Trinta e Dois - A Mídia

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Capitulo Trinta e Dois — A Mídia

Eu olhava o teto do sótão há mais de quinze minutos. Já tinha visto o vento balançar três vezes a mesma foto do meu pai num encontro com minha mãe em Dubai. Eles se beijavam. Eu sorri em meio às lagrimas. Aquela era a eternização do amor deles. Era bonito, cheio de vida e de alegria. Todas as fotos deles eram assim, todas elas tinham amor e alegria, vida e intensidade. Eu admirava isso. Era extremamente fofo como eles se olhavam, eu conseguia ver o brilho do amor nos olhos do meu pai aos ver suas fotos.

Eu tinha o mesmo brilho quando estava ao lado de Caio. E tinha descoberto da pior forma possível.

Virei-me de lado naquele chão frio do sótão e voltei a chorar. Dessa vez fecharia bem os olhos para não ter a opção de ver os olhares felizes das fotos de meus pais. Eu queria chorar até me acabar. Havia motivos plausíveis para eu me acabar em lágrimas daquele jeito, então não permitiria alguém me julgar.

Quando chegamos em casa e eu corri para o sótão e me tranquei ali dentro, colocando um móvel velho atrás da portinhola. Queria poder gritar, mas não desejava que alguém me achasse ali no sótão, eu precisava me manter calada. Caio ficara com a Sofia. Na verdade eu não queria pensar muito nela, aquele momento era o meu momento de chorar. Chorar as pitangas até me desidratar.

Minutos depois, já soluçando, peguei meu celular de novo — com trinta ligações perdidas do Caio e muitas mensagens da Renata cujo eu não queria atender — e tornei examinar aquela foto. Não podia ser real. Não esperaram nem vinte e quatro horas e já tinha na maior rede de fofoca do país a minha foto aos beijos e abraços com Caio Borges.

"A MAIS NOVA MÃE FAMOSA, REBECA VOLAES, TAMBÉM É NAMORADA DE CAIO BORGES?"

Caio me pediu para ter calma e esperar que tudo aconteça conforme o tempo queira. Como? Ele não entendia que meu medo não era o descobrimento do nosso namoro, e sim o medo da rejeição, como fizeram com minha mãe e como também fizeram ao meu vídeo com o Davi.

Ser rejeitada de novo? E se todos os fãs do Caio estiverem contra mim? Motivo todos eles tinham. Poderiam alegar que eu era uma mãe solteira, poderiam alegar que eu era irresponsável e que nunca daria certo com ele. Ou simplesmente poderiam ressuscitar a ideia de que sou interesseira assim como minha mãe sofreu. Mas eu não precisava do dinheiro do Caio! Minha família era uma das mais ricas do sudeste do Brasil, Caio era um cantor que estava começando, não teria tanta coisa assim.

Por que eu tinha tanto medo?

Alguém bateu na portinhola. Pensei se abriria ou não. Só minha mãe conhecia aquele lugar, a escada que dava para o sótão ficava atrás da dispensa na cozinha, todos os funcionários eram terminantemente proibidos de entrarem lá, até mesmo o Caio era proibido. O sótão era o lugar onde eu de fato poderia ser eu mesma.

— Filha? — ouvi. Levantei-me e tirei o móvel detrás da porta e esperei que ela entrasse. Claudia segurava Sofia em seus braços. — Vamos conversar lá fora, aqui não é muito apropriado para ela. — eu iria protestar, mas a mulher continuou: — Sofia está com fome.

— Podemos ir para o jardim? — ela assentiu. — Me garanta que não vou encontrar ninguém pelo meu caminho.

— Tudo bem. Desce.

Caminhamos até o jardim. Não parecia ter ninguém na casa, mas mesmo assim fomos caladas, eu me sentia uma prisioneira indo para a forca, ansiando que um príncipe num cavalo branco me soltasse e saíssemos por aí, à procura de paz e tranquilidade.

— Desembucha. — Claudia começou, sentada numa cadeira de madeira que tinha de frente para o jardim.

— Eu não tenho muito que falar. Já viu como a internet está? — perguntei tirando meu seio direito para que Sofia mamasse.

— Claro que vi. A internet está vibrando de emoção por saber que a tal Beca que o Caio falou no programa é você.

— O que? Não é possível! A senhora de fato viu a internet?

Eu olhava incrédula para o horizonte cheio de prédios e um céu escondido atrás de tanta poluição. O sol já estava indo embora, estava bem vermelho e bem longe dali, deveria ser umas seis da tarde ou mais. O frescor das rosas que tinha ali me inebriava. Mas nada era mais impactante que ouvir as poucas palavras de minha mãe.

— É exatamente isso que vim conversar com você. — Mamãe falou. — Por que você está aflita? A internet adorou ver vocês dois juntos. — eu me assustava com cada palavra dela. Como assim eu não estava sendo rejeitada? — Estão dizendo muito bem do Caio, já que em todas as fotos de vocês a Sofia estava nos braços dele. Não precisa se desesperar, meu amor, não houve rejeição alguma.

— Achei que iriam me rejeitar e falar mal de mim. — minha mãe não falou nada, somente sorriu e acariciou minha mão, me trazendo conforto. — Onde está o Caio?

— Eu tirei todo mundo de casa, até os funcionários, mas não sei onde ele está, talvez esteja em seu apartamento.

— Eu preciso ligar para ele e preciso me desculpar. — falei.

Senti Sofia abandonar meu peito e vi que cochilava. Coloquei meu seio dentro da roupa e me levantei.

— A senhora pode me levar até o apartamento do Caio agora? — Eu queria vê-lo o mais rápido possível. Esclarecer as coisas agora era o que precisávamos. Eu me comportei como uma louca me trancando no sótão.

— Claro, vou pegar minha bolsa, você está com seu celular? Onde estão as coisas da Sofia?

— Meu celular ficou no sótão, a bolsa da Sofia provavelmente esteja no quarto dela, eu vou ver, a senhora pode pegar meu celular?

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Daqui a pouco sai mais dois ♡♡

Beijo,
Suully!

13/03/2019

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora