romance"Cometer erros para mim nunca foi normal, porém, cometi um que acabou com toda a minha vida." Rebeca se vê presa a uma única opção quando, por pura desobediência, engravida em uma festa. Depois de muito pensar, opta por um aborto, porém, sua mãe, as...