Vinte e Nove - O Davi Também Sofreu?

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Capitulo Vinte e Oito — O Davi Também Sofreu?

Eu olhava as gotas de chuva tracejando o vidro transparente do carro e sorria. Ainda não tinha tirado Sofia de meus braços, não permiti que mais ninguém a tocasse. Eu tinha medo de soltá-la e esse sentimento que começou arder em meu peito, fosse embora. Era horrível ter medo. Devíamos sempre supera-lo, porém o que eu sentia era bom em demasia parar perder. Então não iria largar meu pequeno broto.

Ana Sofia Trenton Martinez. Eu achava legal essa combinação, não era como imaginei que seria quando eu fosse mãe, mas eu preferia assim que ter que deixar minha filha sem um pai. Davi era bom em seu papel paterno, nunca me deixou só, e eu via seus olhos brilharem quando falava dela. Ele seria um bom pai, o exemplo que tem em casa o faz querer ser um bom pai. Davi era o casula de quatro irmãos que foram bem criados pela Lucia e pelo Gabriel. Gabriel sempre amou a esposa e os filhos, sua prioridade eram eles, mesmo quando chegava cansado ele ia brincar com os filhos. Isso foi o que o pai da minha filha me disse. Eu percebia o amor que ele tinha pelo pai, Davi chegou a dizer que Gabriel Martinez era seu herói.

Eu queria ter esse pensamento. Meu pai seria ótimo em seu papel, tinha plena certeza, porém eu não tive essa sorte, a nossa velha amiga morte o levou primeiro. Acho que a morte quis alguém que alegrasse seu mundo com algum sorriso, por isso o tirou de mim. Não deveria ficar triste, porque se realmente isso for verdade, a morte só estava precisando de alguém e eu devia estar feliz por meu pai ser uma pessoa importante... Mas todos nós sabemos que em questão de morte, não sabemos nada.

O carro parou em frente à escada de pedra marrom que nos levava a minha moradia. Eu encarei aquela enorme casa branca que eu denominava lar... As janelas com belas cortinas amarronzadas eram imensas, e muitas, exceto por uma que as cortinas eram brancas: o quarto de Sofia...

Um empregado me apareceu com guarda-chuva enorme na cor preta e depois de ter certeza que não me molharia, saímos em direção a casa. A chuva não estava tão grossa e eu queria correr pelo meu quintal me molhando como muitas vezes fiz com Caio. Nós parecíamos duas crianças que nunca tomavam banho de chuva. Isso seria impossível naquele momento, meu namorado tinha uma reunião com a gravadora aquele dia, sexta-feira. Ele não saiu do meu lado um momento sequer durante toda a minha recuperação, estava sempre comigo e só saía quando de fato era obrigado. Eu o amava cada vez mais.

— Beca, vamos, entre! — me chamou a governanta. — Está muito frio aqui para a pequena.

A segui e fomos direto para a sala, me assustei quando vi toda a família do Davi ali. Seus pais e seus irmãos. Quando eu apareci na porta ele foi o primeiro a se levantar e vir ver a filha. Sorriu a vê-la de perto.

— Posso pegá-la? — perguntou.

— Claro. — Que fique bem claro que eu só deixei por que ele era o pai, meu desejo naquele momento era pegar a Sofia e correr para dentro do quarto dela e ficar ali, abraçada até dormirmos.

— Oi, filhinha. — Ele segurou em sua cabecinha e abraçou seu corpo com as mãos, levantou-a na altura de seus olhos e sorriu para ela. — Oi, Sofia. Eu sou o seu papai. Tudo bem? — Meu bebê mexeu os bracinhos e fez algum barulhinho. Fiquei com uma invejinha, ela não tinha mexido os bracinhos para mim!

Minha atenção voltou para quem estava na sala: a Lucia e o Gabriel e os outros quatro irmãos do Davi.

— Bom dia! – eu disse, indo me sentar no sofá ao lado deles.

— Bom dia, Rebeca — Gabriel me disse. — Eu sou Gabriel Martinez, pai do Davi. — Ele se levantou e apertou minha mão. Bem, eu já sabia quem ele era, Davi já tinha me mostrado a foto de todos da família. — Aquela é minha esposa Lucia. E esses são meus filhos, Junior, o mais velho, Bruno, Samuel e o Marcelo. — A família do Davi toda era negra, à exceção da Senhora Lúcia, ela era branca e bem loirinha.

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora