Treze - Nos Afastar?

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Capitulo Treze – Nos Afastar?

Ele tinha voltado ao lugar onde morara durante os últimos anos. Estava sozinho, mas era melhor assim, Rebeca não precisava saber que seu amigo havia ido se despedir. Caio estava parado na porta de sua casa, vendo o que faria da vida. Estava perdido, só teria Rebeca para lhe ajudar agora, não tinha parentes, os únicos que o amava estavam mortos... Ele estava sozinho no mundo. Caio queria muito que nada daquilo tivesse acontecido, seria tão mais feliz. Se seu pai não fosse tão ruim, se sua mãe não fosse tão doente, poderia ter uma vida tão mais fácil...

Encaminhou-se até o guarda-roupa da mãe e o abriu. Estava procurando forças para executar esse ato, mas estava tão difícil. Haviam se passado dias desde que acontecera o enterro — enterro esse onde ninguém além das pessoas que realmente o amavam: Rebeca, Claudia e o Samuel, estavam. Fora inútil avisar o pai, ele sequer se abalou com acontecido. — e desde então Caio tem procurado forças para vir até sua casa; era difícil, tudo ali o fazia lembrar-se dela, lembrar-se do quanto ela foi feliz, mesmo em seus dias doentes.

Sentado na cama, ele chorou abraçado a uma blusa de sua mãe entre as mãos. Lembrava-se dela no dia em que foram no parque de diversões anos antes, lembrou-se também do dia que sua mãe conhecera Rebeca e dissera a ela quanto era bonita e como tinha muito cabelo! Ele riu lembrando-se de tal ato. Sua mãe apesar de tudo era uma mulher alegre, divertida, nunca iria querer ver o filho triste, como estava naquele momento.

Ao lembrar-se disso, Caio levantou a cabeça secou as lágrimas e se encaminhou ao quintal da casa, olhando ali suas tão amadas macieiras, aquelas que ele tanto cuidou e tanto amou. Uma maçã estava em sua mão. Uma maçã que ele nunca mais poderia ver como estaria nos dias frios, ou nos dias quentes... E querendo diminuir ao máximo essa dor, ele entrou na casa, a fim de terminar o que viera fazer ali o mais rápido possível.

Ele pegou tudo o que lhe pertencia e colocou numa mala que a amiga havia dado. E junto com suas coisas, ele colocou uma blusa de sua mãe. Logo seus pertences estavam na mala e seu violão na capa em suas costas. Caio teria que deixar a casa, o dono do condomínio a havia pedido, mesmo Caio implorando para ele não fazer tal coisa. Mas ele sabia que isso logo aconteceria; morar de favor dá nisso.

Inconformado, saiu da casa, trancou a porta e deixou a chave num jarrinho de planta que havia do lado de fora, foi o que disse para o dono que iria fazer.

E ele saiu, sem virar-se para trás, certo de que a vida lhe começaria ali, o seu "feliz para sempre" só estava começando.

•••

Eu fiquei esperando Caio na porta da minha casa, angustiada. Eu queria ter ido com ele, não deveria tê-lo deixado sozinho. Ele andava muito aéreo naqueles dias, eu estava preocupada de ele fazer alguma besteira, não que ele fizesse, mas todo cuidado era pouco.

Quando o vi vindo pela rua, de cabeça baixa e com a mala, corri ao seu encontro, precisava ajuda-lo. Ele estava prestes a desmoronar!

Nós entramos. Eu queria abraça-lo, tirar essa dor dos olhos dele.

— Tudo lá me lembra ela! — disse com lágrimas nos olhos. — Eu queria ter ido no lugar dela! — Agora o rosto do meu melhor e único amigo estava molhado pelas lágrimas. Me deu uma dor no peito ao vê-lo assim, mas o pior mesmo foi quando encarei seus olhos: era como se tivesse o poder de me fazer ficar horrível por não poder ajuda-lo.

— Não era isso que ela iria querer. — Sequei suas lágrimas. — Aposto que, assim como eu, ela queria que você fosse o cantor mais conhecido do mundo inteiro! Então, vamos trabalhar nisso!

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora