Capítulo 95

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Me afastei dele indo em direção a porta, saí chamando o Mingau e o pessoal da segurança pra ir embora e entrei no carro encontrando a Heloísa de cabeça baixa. Eu tava com uma raiva dentro de mim tão grande que eu não sabia nem explicar, comecei a bater no volante do carro e dar socos.

Helô: Pai, para! -segurou meu braço-

Vi que o rosto dela estava banhado de lágrimas.

- É isso que vc quer? Fugir com ele e deixar sua família pra trás? -me alterei-
Helô: O que eu tenho a perder, hein? -falou alto- Essa vida infernal que vcs me propõe todos os dias? Onde todo mundo só fala comigo por medo de eu sentir uma dor e morrer os deixando com peso na consciência. -me encarou- Fala sério, pai, eu não mereço isso!
- E vc merece o que? Ele? Fala sério vc, Heloísa!
Helô: O QUE EU POSSO FAZER SE É NESSE MERDA QUE EU SOU APAIXONADA? -chorou- EU NÃO ESCOLHI ASSIM MAS É ASSIM QUE É!!!
- Já parou pra pensar que ele pode me atrair lá para aquele morro pra me matar junto com o Carioca? E que depois de tudo eles subam o morro e matem todos vcs? -ela engoliu a seco- É, querida, crime é igual política, vc faz o que precisa pra ter tudo o que quer e está pouco se fudendo quem vai sair mal na história. Eu não posso cometer o mesmo erro que eu cometi com o WL, nem se eu quisesse.
Helô: Como assim? -me olhou confusa-
- Eu poderia ter salvo a vida dele. O Rf falou que queria o meu morro em troca da vida dele e sabe o que eu disse? "Isso tá fora de negociação"

Ri sem humor sentindo um nó se formar na minha garganta.

- Depois da tua mãe, vc e seus irmãos, o WL era a pessoa que eu mais amava na minha vida, e mesmo assim eu neguei, por causa de um MALDITO MORRO. -soquei o volante- Eu não posso te entregar de bandeja como eu entreguei ele, Heloísa.
Helô: Eu nunca vou conseguir perdoar tudo o que o Thiago fez comigo. Se tem uma ferida que nunca vai ser fechada é essa, mas e o que eu faço se é ele que eu amo? Vou ficar usando outro de tampa buraco? Pelo menos longe daqui eu vou ter chance de pelo menos tentar superar isso tudo... Pai, eu tô te implorando. -segurou meu rosto fazendo eu olhá-la- Eu quero fugir com ele, seja como for, eu quero criar meu filho com ele. Eu quero que meu filho seja abençoado com uma família que o ama!

Foi nesse momento que eu lembrei do sonho que eu tive hoje.

WL: Ele é abençoado demais, irmão!

Isso só pode ser brincadeira, né WL? Tu também tá compactuando com essa porra? Se esse sonho não foi um sinal eu não sei o que foi!

- Vc tem certeza disso? -ela assentiu com firmeza- Essa é a maior decepção da minha vida!

Tirei a mão dela do meu rosto e vi o seu olhar se entristecer, liguei o carro e saí de lá dando partida indo direto pra casa. Eu tô com uma dor de cabeça que é de rasgar o cérebro mas minha vontade é quebrar tudo que a parecer na minha frente, principalmente se for uma pessoa.

Chegamos em casa do mesmo jeito que viemos, em silêncio, saí do carro ajeitando o fuzil nas costas e a Heloísa me parou.

Helô: Não conta nada pra minha mãe, por favor.
- Vou poupar quem quer que for dessa decepção, pode deixar!

Entramos em casa vendo a Bia no sofá brincando com o Arthur e a Mirella enquanto a Letícia estava no outro sofá mexendo no celular.

Bia: Demoraram, hein. -nos olhou- Como foi o passeio?

Ri sem humor e a Heloísa me olhou.

- Nada de novo, só conversamos!
Bia: Que bom que estamos evoluindo. -sorriu-

Porra, ela se soubesse do ódio que eu tô do dia de hoje não estaria sorrindo desse jeito pra mim.

Helô narrando

Eu senti meu peito se rasgar quando ouvi ele dizendo que eu era a decepção da vida dele, já ouvi isso algumas vezes mas dessa vez foi carregado de mágoa e raiva, dava pra sentir.

Meu pai logo voltou pra boca e eu sentei no sofá com a Mirella jogada no meu colo mas minha cabeça tava um turbilhão. Eu não sei mesmo se o que eu tô fazendo é certo, muito menos se isso vai me fazer feliz, mas eu preciso de paz e isso eu só vou ter assim que tudo der certo.

Os meninos chegaram em casa um tempinho depois fazendo maior arruaça.

Paulinho: Eai barriguda, tá na paz? -beijou o topo da minha cabeça-
- Tem como ficar em paz com vcs gritando desse jeito? -ri fraco-
Paulinho: O cria aqui vai gostar. -colocou a mão na minha barriga- Vou levar ele pra dar vários rolê na pista, pegar umas gostosas... -rimos-
Junin: Dá licença que essa função é do padrinho, jae? -afastou ele e sentou do meu lado-
Paulinho: Ele que vai ser o padrinho? -me olhou incrédulo-
Junin: Atura ou surta, neném. -fez voz de gay e nós rimos-
Leti: As novas versões de WL e Vt aí... -ela e minha mãe riram-
Paulinho: Maior mancada isso aí, hein! -sentou no chão perto da tia Letícia-
- É, mas quando é pra me trazer pão doce quem trás é ele, né? -falei irônica e ele revirou os olhos rindo-

Por aquele pequeno tempinho eu consegui me divertir um pouco com eles e distrair a minha mente, mas logo senti um mal estar e subi pro quarto, deitei na cama e fiquei tentando imaginar como seria a minha vida sem todos eles perto de mim... Mesmo com toda a merda que algum deles falaram pra mim eu não consigo odiá-los ou enxergar minha vida longe deles.

*um mês depois*

Esse mês passou tão rápido que não deu nem pra sentir... Thiago voltou pro Alemão faz tempo desde então nós não nos falamos mais, às vezes penso até que tudo não se passou de um grande delírio da minha cabeça e tudo vai continuar do jeito que está.

Meu pai só fala comigo o básico, às vezes pergunta se eu tô bem e tal mas nada além disso e minha mãe já começou a notar que tem algo estranho. E, sinceramente, tá sendo difícil demais esconder dela que eu vou embora.

Vejo ela planejar enxoval, me mostou alguns berços, já separou até umas roupinhas que não dão mais no Arthur pro meu filho usar... Imagino o quanto vai doer nela saber que vou fugir pra sempre com o Thiago, que nunca mais ela vai me ver ou ver o neto.


Acham que toda esse plano vai dar certo? E que a Helô só vai ser feliz dessa maneira?

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