Dois - Descrito na Música

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Espero que gostem!

Capitulo Dois - Descrito na Música

Acordei cedo para ir à escola no outro dia, porém lembrei-me que estudava à tarde quando já estava acordada e bem disposta. Resolvi correr pelo o condomínio e passar na casa do Caio. Vesti uma roupa adequada, peguei uma garrafa de água, meu celular com os fones e saí de casa, correndo até o portão. Na minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos que eu desejava não pensar. Ela não saía da festa, do que eu tinha feito lá. Minha inocência havia ficado lá e a pior parte era que eu não fazia a mínima ideia de quem teria feito isso comigo. Eu tinha muito medo desse ato ter gerado um fruto. Talvez as chances pudessem ser mínimas, porém, ainda restavam e isso me angustiava. Eu não tomei a pílula do dia seguinte; isso provavelmente me complicaria muito.

Cheguei à casa do Caio depois de dar quase uma volta pelo condomínio e pelos seus parques, me fazendo chegar na casa do meu amigo uma hora depois. Ele estava no quintal, colhendo algumas maçãs que com certeza seriam para a tão gostosa torta de maçã. Caio desistiu da faculdade de física astronômica só para cuidar da mãe. Ele é filho único e sua mãe o teve com quarenta anos, durante toda sua vida, ela sofreu alguns acidentes e isso a tornou uma dependente total dele.

Meu único amigo não era uma pessoa rica, muito pelo contrário, se tinhas algumas coisas boas foram presentes da minha mãe - como o celular de última geração que ela o havia dado no último natal. Ele não tinha dinheiro para pagar alguém que cuidasse de sua mãe, sequer trabalhava, mas eu já tentei pagar alguém para cuidar dela enquanto ele cursava a faculdade, porém meu amigo não aceitou. Meu coração doía ao vê-lo desistir dos sonhos só para cuidar da mãe, todavia, era algo que eu muito me orgulhava.

Eu me lembro do dia que nos conhecemos, eu estava correndo pelo condomínio numa tarde, vi aquelas macieiras e corri até elas para pegar uma, não passou por minha cabeça que teria alguém morando naquela casa, era velha e pequena, ninguém moraria ali, entretanto, quem estaria cuidando dos pés de maçã? Sem pensar muito, corri até eles e comecei a colher algumas, eu amava frutas direto do pé, sempre fazia isso no sitio que minha mãe comprara para a minha avó em Minas Gerais, à beira do rio São Francisco. Eu me sentei ali embaixo de uma macieira e fiquei comendo as maçãs quando comecei a ouvir uma música tocada por um violão, curiosa como sempre, fui atrás, e lá estava ele, Caio, todo lindo e muito afinado. Depois desse dia nos tornamos grandes amigos.

- Oi! - falei me aproximando dele que ainda colhia algumas maçãs.

- Oi Rebeca! - ele me cumprimentou. Em seu rosto tinha enormes olheiras e seus olhos estavam vermelhos. Preocupei-me.

- O que houve? - perguntei após abraça-lo.

- Minha mãe essa noite teve uma crise, começou a vomitar e ficou tonta - respondeu-me, triste.

- Meu Deus! E ela está bem? - Eu realmente estava preocupada. Se algo acontecesse com Antônia eu não saberia o que aconteceria da vida de Caio, ele não tinha mais ninguém da família.

- Sim, está dormindo, acho que é efeito colateral do remédio novo dela. Fiquei a noite toda compondo enquanto ela dormia.

- Posso ouvir? - perguntei segurando a euforia.

- Tá bom, vem.

Depois de nos acomodarmos, sentei-me em sua cama e esperei ele pegar o violão e começar a tocar.

A casa do Caio era extremamente pequena: apenas um cômodo, tudo era divido por duas cortinas - o quarto da mãe e a cozinha que acabou virando o quarto do Caio também. Eles viviam apenas com o salário mínimo da mãe dele. Ela não podia trabalhar então era aposentada por invalidez, e o Caio não saía para cuidar dela. Eu já tinha oferecido ajuda um trilhão de vezes, ele nunca aceitou por ser tão orgulhoso, mas, graças à insistência de minha mãe, ele aceitou pagarmos o tratamento dela, mesmo, infelizmente, as doenças dela não tendo cura.

Meu amigo começou a cantar, tocando alguns acordes no violão:

Eu não me reconheço mais
Antes eu vivia feliz
Agora tudo se foi, não tenho paz
Eu a amo tanto, só queria vê-la sorrir...

Hey mãe, estou e estarei sempre aqui
Não importa o que o mundo pense, vou te fazer sorrir...
Felicidade, olha pra mim!

Noites e noites eu passei em claro
Olhando para ti chorando querendo uma solução
Mas aí eu olhei para lua na janela do quarto
E vi que o mundo é sempre uma confusão,
E somos só mais uns querendo sorrir com a diversão que ele dá...

Hey mãe, estou, estarei sempre aqui
Não importa o que o mundo pense, vou te fazer sorrir...
Felicidade, olha pra mim!

Aquela letra me fez chorar, e muito. Eu não havia percebido o quanto ele estava mal e triste. Eu me sentia uma péssima amiga!

- Perfeita - eu disse. A voz do Caio era linda, fazendo qualquer um chorar de inveja por não tê-la.

- Obrigado.

- Vai ficar tudo bem, calma, eu sei que vai.

- Beca, eu acredito que sim, mas anda tudo tão difícil ultimamente... - Algumas lágrimas começaram a descer de seu rosto, me fazendo chorar por dentro.

- Não chora, sua mãe vai melhorar e você vai fazer sucesso no mundo cantando, ou sendo um físico.

- Vamos fazer a torta - falou mudando de assunto e secando o rosto com o dorso da mão.

Passei a manhã toda ali, rindo e me divertindo com a Dona Antônia quando ela acordou. Mesmo que difícil de falar, ela me contava coisas engraçadas do Caio e me dizia as manias engraçadas que ele tinha como contar os passos ao andar, estimular uma quantidade de louças que vai sujar ao cozinhar e o ódio que tem de que as pessoas prestem atenção nele. Quanto mais escondido para o Caio, melhor. Eram coisas pequenas que me fizeram sorrir muito.

Eu podia jurar que sentia alguma coisa pelo Caio além de amizade, tinha plena convicção que éramos só amigos, no entanto, tudo o que ele fazia me deixava feliz, eu amava ver seu sorriso, adorava ouvir sua risada, queria sempre poder escutar sua voz... Mas era impossível, Caio já teve muitas namoradas, eu nunca tive ninguém, com certeza ele conhecia alguém melhor que eu, alguém que fosse mais experiente com a vida e que fizesse menos besteiras. Ele nunca me amaria.

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O que acharam do capítulo? Eu estou verdadeiramente apaixonada pelo Caio hahaha, e vocês?

Eu ainda acho que a Beca está bem precipitada ao falar que o Caio nunca a amaria, tem muito chão pela pela frente.

Mas vc já ia sair sem votar, não é? Que feio, hein! Vota e comenta o que achou do capítulo! Vamos interagir ❤

Beijo,
Suully!

♡29/12/2018♡

Meu Mais Perfeito Erro (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora