Meu Mais Perfeito Erro (concluído)

Vinte e Dois - O Caio

Capitulo Vinte e Dois — O Caio

— Não Gustavo! — Sam falava no telefone chegando perto de mim e minha mãe novamente. —Não quero gravar um vídeo dizendo que meu sumiço não foi por minha mãe! Eu quero que você tire essa matéria do ar por que é mentira! — Ele gesticulava com a mão que estava livre do celular, e logo se sentou à minha frente na mesa, pegando um pão de queijo. — Não Gustavo! Eu não aceito! Não e não! Você é louco? Ela é sua colunista! Sua! Você pode muito bem desmentir essa notícia, publicar uma nota falando a verdade. Estão perturbando a minha mãe e a chamando de uma péssima mãe! — Mais uma pausa. — Tudo bem, vou te dar vinte e quatro horas pra você publicar essa nota ou sou café da manhã vai ser regado por uma carta minha, com aquele nome lindo, como é mesmo? Ah, sim! Processo! — ele desligou o celular e voltou o olhar para a mesa, incerto do que faria.

— O que aconteceu, amor? — Claudia perguntou.

— Pedi pro Gustavo publicar uma nota dizendo que aquilo tudo era mentira, ou então eu processo a empresa dele. Minha mãe me ligou dizendo que estão a incomodando, perguntando por que ela me expulsou de casa. Eu adorava o Gustavo, até hoje. Talvez eu tenha que ir até os Estados Unidos resolver tudo isso.

— Também quero ir! — gritei, levantando a mão toda feliz.

— Você tem as aulas, filha, e o Sam só vai resolver alguns probleminhas. Não vai dar tempo de aproveitar ou ver nada.

— Deixa ela ir, amor, ela precisa conhecer minha mãe. Pena que eu vou ficar só uns dois dias, então não vai dar tempo pra muita coisa não, tudo bem, Beca?

— Sim, vai ser legal, assim eu esqueço um pouco o babaca do Caio. Quando nós vamos?

— Você não vai, Rebeca. — Claudia afirmou. Meu pé na cadeira desceu ao chão e meu olhar caiu sobre olhos de minha mãe, eu estava decepcionada. — Você está grávida de seis meses, nunca que eu deixaria você ir aos Estados Unidos nesse estado. Se fosse aqui, na esquina, tudo bem, mas é outro país. Não vai.

— Mas mãe! — falei implorando. Ela negou com a cabeça. — Tudo bem, então.

— Quando a bebê nascer a gente vai, tudo bem? — assenti.

— É melhor obedecer sua mãe, Beca. Mas de qualquer maneira, tenho que ir e vai ser agora. Acho que volto em três ou quatro dias — Sam falou se levantando. — Tchau, amor. Desculpa ter que sair assim, mas ainda tenho que passar no meu apartamento e pegar algumas coisas. Beijo. — Ele beijou minha mãe enquanto eu abaixava a cabeça, ainda era muito estranho vê-la sendo beijada. — Tchau, Beca. — ele veio e me abraçou desajeitado por causa da barriga.

— Tchau, Sam — eu disse.

— Vai com Deus — disse minha mãe.

Samuel subiu os degraus da minha casa em direção ao quarto de minha mãe atrás do terno que usara na noite anterior. Claudia com a desculpa de pegar um documento para o Sam analisar antes de ir, subiu atrás do namorado. Meu café da manhã tinha sido destruído, havia perdido até a fome, então eu calcei minhas pantufas e caminhei em direção ao jardim. Estava de pijama, uma calça moletom e um vestidinho curto que mais me parecia uma blusa por causa da barriga.

Eu caminhava pelo jardim devagar, estava feliz por minha mãe ter se ajeitado com o Samuel, mas toda essa bagunça de ter a vida dele jogada na mídia havia mexido com a base que ela teria no namoro. Talvez eles nem terminassem, mas na minha cabeça tudo o que eu via era o término e Claudia ficando amuada nos cantos da casa, eu não queria minha mãe assim.

Havia alguém brincando nos jardins do fundo, eu ouvia risos e gargalhadas, parecia uma criança. Curiosa, fui até lá ver, de longe eu via Renata brincando com o Marcus. Sorri ao ver os dois, era genuíno, Renata amava aquela criança com a própria vida, e era nítido ali. Eles corriam de um lado para o outro na grama, Marcus sorria mesmo lhe faltando dois dentinhos na boca. Ele estava com um cachorrinho de pelúcia nas mãos, não vestia uma camiseta, mas Renata estava atrás dele tentando colocar-lhe uma pequena peça azul. Eu conseguiria ser assim?