Oito - Conhecendo o Passado

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Capitulo Oito — Conhecendo o Passado

Nós não advínhamos o que uma pessoa vai nos dizer ou nos fazer, sempre é um mistério as ações e reações de qualquer pessoa, porém, eu acho que se sempre soubéssemos o que iriam nos fazer ou nos dizer perderia toda a graça desse jogo que chamamos de vida. Certa vez ouvi uma frase de um menino que amava jogar vídeo game que acabei levando para a vida: o jogo não tem graça se soubermos o que acontece no final ou o que vamos achar em cada lugar, escondidinho. Faz todo o sentido. A vida é como um simples jogo de vídeo game que ao nascermos, não escolhemos o nível em que viveremos, mas sim o que viveremos e somente isso já está de bom tamanho. Conseguimos fazer muitas e muitas escolhas que nos levam ao sucesso, mas também pode acontecer o contrário, ninguém nos garante que não, entretanto, se soubéssemos o que faremos sempre que uma situação difícil ou embaraçosa aparece, não teria graça.

Porém, naquele momento eu daria qualquer coisa a qualquer pessoa para saber o que minha mãe faria comigo.

Ali não se tratava de uma alguém querendo saber os números de um jogo que sorteava milhões e milhões de dólares, era totalmente ao contrário, era o desespero de uma filha ao ver que a mãe não concordara com o que ela havia falado. E isso me parecia mais assustador até mesmo que estar grávida.

Aquelas palavras da minha mãe me vieram como facadas no coração, foi uma das piores coisas que ouvi dela. Claudia me fez chorar muito com tais palavras e ela nem sequer se redimiu. Essas palavras não teriam outro efeito se eu já soubesse que iriam ser faladas direcionadas a mim, mas como doía! Minha mãe tinha feito a coisa certa — mesmo que naquela época eu não achasse isso —, porém, meu coração aquele momento doía, aquele momento eu desejei que meu pai estivesse ali, talvez ele me repreendesse sem precisar me bater. Eu sabia que estava cometendo um crime ao pensar em aborto, todos sabemos que no Brasil há leis que o proíbem, porém, eu estava disposta a fazer, quem seria eu perto das muitas várias meninas que faziam aborto? É como uma pequena pedrinha em um vaso de planta cheia delas, uma a mais uma a menos não fará diferença no todo. Por que ninguém entendia isso?

— Eu não criei filha minha para fazer um aborto, seja na adolescência ou não. — concluiu irritada.

Eu concordava com a minha mãe naquele momento, parecia muito terrível a ideia de uma garota me dizer que irá abortar, e se torna ainda pior o fato de essa menina ser minha parenta ou algo assim. Mas eu queria que ela me entendesse também, eu não era uma menina qualquer que tinha motivos fúteis para fazer um aborto, meus motivos eram um tanto quanto convincentes, e mesmo assim ela insistia em dizer que não, dizer que era preciso desistir do aborto.

— Eu prefiro abortar a ter um filho contra minhas vontades — disse, olhando nos olhos da mulher à minha frente.

— Eu deveria ter te abortado. — Por que senti raiva dela quando disse isso?

— A senhora não iria fazer isso!

— Ah, então você, eu não poderia abortar, agora o seu filho você pode, né? — perguntou-me. — Rebeca, coloca na sua cabeça que você não vai abortar, por favor. Eu enfiarei um sapato em você se você sonhar em abortar a criança.

— Faça o que quiser, eu não quero esse filho, e isso, ninguém muda.

— Beca, me responda uma coisa — eu via cada respiração que minha mãe dava. Ela expirava e inspirava pesadamente como se estivesse procurando pela paciência e não estava encontrando. —Você passa fome?

— Claro que não.

— Sede? — neguei novamente. — Então me diz por que abortar? Liste-me todos os seus motivos para de fato ter minha aprovação sobre isso. Se você conseguir me convencer eu faço questão de pagar a cirurgia até fora do país se possível.

Chegamos num pronto crítico, num ponto crucial da minha história. Você provavelmente deve estar odiando minha mãe por me dar uma chance, eu também odiaria, mas o que você não sabe é o jeito que minha mãe age, como ela é, mas vou explicar. Minha mãe me conhece melhor que eu mesma, melhor que o Caio, melhor que minha avó, e ela sabia que eu não tinha motivos convincentes para fazer tal ato, ela sabia que nossa condição financeira me fazia ser uma pessoa feliz e sem precisar matar uma vida inocente. A questão era que eu não sabia.

— Eu — enchi a boca para falar, estava certa que convenceria minha mãe, estava certa de que tudo podia mudar e como ela nunca quebra apostas, eu iria conseguir fazer a cirurgia na melhor clinica do país, ou até mesmo do mundo. Não sabia se tínhamos tanto dinheiro para tal, mas devíamos ter, minha mãe vinha trabalhando muito ultimamente e nunca gastava nada além do necessário. Mas isso não importava, eu queria contar a ela meus motivos, cada um deles e convencê-la a pagar minha cirurgia. — Eu quero abortar por que... Por que... — tentei falar um dos motivos sem que ele parecesse fútil ou idiota, mas fui vendo que todas as razões que eu haveria de citar seriam fúteis e mesmo percebendo, eu precisava contá-los a ela, necessitava dizer-lhe cada um deles, e foi exatamente o que eu fiz. —Bom, o primeiro deles é o Caio, ele é meu único amigo e tive medo que ele se afastasse de mim por causa das minhas atitudes toscas. — Minha mãe somente assentia. — O segundo é a sua carreira. Nós sempre fizemos de tudo para escondermos nossa vida pessoal, sempre escondemos nossos problemas da mídia e aí, do dia pra noite, eu apareço grávida, sem sequer contar o que já não falam sobre o vídeo que aquele desgraçado do Davi divulgou.

— O que eu te ensinei sobre xingar as pessoas? — eu vi decepção no olhar de minha mãe quando me viu praguejar o pai do meu brotinho.

— Desculpa, eu sei que não gosta e não foi isso que me ensinou. Perdão. — ela assentiu novamente e pediu para eu prosseguir. — Eu não quero acabar com sua carreira por causa de um bebê que eu nem amo. O terceiro motivo é a minha vida. Mãe, eu tenho dezesseis anos e ainda sou uma criança, como assim já estou grávida? Se a minha avó descobrir ela vai ficar com raiva de mim por ser tão imatura e tola. Não vou suportar viver assim mãe, não dá.

Claudia pensou um pouco, com certeza via um jeito de contornar a situação, ela sempre conseguia fazer isso com maestria.

— Vem cá, meu amor — ela me chamou para um abraço. Não sei quanto tempo passamos ali, mas desconfio de que tenhamos ficado uns cinco minutos. Seu abraço era acolhedor e eu não via nada mais atraente naquele momento, precisava de sua ajuda. Ainda no abraço ouvi sua voz abafada — Sabia que eu não ligo pra nada do que a mídia pensa?

— Mas e todos esses anos tentando não mostrar nossa vida pessoal? — desvencilhei-me de seu abraço e encarei seus olhos, estavam me olhando de volta, me senti um bebê novamente.

Minha mãe iria continuar a dizer algo, no entanto alguém bateu na porta do meu quarto e demos permissão para entrar. Era Emily, a cozinheira, nos perguntando se o jantar poderia ser servido. Minha mãe pediu que nos chamasse dali a uma hora e logo estávamos a sós de novo.

— Quando eu assinei meu primeiro contrato para ser apresentadora há dezoito anos, aquele programa de calouros que durava uma hora e ninguém assistia — ela riu sem humor. — seu pai disse que eu ficaria famosa, e não por que eu era namorada de Robert Trenton, o famoso ator de Hollywood, mas sim por que eu era boa como apresentadora. — Seus olhos agora focaram o nada, como se visse toda a cena em sua frente. — Ele estava certo. Seis meses depois eu explodi e aquele havia se tornado o programa mais visto da emissora. Não contamos para ninguém sobre nosso namoro, conseguimos esconder por sete anos, os melhores sete anos da minha vida. Seu pai, um tempinho depois de eu ficar conhecida, me perguntou se eu queria assumir nosso relacionamento, eu disse que sim, estava cansada de um monte de tabloides dizerem que desconfiava que Rob era gay ou não sabia lidar com as mulheres, estava cansada de ver alguns tabloides dizerem que ele havia dormido com um mulher ou havia beijado outra sendo que ele estava comigo o tempo todo.

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Oii!! Agora são meia noite e meia de quarta feira. DESCULPAAAS. Falei que iria postar na terça (Como é combinado) mas eu estava ocupada resolvendo umas coisas hoje, mil perdoes!

Gostaram do capítulo? Curtam!

Beijo,
Suully!

♡16/01/2019♡

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora