Capítulo 31

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As mãos dele suavam sobre o volante que ele segurava com força tentando manter a calma. Naquela hora eu só pedia a Deus pra nada ter acontecido com o Lucas, pq ele foi o único que não me ligou.

- FALA PORRA!! -fiz ele olhar pra mim-
Vt: Hoje mais cedo o L7 chegou no morro desnorteado, não quis me dar "satisfação" de nada, só falou que de hj em diante as coisas iam mudar. -ele encostou a cabeça no volante- Ele montou 5 carreiras pra começar, falou que era só pra dar bom dia, eu mandei ele parar com aquela porra mais quem disse que ele me deu ouvidos?! -senti meu coração se apertar- Dali em diante foram mais 4 em menos de uma hora, fumou 3 baseados, usou heroína e loló. Cara, ele se colocou no fundo do poço, nunca vi o L7 assim. Me estressei com ele, joguei aquelas porra toda no chão e tirei ele da boca, quando eu falei que ia pegar o carro pra deixar ele em casa, ele me deu um pinote e meteu o pé pro baile..
- Tá, vai direto ao ponto!!!

Comecei a ficar nervosa com toda aquela enrolação, minha perna tremia mais que cara verde, mal conseguia respirar.

Vt: Nem no baile ele chegou! -me olhou- Minutos depois um soldado me passou um rádio falando que ele tinha caído de moto, batido a cabeça...
- Vitor, pelo amor de deus.. -cortei ele-
Vt: E tu sabe muito bem o que acontece nesses casos...

Saí do carro depressa com as lágrimas escorrendo pelo rosto e me apoiei no capô.

- Me diz que ele tá bem.. Por favor! falei com dificuldade-
Vt: Ele tava uma convulsão, como daquela vez, só que dessa vez foi pior! Ele quebrou uma perna, tá fudido real. Não sei qual vai ser!

L7: Não passei por altos e baixos pra te deixar escapar de mim agora. Nem que eu tenha que acabar com a minha vida..

Lembrei das palavras que ele me disse antes de sair lá de casa. Isso é culpa minha!
Fechei meus olhos e chorei quieta, Vt alisava minhas costas tentando me acalmar mas nada tirava o que ele me falou da cabeça.
Será que ele tentou mesmo se matar?

Vt: A Letícia tá precisando de vc lá dentro! -limpou minhas lágrimas- Ele é forte, vai passar por essa. -me abraçou- Tamo junto nessa.

Abracei ele com todas as forças que me restavam naquele momento, eu sentia como se eu fosse apagar em qualquer momento, não conseguia parar de tremer.
Entramos no hospital, eu estava um caco, avistei a Letícia de longe encolhida em uma das cadeiras e os meninos do lado tentando acalmar ela, assim que ela me viu, correu ao meu encontro e me abraçou sem poupar lágrimas, e eu muito menos.

Vt: Ainda nada? -perguntou a um dos meninos-
Gustavo: Veio um fdp aí e disseram que tão fazendo o possível!
- Pq vcs levaram ele pra um hospital decente??? -soltei a Letícia- ESSE POVO É UM BANDODE INCOMPETENTE!!
Vt: É risco da polícia pegar ele, não dá.
- Vt? Vc enlouqueceu? -me aproximei dele- Prefiro meu marido preso do que morto!
Leti: Não, preso não, por favor! -me olhou-
- Prefere o que? Ele morto?! -falei indignada- Tu acha que eu quero ele preso? Meu filho nasça sem um pai presente? Já não basta em não ter tido ele do meu lado em todas as minhas gravidez. -chorei- Quero que ele saia daqui AGORA!!!

[...]

Chegamos no hospital as pressas, o Lucas teve duas convulsões pelo caminho o que me desesperou mais, eu chorava igual a uma criança que acabou de perder a chupeta, não aguento mais essa angústia no meu peito.

Gusta: Mãe, vc precisa relaxar, vai dar tudo certo.
Henri: É, vc tem que pensar no Arthur também!
- Se eu perder ele não sei o que vou fazer da minha vida. -passei as mãos no rosto-
Gusta: Ele é forte, daqui a pouco tá aí gritando pelo morro. -forçou um riso-

Do Asfalto ao Morro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora