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Pov.Anne

Viro-me de costas para o rapaz que me tinha beijado e abafo a minha cara nas minhas mãos.

O que sentia em relação ao Jack estava a tornar-se muito pessoal e muito forte.

Quando não estou com ele confesso que fico com saudades, porque ele faz-me sorrir.

Não estou louquinha por ele nem muito menos apaixonada.
Mas já não sei se com o passar do tempo continue assim.

-Desculpa Anne.- o Jack toca no meu ombro e eu afasto-me do seu aperto.

-Não peças.- tento falar , mas aquilo saiu como um sussurro trêmulo, a meio de soluços. 

As lágrimas escorriam pelo meu rosto quando me lembrei do meu antigo relacionamento.

Eu não queria cair no amor outra vez.

-Desculpa , desculpa , desculpa.- o Jack envolve-me num abraço e eu encolho-me.- Eu sou um estúpido.- ele sussurra no meu ouvido enquanto me abraçava e eu afasto-me.

Eu não sabia o que sentia.
Apesar de me ter ter lembrado do que passei , eu queria sentir os lábios do Jack nos meus outra vez.

-Beija-me.- o meu coração falou mais alto do que o meu cérebro. 

Por um segundo, não queria saber se era errado ou certo.

-Estás num momento frágil , não me quero aproveitar...- ele tenta acabar mas eu não liguei.

Colei os nossos lábios outra vez , e mesmo sendo só a segunda vez os nossos lábios pareciam já se conhecer à anos.

As minhas lágrimas secaram.
O meu coração estava descontrolado.
Nunca tinha sido beijada assim.

Separo os nossos rostos e ao invés de me virar de costas, encaro o rapaz à minha frente.

-Tu és linda.- ele coloca as mãos no meu rosto e eu sorrio.

-Hm...tu não.- estrago o momento e ele ri.

-Tinhas que estragar tudo.- ele ri e envolve-me outra vez num abraço.- Podia ficar assim para sempre.- ele sussurra e deposita um beijo na minha testa.

...

Depois daqueles momentos , eu e o Jack caminhamos de mãos dadas pelo parque e as mesmas perguntas não paravam de rodar pela minha cabeça.

-Estás bem?- o Jack pergunta e eu encolho os ombros.

-Sinto que estás a fazer isto só para ganhares uma noite , como fazes com as outras.- admito.

-Se eu ainda não desisti de ti , acredita , não é por uma noite.- ele fala com convicção e eu tento esconder o sorriso que ameaçava se soltar do meu rosto.

Talvez o que esteja a sentir não seja só uma amizade forte.
Talvez bem lá no fundo esteja a crescer um sentimento que vai para além disso. Ou esse talvez seja agora um claro.
O Jack é capaz de deixar todas as raparigas caidinhas por ele.

...

-Eu vou levar-te a casa , deves estar com sono.- o Jack sorri quando olha para o relógio e percebe que já passavam das 22:00

Passamos toda a tarde juntos , no mesmo parque e a aprofundar mais o assunto do que queriamos ser no futuro.
Ele falou-me no sonho que tinha em ser psicólogo e eu dei-lhe força. Ficava feliz se ele conseguisse.

Falei-lhe que quando era pequena sonhava em ser cabeleireira, mas ao longo do tempo fui me interessando mais por animais , e arranjar lar para os abandonados.

-A minha mãe sabe que eu durmi na instituição?- pergunto enquanto caminhávamos em direção à minha casa.

-Sim , tive que lhe dizer que era eu.- ele responde.

-Ela já vai começar a fazer filmes.- rio.

-Normal.- ele encolhe os ombros.- Acho que todas as mães são assim.- ele continua e reparo que os olhos dele tinham perdido o brilho que tinham à segundos atrás.

-Nem todas são assim.- suspiro.

-Gostava de estar agora a caracterizar a minha mãe...- ele fala cabisbaixo.- És a primeira pessoa a quem contei a verdadeira história.

-Jack , tu podes não ter uma mãe presente mas tenho a certeza que és como um filho para as senhoras da instituição.- respondo, tentando dar coragem ao olhar desanimado do Jack.

-Não é a mesma coisa.

Dito isto , ele ficou com a expressão travada e o caminho até minha casa foi feito num silêncio entre os dois.

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Changes | Jack G. Onde histórias criam vida. Descubra agora